Sabia? Nome de Christian Fittipaldi é homenagem a piloto morto em Le Mans
Wilsinho Fittipaldi reconta história de como batizou o filho e fala sobre coincidência de vê-lo correr em Le Mans anos depois.
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Christian Heins. Talvez você nunca tenha ouvido falar neste nome. Filho de mãe italiana e pai alemão, ele foi um dos primeiros pilotos de renome do automobilismo brasileiro antes da era dourada que revelou os três campeões do mundo de Fórmula 1 e tantos outros nomes importantes que chegaram ao sucesso internacional.
Nascido em 1935 em São Paulo, Heins começou a correr aos 19 anos de idade. Ele ganhou dois apelidos, um por ser um dos pilotos mais rápidos da época - “Cometa” - e outro por ser jovem e filho de uma italiana - “Bambino”, que depois viraria “Bino”. No final dos anos 50 e no início dos 60 ele trabalhou na Porsche em Stuttgart, correndo diversas provas na Europa e, vez por outra, voltando a seu país natal também para competir.
Foi quando deu o primeiro passo para a profissionalização do automobilismo no Brasil. Em 1961, ele foi o responsável por gerir a primeira equipe de fábrica no país, a Willys. Lá revelou grandes pilotos, como Bird Clemente, José Carlos Pace e os irmãos Fittipaldi. Ao Motorsport.com, Wilson Fittipaldi lembrou bem da ajuda do amigo.
“Estava começando, com 18 para 19 anos, e conheci o Christian Heins em Interlagos. Na época tinha corrido as 12 horas de Brasília com um DKW, e venci a corrida na minha categoria. O Heins tinha ganho de Berlineta na categoria geral, e, em seguida, me fez uma proposta para ser piloto oficial da equipe Willys. Logicamente minha resposta foi sim. Era a equipe mais bem organizada e com mais recursos da época.”
No entanto, a parceria durou menos de um ano. Em 1963, Heins foi convidado para fazer as 24 Horas de Le Mans. Ele foi e liderava sua categoria (700 a 1000cc) na quinta hora da corrida, quando o motor Aston Martin do neozelandês Bruce McLaren estourou e deixou uma quantidade próxima a 20 litros de óleo na pista. Heins não conseguiu evitar o acidente, perdendo o controle do carro e batendo em um poste de iluminação após capotar. Ele morrera na hora graças à violência do impacto e pelas as chamas que tomaram conta de seu carro.
Wilsinho lembra dos dias que antecederam a tragédia: “Ele me avisou que estava indo dali uma semana para Le Mans para participar das 24 horas pela equipe Alpine. Foi interessante: ele me deu a notícia, mas não o senti alegre. A expressão do rosto dele e a forma com que ele usou as palavras não diziam que ele estava muito contente. Coincidência ou não, ele foi para Le Mans, teve o acidente e faleceu.”
Oito anos depois, quando sua mulher Suzi esperava um filho, Wilson teve a ideia de fazer uma homenagem. “Conversei na época com minha esposa e falei: 'Olha tenho uma ideia de um nome. Vamos botar Christian porque estou me lembrando do Christian Heins'. Ela concordou na hora, não só pelo Heins, mas porque também achávamos o nome bonito.”
Curiosamente, Wilson viu, de 2006 a 2008, seu Christian participar da mesma corrida que tirou a vida de Heins em 1963. No entanto, segundo ele, nada além de coincidência.
“Fiquei preocupado, mas a vida é cheia desses imprevistos. Mas não imaginava que pudesse acontecer algo assim com meu filho. Ele participou de Le Mans e depois das 24h de Daytona. Venceu em Daytona [2004 e 2014], venceu as 24h de Spa-Francorchamps [1993] e venceu as 12h Sebring também [2015]”, recordou.
“Ele também venceu as Mil Milhas Brasileiras, que foi uma corrida importante porque corri junto com ele de Porsche [1994]. Meu maior sonho era participar de uma corrida junto com o Christian, meu filho. Não só consegui participar com ele como também vencemos a prova.”
Atualmente Christian corre na United SportsCar nos EUA, onde se sagrou campeão ao lado de João Barbosa no ano passado.
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