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Com Márquez em busca do hepta e Rossi próximo de dizer que fica, MotoGP inicia temporada 2020 na Espanha

Temporada começa mais de quatro meses depois do prazo original devido à pandemia e tem espanhol e italiano novamente no centro das atenções

Marc Marquez, Repsol Honda Team, Valentino Rossi, Yamaha Factory Racing crash

Inicialmente programada para iniciar em 08 de março, a MotoGP finalmente dará o pontapé inicial de sua temporada 2020, após uma paralisação de mais de quatro meses devido à pandemia da Covid-19. Tudo começa neste domingo com o GP da Espanha, a primeira de duas provas no circuito de Jerez de la Frontera.

Há muito em jogo nesta temporada reduzida, e que ainda está com o calendário em aberto devido à pandemia. Por isso, o Motorsport.com montou um guia especial explicando as principais questões sobre a volta da MotoGP, o que esperar da temporada, quem são os favoritos e a principal pergunta que ronda a categoria no momento: qual será o futuro de Valentino Rossi?

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Marc Marquez, Repsol Honda Team

Marc Marquez, Repsol Honda Team

Photo by: Gold and Goose / Motorsport Images

O ano do hepta de Márquez?

Marc Márquez é, sem dúvidas, o homem a ser batido em 2020. O espanhol da Honda venceu seis títulos em sete temporadas disputadas na categoria rainha, e tem dominado a MotoGP nos últimos anos, tendo feito uma temporada quase perfeita em 2019, quando venceu 12 das 19 etapas, terminou outras seis em segundo, abandonando apenas no GP das Américas.

O espanhol se beneficiou bastante da paralisação da temporada, por dois motivos. Na pré-temporada, feita na Malásia e no Catar, era visível que Márquez ainda não estava totalmente recuperado da cirurgia feita no ombro no final do ano passado. Com isso, ele teve um tempo maior para entrar novamente em forma.

Além disso, a Honda não apresentou a melhor das performances durante a pré-temporada e, com a paralisação, teve tempo extra para resolver os problemas que a RC213V apresentou durante os testes.

Para o espanhol, há muito em jogo nessa disputa pelo seu heptacampeonato. Caso ele conquiste mais um mundial, ele empata com outras três lendas da motovelocidade com nove títulos entre as diferentes classes do mundial: Valentino Rossi, Mike Hailwood e Carlo Ubbiali. Com isso, ele ficaria com o terceiro lugar na lista de maiores campeões de todos os tempos, atrás apenas dos 15 títulos de Giacomo Agostini e os 13 de Ángel Nieto.

E quem pode parar o espanhol? Quatro nomes se destacam nessa disputa: o vice-campeão de 2019, Andrea Dovizioso da Ducati, Maverick Viñales, da Yamaha, Álex Rins, da Suzuki, e Fabio Quartararo, da Petronas SRT. Mas bater de frente com um dos maiores da história do mundial não será nada fácil.

O francês, que foi a grande sensação da temporada 2019, quando fez sua estreia na MotoGP, não chegou a vencer corridas, mas ficou bem próximo, vendo duas vitórias escaparem de suas mãos nos metros finais por causa de Márquez. Mas agora Quartararo, que já tem vaga garantida na equipe oficial da Yamaha em 2021, corre com uma moto de fábrica, e mostrou um ritmo surpreendente na pré-temporada, despontando como o principal rival do campeão.

A melhora da Yamaha também pode beneficiar Viñales, que já está garantido por mais dois anos na equipe oficial. Já Dovizioso espera manter e melhorar sua performance de 2019, quando venceu duas provas e terminou outras sete no pódio.

No grid de 2020, três novidades, entre elas, a formação da dupla Márquez na Honda. O anúncio tardio da aposentadoria de Jorge Lorenzo levou a montadora japonesa a trazer Álex Márquez, atual campeão da Moto2, direto para a equipe oficial, para formar dupla com Marc.

Além de Álex, outro novato que vai estrar direto em uma equipe oficial é o sul-africano Brad Binder, que vai correr ao lado de Pol Espargaró na KTM. Ainda na montadora austríaca, mas na Tech3, o espanhol Iker Lecuona vai fazer sua estreia na categoria rainha.

Já na Aprilia, uma situação inusitada para a temporada. Com a suspensão de Andrea Iannone ainda sob revisão pelo Tribunal Arbitral do Esporte, o italiano será substituído por Bradley Smith enquanto o pedido do piloto é julgado. A última temporada completa que Smith disputou na categoria foi em 2018, pela KTM. No ano passado, ele participou de quatro corridas com a Aprilia e competiu em tempo integral na MotoE, onde foi vice-campeão.

Andrea Dovizioso, Ducati Team

Andrea Dovizioso, Ducati Team

Photo by: Gold and Goose / Motorsport Images

Um calendário em aberto

A pandemia forçou a MotoGP a mexer significativamente em seu calendário de 2020. Após diversos cancelamentos e adiamentos, a categoria divulgou uma versão inicial de seu novo cronograma, com 13 etapas em oito circuitos, sendo sete dessas provas em território espanhol.

No total, nove provas que constavam no calendário original da temporada 2020 foram canceladas: Catar, Itália, Alemanha, Holanda, Finlândia, Grã-Bretanha, Japão, Austrália e Américas.

Com isso, a MotoGP fica sem algumas de suas provas mais tradicionais na temporada 2020, como a etapa de Assen, na Holanda, que ficou de fora pela primeira vez desde a criação do mundial e a Grã-Bretanha, que não receberá uma etapa pela primeira vez desde os anos 1970.

Carmelo Ezpeleta, CEO da Dorna Sports, dona da MotoGP, afirmou que o calendário terá, no máximo, 16 etapas, sendo que essas vagas extras estão reservadas para três provas que ainda estão no limbo: Argentina, Malásia e Tailândia. Segundo Ezpeleta, dia 31 de julho é a data limite para a MotoGP bater o martelo e definir se a categoria visitará esses países ou se fica apenas no continente europeu nesse ano.

Veja como ficou o calendário revisado da MotoGP para 2020:

Data Grande Prêmio Local
08 de março Qatar Catar - Apenas Moto2 e Moto3 Losail
19 de julho Spain Espanha Jerez
26 de julho Spain Andaluzia  Jerez
09 de agosto Czech Republic República Tcheca Brno
16 de agosto Austria Áustria Red Bull Ring
23 de agosto Austria Estíria Red Bull Ring
13 de setembro San Marino San Marino Misano
20 de setembro San Marino Emilia-Romagna Misano
27 de setembro Spain Catalunha Barcelona
11 de outubro France França Le Mans
18 de outubro Spain Aragão Motorland Aragon
25 de outubro Spain Teruel Motorland Aragon
08 de novembro Spain Europa Ricardo Tormo
15 de novembro Spain Valência  Ricardo Tormo

Protocolos de segurança similares ao da F1

Assim como a F1, a MotoGP precisou montar um rígido esquema de segurança para viabilizar o retorno da categoria e a formulação de um calendário. Algumas das características são similares ao mundial de quatro rodas, como os portões fechados, a redução do número de presentes e mais.

Segundo Carmelo Ezpeleta, o protocolo de controle será diário, envolvendo testes em todos os envolvidos, além de medição de temperatura. E as pessoas presentes também deverão seguir restrições de circulação, dentro e fora do paddock. De acordo com Ezpeleta, se alguém quebrar o isolamento, sera sumariamente expulso do cerco.

Ele explicou também que esse será o padrão em um primeiro momento, mas, no mês passado, falou que, caso a situação melhorasse, o protocolo pode ser revisado e flexibilizado.

"Obviamente que isso é com base na situação que temos agora, se antes de julho a situação em algum dos países se tornar mais flexível, modificaremos. A princípio, queremos isolar o paddock, e não haverá aproximação com as pessoas que trabalham no circuito".

Pol Espargaro, Red Bull KTM Factory Racing

Pol Espargaro, Red Bull KTM Factory Racing

Photo by: Gold and Goose / Motorsport Images

Movimentação do mercado antes mesmo do início da temporada

Mesmo com a temporada paralisada, os bastidores da MotoGP continuaram a pleno vapor nos últimos meses. Com isso, a categoria viu uma grande dança das cadeiras, que começou ainda em janeiro, com o anúncio da Yamaha de que os pilotos da equipe oficial seriam Viñales e Quartararo, deixando Rossi apenas com a opção de correr na Petronas se quisesse continuar na categoria.

Depois da Yamaha, foi a vez da Honda fechar as portas das outras montadoras para Marc Márquez, assinando com o campeão por mais quatro temporadas, um contrato bastante incomum para os padrões da MotoGP.

A outra vaga na equipe oficial da Honda foi responsável por uma grande movimentação no mercado. Mesmo sem correr nenhuma etapa, Álex Márquez perdeu a vaga de 2021 para Pol Espargaró, vindo da KTM. O irmão Márquez mais novo vai para a LCR em 2021, "roubando" o lugar de Cal Crutchlow.

Para a vaga de Espargaró, o português Miguel Oliveira recebeu a promoção, enquanto Danilo Petrucci, que perdeu o espaço na equipe oficial da Ducati para Jack Miller, vai para a montadora austríaca na próxima temporada, mas para correr na Tech3.

Para o grid de 2021, restam poucas vagas livres e duas são as mais visadas. Na Ducati, enquanto Jack Miller já está garantido, a negociação para manter Andrea Dovizoso atingiu um grande impasse devido a questões financeiras. Já na Aprilia, que tem Aleix Espargaró em uma das motos, a situação de Iannone torna impossível para a montadora fechar a dupla para o próximo ano.

Valentino Rossi, Yamaha Factory Racing

Valentino Rossi, Yamaha Factory Racing

Photo by: Yamaha MotoGP

E Valentino Rossi?

A grande dúvida do início do ano era se o italiano, multicampeão do mundial seguiria na MotoGP a partir de 2021. Após a Yamaha anunciar que havia contratado Fabio Quartararo para sua vaga na equipe oficial, o "Doutor" precisava se decidir se continuaria correndo, mas na Petronas SRT, equipe satélite da montadora, ou se partiria para a aposentadoria.

O objetivo de Rossi antes da pandemia era tirar as sete primeiras etapas de 2020 para tomar a decisão, se baseando principalmente se ainda está competitivo o suficiente. Ao longo dos meses, o italiano admitiu que possivelmente teria que tomar sua decisão rápido, talvez antes mesmo do início da temporada.

Depois de muito vai e vem, a permanência de Rossi parece certa. Segundo informações recentes, o piloto está próximo de assinar um contrato de um ano com a Petronas, com a opção de renovar por mais um se quiser. Confirmando isso, Rossi correrá ao lado de Franco Morbidelli, seu amigo e pupilo, membro da Academia de Pilotos de Valentino.

Tetsuta Nagashima, Red Bull KTM Ajo

Tetsuta Nagashima, Red Bull KTM Ajo

Photo by: Gold and Goose / Motorsport Images

Moto2 e Moto3 já começaram em março

Enquanto a MotoGP vai dar seu pontapé inicial neste final de semana em Jerez, a Moto2 e Moto3, principais categorias de acesso, vão retomar suas temporadas após a etapa inaugural no Catar.

A MotoGP não conseguiu fazer o GP programado para 08 de março no Catar devido ao endurecimento das normas de entrada no país. Porém, a Moto2 e a Moto3 já estavam na região para suas pré-temporadas e, por isso, a Dorna determinou que as etapas das categorias fossem adiante.

Na Moto2, o japonês Tetsuta Nagashima liderou uma prova dominada pelas motos Kalex, que fecharam o Top 5 da corrida com Lorenzo Baldassari, Enea Bastianini, Joe Roberts e Remy Gardner. A montadora alemã domina a classe, estando presente em 22 das 30 motos. As outras oito são divididas entre MV Agusta, NTS e Speed Up.

Do Top 3 da temporada passada, dois deles conseguiram a promoção para a MotoGP: Álex Márquez, que foi para a Honda, e Brad Binder, na KTM. Já Thomas Lüthi segue por mais um ano na Moto2.

Já na Moto3, o espanhol Albert Arenas venceu o GP do Catar com sua KTM. A montadora austríaca conseguiu colocar duas motos no Top 10 da prova, com o também espanhol Raúl Fernández em 10º. As outras oito posições ficaram com motos Honda. O Top 3 de 2019 foram promovidos para a Moto2: o campeão Lorenzo dalla Porta, o vice Arón Canet e Marcos Ramírez.

Eric Granado, Avintia Racing

Eric Granado, Avintia Racing

Photo by: Gold and Goose / Motorsport Images

MotoE começa segunda temporada com Granado em busca do título

No ano passado, o Mundial apresentou sua nova categoria: a MotoE, de motos elétricas. A categoria teve um início conturbado, após um incêndio durante a pré-temporada destruir todas as motos. Com isso, o calendário precisou ser revisado, começando apenas no meio do ano. 

A temporada, que teve apenas seis etapas em quatro circuitos, contou com o brasileiro Eric Granado no grid. Granado mostrou na pré-temporada que tinha totais condições de lutar pelo título, mas acabou tendo um início de campeonato muito difícil, marcado com quedas.

No último final de semana do campeonato, com uma rodada dupla em Valência, o brasileiro brilhou, fazendo pole, volta mais rápida e vencendo as duas corridas. Mas a grande performance em Valência não foi suficiente para alcançar os líderes e Granado terminou em terceiro lugar, 28 pontos atrás do campeão Matteo Ferrari.

Agora Granado se prepara para o início da temporada 2020, que terá sete provas em três circuitos: duas em Jerez, três em Misano e duas em Le Mans, terminando no começo de outubro. 

Além do brasileiro, o campeão de 2019, Ferrari, está de volta. Um nome ausente desta temporada é o britânico Bradley Smith, que correrá pela Aprilia na MotoGP, substituindo Andrea Iannone até que a situação do italiano seja resolvida.

O brasileiro elogiou a categoria, afirmando que o campeonato é de alto nível, e destacou a importância da regularidade em uma temporada de poucas provas e de pouca duração.

"O nível da categoria é alto, temos grandes pilotos de diversos países, além de equipes muito fortes e estruturadas", disse Granado. É uma honra representar o Brasil neste campeonato”,

"É um ano atípico, sim, mas esse período curto entre as corridas significa que ser constante, pontuar, e escapar de eventuais quedas ou acidentes serão dois fatores de muito peso na disputa do título”.

“Cada ponto conquistado pode fazer a diferença no final do campeonato. Por isso, se já era difícil, em 2020 vamos ter uma disputa mais complicada – e tenho certeza de que será ainda mais emocionante também".

Veja como ficou o calendário 2020 da MotoE:

19 de julho

Spain GP da Espanha

Jerez

26 de julho 

Spain GP de Andaluzia

Jerez

13 de setembro

Italy GP de San Marino

Misano

19 de setembro

Italy GP Emilia Romagna

Misano

20 de setembro

Italy GP Emilia Romagna

Misano

10 de outubro

France GP da França

Le Mans

11 de outubro

France GP da França

Le Mans

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Guilherme Longo
MotoGP
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