Análise

ANÁLISE: Explicando o pacote de auxílio de 50 milhões de reais da Dorna para a MotoGP

Devido à paralisação, a Dorna Sports anunciou um pacote financeiro para auxiliar o paddock

Franco Morbidelli, Petronas Yamaha SRT

Foto de: Gold and Goose / Motorsport Images

Na semana passada, a Dorna Sports, organizadora da MotoGP, anunciou que iria oferecer assistência financeira para as equipes independentes da MotoGP - LCR, Pramac, Avintia, Petronas SRT, Tech3 e Gresini Aprilia - além das equipes da Moto2 e da Moto3. O custo total do pacote, que servirá por três meses, é de pouco mais de 50 milhões de reais.

Abaixo, fazemos uma explicação do pacote categoria a categoria, mas antes, uma explicação sobre onde estamos no momento com o calendário.

Leia também:

Quando a temporada da MotoGP vai começar?

A MotoGP conseguiu fazer as provas da Moto2 e da Moto3 no Catar mês passado, graças a ambos os campeonatos já estarem no país para os testes de pré-temporada uma semana antes da prova.

Mas a corrida da categoria rainha foi cancelada, e seguiu-se com os adiamentos de Tailândia, América, Argentina, Espanha e França. Há ainda a expectativa de que os GPs da Itália, no final de maio, e da Catalunha, no início de junho, também sejam transferidos.

Desde o adiamento do GP da Espanha, a Dorna não divulgou novos calendários e atualmente está divulgando todas as opções, com o CEO Carmelo Ezpeleta falando que ficaria feliz com uma temporada de 10 provas.

No momento, não há como prever quando a MotoGP voltará a correr e como que o calendário ficará

O apoio financeiro para a MotoGP

As equipes precisam correr para gerar renda, seja via os direitos comerciais ou, mais crucial, dos patrocinadores.

Sem corridas acontecendo, nenhuma renda está sendo gerada, e as equipes ainda precisam pagar seus funcionários. Atualmente, 11 equipes competem na MotoGP. Elas são divididas entre dois grupos, sendo cinco equipes de fábrica, pertencentes a montadoras: Yamaha, Ducati, Honda, Suzuki e KTM.

As outras seis são chamadas de equipes "independentes": Petronas SRT Yamaha, Pramac Ducati, Avintia Ducati, LCR Honda, Tech3 KTM e Gresini Aprilia. A última tem uma situação diferente, já que a Aprilia é uma equipe de fábrica, mas corre em conjunto com a equipe de Fausto Gresini desde 2015, em um modo inteligente de se beneficiar dos ganhos financeiros das equipes satélites como está no regulamento.

Como resultado, a Aprilia se qualifica para o apoio financeiro da Dorna, assim como a KTM porque, como a Aprilia, é classificado como montadora concessional, uma nova montadora ou montadora que não venceu uma corrida da MotoGP desde 2013.

Pelo menos nos próximos três meses, a Dorna vai injetar 1,5 milhão para cada equipe independente e a KTM, totalizando 26 milhões de reais até junho.

Honda, Yamaha, Ducati e Suzuki são excluídas dessa medida por enquanto porque foram julgadas como capaz de se sustentar - apesar da Dorna estar em contato com todas e pronta para qualquer mudança na situação.

Segundo a Dorna, o primeiro pagamento já foi feito semana passada.

Start action, Enea Bastianini, Italtrans Racing Team leads

Start action, Enea Bastianini, Italtrans Racing Team leads

Photo by: Akhil Puthiyedath

O apoio financeiro da Moto2 e Moto3

A Dorna tem muito orgulho de suas categorias satélites, possivelmente mais que qualquer outro campeonato do esporte a motor.

Em 2020, 16 equipes competem na Moto3, e outras 15 na Moto2. Suas situações financeiras são muito mais precárias que as da MotoGP, com a maioria das finanças dessas equipes vindas dos patrocínios. A Dorna prometeu um total de 4,5 milhões de reais para as equipes da Moto3 e 4,3 milhões para a Moto2, o que é dividido em cerca de 150 mil reais por piloto de equipe.

Ao longo dos próximos três meses, a Dorna vai injetar um total de 26,5 milhões na Moto2 e na Moto3 para manter as equipes estáveis durante essa situação sem precedentes.

O que vai acontecer após os três meses?

Em um mundo ideal, a pandemia do coronavírus já vai estar bem enfraquecida e o mundo vai poder começar a retornar ao normal, com as corridas retornando em algum momento de julho.

Caso isso aconteça, o dinheiro que a Dorna distribuiu às equipes será considerado um adiantamento no pagamento feito no final da temporada. Porém, no cenário mais provável de que a pausa seja maior, a Dorna - trabalhando em conjunto com sua empresa-mãe, Bridgepoint Investment, além do Fundo de Pensão Pública do Canadá - vai oferecer um total de 17,5 milhões de reais para as equipes.

Com a Dorna também não gerando a renda esperada pela falta de corrida, é natural que sua ajuda financeira cessará para garantir a própria sobrevivência.

Confira como o coronavírus tem afetado o calendário do esporte a motor pelo mundo

Uma das primeiras aparições do coronavírus no esporte a motor veio com o adiamento da etapa de Sanya, da Fórmula E.
A Fórmula 1 adiou o GP da China pelo mesmo motivo.
Com o crescente aumento de casos do Covid-19, o GP do Bahrein chegou a ser confirmado, mas sem presença de público.
A MotoGP, a maior categoria das duas rodas do mundo, chegou a realizar a primeira etapa no Catar, mas apenas com a Moto2 e Moto3.
Mais tarde, as etapas da Tailândia, Estados Unidos, Argentina, Espanha e França também foram suspensas, com adiamento. No momento, o GP da Itália é o primeiro da temporada.
A Fórmula E anunciou a suspensão da temporada por dois meses: os ePrix de Paris e Seul foram suspensos.
O GP da Austrália de F1 estava previsto para acontecer, com presença de público e tudo.
Um funcionário da McLaren testou positivo para o Covid-19 e a equipe decidiu não participar do evento.
Lewis Hamilton criticou a decisão da categoria, dizendo que era chocante todos estarem ali para fazer uma corrida em meio à crise do coronavírus.
Após braço de ferro político entre equipes e categoria, a decisão de cancelar o GP da Austrália veio faltando cerca de três horas para a entrada do primeiro carro na pista para o primeiro treino livre.
Pouco tempo depois, os GPs do Bahrein e Vietnã também foram adiados.
Os GPs da Holanda e Espanha também foram postergados.
Uma das jóias da Tríplice Coroa, o GP de Mônaco, foi cancelado. Poucos dias depois, o GP do Azerbaijão também foi adiado. No momento, o GP do Canadá está marcado para ser o primeiro da temporada, no meio de junho
Para atenuar os efeitos de tantas mudanças no calendário, a F1 decidiu antecipar as férias de verão.
Além disso, FIA e F1 concordaram em introduzir o novo pacote de regulamentos que entrariam no próximo ano, a partir de 2022. Mas, segundo Christian Horner, há um movimento para adiar em mais um ano, para 2023, em preparação ao impacto que o Covid-19 terá na economia mundial
Acompanhando a F1, a F2 e F3 também anunciaram suas primeiras provas como adiadas.
Outras categorias e provas nobres do calendário do automobilismo mundial também foram prejudicadas pelo coronavírus.
As 24 Horas de Le Mans foi adiada para 19 de setembro.
A etapa conjunta entre WEC e IMSA em Sebring foi cancelada.
O tradicional TT da Ilha de Man foi cancelado.
A Indy suspendeu as primeiras corridas em St Pete, Alabama, Long Beach e Austin.
Na teoria, o campeonato de 2020 começa com o GP de Indianápolis, no circuito misto do Indianapolis Motor Speedway.
Ainda não há nada definido sobre as 500 Milhas de Indianápolis.
Na NASCAR, a maior categoria do automobilismo dos EUA, foram realizadas as primeiras quatro provas, mas as atividades só voltarão a partir de 3 de maio, com a etapa de Martinsville no dia 9.
No Brasil, a CBA suspendeu as atividades no país por tempo indeterminado.
A Stock teve que adiar a abertura do campeonato, com a Corrida de Duplas. Etapas do Velopark e Londrina também foram adiadas.
A Porsche Cup realizou apenas sua primeira etapa em Interlagos e aguarda novas diretrizes para retomar o campeonato.
Endurance Brasil, Copa Truck, entre outras competições, também estão paralisadas.
28

VÍDEO: Por que a Aston Martin voltará para a Fórmula 1 em 2021

PODCAST: Quem são os maiores comunicadores do automobilismo na TV brasileira?

 

 

 

Faça parte da comunidade Motorsport

Join the conversation
Artigo anterior Gibernau: Batida com Rossi em Jerez em 2005 abriu precedente ruim na MotoGP
Próximo artigo Ducati duvida que temporada da MotoGP em 10 locais diferentes seja possível

Principais comentários

Ainda não há comentários. Seja o primeiro a comentar.

Cadastre-se gratuitamente

  • Tenha acesso rápido aos seus artigos favoritos

  • Gerencie alertas sobre as últimas notícias e pilotos favoritos

  • Faça sua voz ser ouvida com comentários em nossos artigos.

Motorsport prime

Descubra conteúdo premium
Assinar

Edição

Brasil