A MotoGP já reiniciou sua movimentação para a temporada de 2020, com o shakedown em Sepang, antes do início dos testes de pré-temporada no circuito, esta semana. Mas a atenção de todos continua voltada para o mercado. Afinal ,as escolhas da Yamaha na semana passada mexeram com o grid da categoria, com a montadora japonesa tirando Valentino Rossi da equipe oficial a partir de 2021.
A casa de Iwata decidiu se concentrar na "linha verde", confirmando a dupla de Maverick Viñales e o novato em ascensão Fabio Quartararo. O "Doutor" pediu tempo para tomar sua decisão, pelo menos até a etapa de Mugello, e os japoneses preferiram não arriscar perder um dos dois e prometeram ao multicampeão uma moto oficial de fábrica e vaga na equipe Petronas, caso decida por continuar na MotoGP em 2021.
A escolha gerou muita discussão, como era esperado, e levou até a manifestação de Giacomo Agostini, 15 vezes campeão mundial de moto, e que, antes de Rossi, teve experimentou o momento descendente em sua carreira.
Quando perguntado pelo jornal italiano Gazzetta dello Sport se ele acredita que a Yamaha desrespeitou Valentino, "Ago" foi bastante claro. "Acho que não. A Yamaha deve ter uma grande gratidão por Valentino, como Valentino tem pela Yamaha. Não acho que eles não o tenham envolvido neste processo. Pelo que li, Rossi disse que queria esperar e a Yamaha não podia fazê-lo, não poderiam arriscar perder os pilotos", explicou.
Ele admitiu que, no lugar de Lin Jarvis, ele provavelmente teria feito a mesma escolha. Mas, para o ex-piloto, as cores da moto pouco importam, se ela for mesmo de fábrica.
"Sim, eu teria feito o mesmo. E de qualquer maneira, se Rossi for mesmo para a Petronas, o que importa é ter a garantia de que a Yamaha dará todo o suporte técnico necessário. Se Rossi tiver o mesmo material da equipe de fábrica, não vejo problemas. E não consigo imaginar uma Yamaha que não dê a Valentino as últimas atualizações".
Quando perguntado se ele tem uma ideia do que o piloto 9 vezes campeão mundial fará, ele não se desequilibrou, contando sua experiência pessoal para deixar claro que isso é algo subjetivo demais para se fazer um julgamento.
"Não quero julgar, ensinar ou falar pelos outros. E Valentino, fez tanto em sua carreira, que ganhou o direito de decidir pelo que quiser. Sei que, quando comecei a ganhar menos, passei a pensar que talvez minha vida estava acabando".
"Sentia-me mal, humilhado, ao ler nos jornais que 'Agostini estava acabado' apenas porque terminei em segundo. É uma coisa pessoal. Não gostava disso, mas se isso não incomoda os outros, por que parar?", concluiu.
GALERIA: Relembre as dez melhores corridas de Valentino Rossi na MotoGP
Com 1,81cm, Valentino Rossi não tinha um físico que lhe desse vantagem na categoria menor do mundial. Longe disso. Porém, contrariando os prognósticos, em uma época em que pilotos faziam carreira nas 125cc, o 46 em seu segundo ano simplesmente dominou o mundial, conquistando 11 vitórias em 15 provas. A mais sensacional delas ocorreu na Holanda (onde venceu mais nove vezes até hoje). Ele parecia caminhar para o triunfo fácil, até que seu freio superaqueceu devido à alta temperatura do ar e pelo fato de Rossi ter optado correr com uma calota no disco. A cinco voltas do fim, Valentino reajustou seu manete de freio no meio da reta dos boxes para resfriar o disco e caiu para oitavo lugar. Na última volta ele foi de quarto para primeiro e venceu a corrida depois de recuperar a temperatura ideal do disco.
Rossi nunca foi um piloto de dominar corridas. O italiano nunca foi um exímio classificador e nunca teve a largada como um de seus pontos fortes. Porém, em Jerez de la Frontera em 2016 o 46 brilhou de maneira especial. Ele arrancou de Jorge Lorenzo a pole position no sábado, largou bem e liderou todas as voltas da prova antes de confirmar a vitória. Lorenzo bem que tentou passar Rossi na segunda volta, mas tomou um ‘X’ instantâneo do Doutor, que naquele dia garantiu seu primeiro e único Grand Slam no mundial aos 37 anos de idade e depois da traumática perda do título no fim de 2015.
Uma semana depois do título italiano na Copa do Mundo de 2006, Rossi saia de um distante décimo lugar no grid. Depois de duas voltas ele já era sexto, e na décima assumiu o quarto posto para entrar em uma batalha de foice nas últimas 20 voltas com Marco Melandri, Nicky Hayden e Dani Pedrosa. A prova foi tão próxima que os quatro chegaram separados por apenas 0s307. Na celebração, Rossi utilizou a camisa da Azzurra de seu grande amigo Marco Materazzi, grande protagonista da partida na semana anterior em Berlim.
Depois de dar à Yamaha o título um ano antes, Rossi mostrou a garra com a qual defenderia o mundial logo na primeira etapa de 2005. O rival da vez era Sete Gibernau, com quem Rossi havia brigado no fim de 2004 por desavenças no GP do Catar. Gibernau tinha um grande ritmo de prova em Jerez, mas Rossi o acompanhou. Eles já tinham 20s para o resto quando começaram lutar de fato pela vitória. O 46 passou o espanhol a três voltas do fim e tentou escapar, mas errou na última volta. Gibernau deu o troco, entretanto Rossi foi com tudo para cima dele. Vale tomou um X do espanhol a três curvas do fim e na última apostou tudo: freou mais tarde aproveitando uma brecha e acabou se tocando com Sete, que saiu da pista. Rossi venceu a batalha, que naquela oportunidade afundou o psicológico do rival, já que Gibernau jamais conseguiu outra vitória na carreira. Ah, sim: a segunda Yamaha na classificação final da prova foi o companheiro de Rossi, Colin Edwards, a 37s de Valentino e em nono lugar.
Sofrendo com o mau rendimento dos pneus Michelin na classificação chuvosa, Rossi conseguiu apenas o 11º lugar no grid. Mas o que se viu na prova foi uma das melhores apresentações do italiano, que naquele ano foi seguidamente atrapalhado pelas limitações de seu equipamento. Um a um ele venceu seus adversários e no fim conseguiu abrir uma boa vantagem do segundo, Casey Stoner, para vencer a corrida com certa tranquilidade. A destacar também a pintura comemorativa e retrô de relançamento do Fiat 500 com a qual o Doutor correu nesta prova.
Depois de uma saída tumultuada e surpreendente da Honda no fim de 2003, Rossi correu com uma missão em 2004: mostrar para sua antiga fabricante que quem fazia a diferença era ele, e não a moto. O 46 cravou a pole position logo na primeira etapa na África do Sul frente aos principais pilotos da Honda, Max Biaggi e Sete Gibernau. Na corrida, o espanhol ficou para trás e deixou a disputa pela vitória entre os rivais italianos. Os pilotos duelaram ferozmente pelo triunfo na pista de Welkom, e Rossi se deu melhor. Ele passou por Max a duas voltas do fim e encerrou um jejum de 18 GPs da Yamaha sem vencer logo em sua estreia.
Em casa e usando uma decoração especial do Barça no capacete, Jorge Lorenzo tinha nas mãos a possibilidade e ganhar uma batalha importante frente a Rossi pelo título em 2009. Ele foi o pole por apenas 0s003 à frente ao italiano, e na corrida o duelo foi doméstico entre os dois. As três últimas voltas foram de arrepiar, com ambos trocando de posição por diversas vezes. No final quem parecia na pior era o Doutor, que tentou passar Lorenzo por duas vezes no último giro e se viu em segundo no sinuoso último trecho da pista. No entanto, ele não se deu por vencido, arriscou passar Jorge na última curva – nem de longe tida como ponto de ultrapassagem – e roubou o doce da boa do 99 no último momento possível. Dizer o quê? Simplesmente mágico.
Tida como ponto inicial da animosidade entre Rossi e Márquez, a prova de Termas de Rio Hondo em 2015 mostrou o instinto assassino do 46. Saindo de oitavo no grid, ele escolheu o pneu extra duro para a corrida, enquanto que Márquez – pole position – optou pelo pneu duro para abrir no início do GP. Mas a tática de Rossi de escolher o composto com o qual conseguiria fazer a corrida em menos tempo começou a dar certo a partir da metade. Ele cortou uma vantagem que chegou a ser de 7s para o espanhol, que foi ultrapassado por ele a duas voltas do fim. Marc não aceitou a derrota iminente e acabou caindo enquanto tentava revidar o ataque no 46, forçando um ‘X’ impossível na saída da curva 5. Rossi seguiu e faturou um brilhante triunfo.
Nos primeiros anos de sua carreira, Rossi sobrava na turma. Duvida? Em Phillip Island em 2003 ele liderava a corrida após um início de prova agitado, no qual por um descuido ultrapassou Marco Melandri em uma zona de bandeira amarela. Na Inglaterra, no mesmo ano, Rossi havia perdido uma vitória por ter cometido a mesma infração, após ter 10s acrescidos a seu tempo de prova depois do GP. Na Austrália, a punição de 10s chegou ainda durante a corrida. Com isso, o Doutor - informado por seu time - usou tudo o que tinha para abrir vantagem para a concorrência. Ele quebrou o recorde da pista por diversas vezes e conseguiu abrir 15s2 para Loris Capirossi (segundo colocado) em 15 voltas, ficando assim com a vitória - a mais bela de um ano em que foi ao pódio em todas as corridas.
Casey Stoner deve ter acordado no dia desta corrida em Laguna Seca com certeza de que venceria. Afinal, ele havia liderado todos os treinos com margens superiores a 0s5. O australiano havia vencido as três corridas anteriores, e Rossi sabia que se o derrotasse em Laguna Seca conseguiria uma grande vantagem psicológica. O italiano correu como nunca, tentando desde a primeira volta conter o avanço de Stoner, revidando todas as tentativas de ultrapassagem do australiano da Ducati para segurá-lo atrás. Em uma dessas manobras, ele passou pela areia no Saca-rolha, em um momento que ficou eternizado na história do motociclismo. No fim, Stoner cometeu um erro e caiu, mas ainda ficou em segundo já que os dois haviam aberto 25s para o resto. Rossi ganhou e Stoner sentiu o impacto da derrota, caindo nas duas corridas seguintes enquanto era pressionado pela liderança pelo incansável 46, que pavimentou sua estrada para o oitavo título na Califórnia naquela tarde.