F1 - Domínio da Alfa Romeo, animais na pista e Moss barrado: veja sete curiosidades do primeiro GP, que completa 75 anos
GP da Grã-Bretanha de 1950 marcou o início da história da categoria; confira curiosidades da prova

Giuseppe Farina with his winner's garland around his neck
Foto de: LAT Images
Neste 13 de maio, a Fórmula 1, principal campeonato de automobilismo do mundo, está completando 75 anos. Neste dia, em 1950, a categoria realizou sua primeira prova, o GP da Grã-Bretanha, no clássico circuito de Silverstone e o público viu uma 'limpa' de Giuseppe Farina, que fez pole, volta mais rápida e vitória.
Era o início de uma temporada que ficou marcada por uma grande batalha entre Farina e Juan Manuel Fangio, com cada piloto vencendo três provas e o italiano levando a melhor no final das contas, com 30 pontos contra 27 na classificação final.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, as corridas de automóveis retornaram ao cotidiano do continente europeu, com a Inglaterra voltando a organizar o GP da Grã-Bretanha, que não acontecia desde 1927. A prova acabou acontecendo em Silverstone em 1948, já que pistas como Brooklands e Donington Park não estavam em condições, por terem sido usadas durante o combate.
Com o sucesso do GP da Grã-Bretanha e de outros eventos pela Europa, a Comissão Esportiva da FIA anunciou a criação do Campeonato Mundial de 1950, com Silverstone recebendo a distinção de sediar a primeira etapa.
A primeira temporada consistiu de seis GPs europeus tradicionais: Grã-Bretanha, Mônaco, Suíça, Bélgica, França e Itália, com as 500 Milhas de Indianápolis completando o calendário. Outros países pleitearam uma prova, como Argentina, Holanda e Espanha, mas a FIA considerou sete um número suficiente de etapas.
Pela ocasião dos 75 anos do GP da Grã-Bretanha de 1950, que marca também os 75 anos da Fórmula 1, separamos sete curiosidades sobre a prova.
Silverstone "arcaico" e a presença real no GP
Ao saber que receberiam a primeira prova do mundial, a organização do GP, que envolvia o exército britânico, percebeu que era necessário intensificar o trabalho para garantir que tudo daria certo, ainda mais quando descobriram que o Rei George VI e a Rainha Elizabeth haviam aceitado o convite para participar do evento. A guerra havia acabado há cinco anos, mas o antigo aeródromo ainda estava um pouco incompleto.
"Era um pouco arcaico naquele momento", afirmou Murray Walker, um dos maiores comentaristas de F1 da história. "Havia arame farpado e concreto por todo lugar e prédios desativados. Acho que o exército estava buscando circuitos e acabou aceitando Silverstone como estava. Mas eles não viam o lugar como algo permanente".
A época, o exército destinou 22 mil libras para melhorias no local e para o evento - a receita da venda de ingressos da prova de 1949 totalizou 17,7 mil libras, então parecia ser um orçamento realista e a ideia era conseguir um lucro modesto.
Nomes diferentes
Por ter recebido a distinção de sediar a primeira prova da história do mundial de F1, a FIA nomeou a corrida como GP da Europa. Era a primeira vez na história que esse título havia sido repassado para uma prova realizada fora da Itália ou da França.
Mesmo com esse nome, a prova é conhecida até hoje como GP da Grã-Bretanha, já que a organização do evento incorporou o nome original do evento, usando no material de divulgação distribuído junto com o GP da Europa.
Sem Ferrari, domínio da Alfa Romeo
O trabalho feito não foi suficiente para atrair a atenção da Ferrari e a equipe de Maranello começou sua campanha apenas na segunda corrida, em Mônaco, realizada apenas uma semana depois. Essa decisão praticamente garantiu que a Alfa Romeo teria facilidade para vencer.
Após um ano fora das competições, a montadora de Milão estava de volta com tudo e havia conquistado Fangio, que estava se consolidando no mundo dos GPs. Porém, nem todos estavam felizes com sua chegada.
"O fato de eu ter sido contratado pela Alfa Romeo iniciou uma polêmica na imprensa italiana", relembrou Fangio em sua biografia. "Alguns defendiam uma equipe 100% italiana. Eles não gostavam da ideia de ter o principal carro italiano pilotado por um argentino".
Em seu retorno às pistas, a Alfa participou do GP de San Remo com apenas um carro, para Fangio, porque o segundo piloto contratado, Giuseppe Farina, estava se recuperando de um acidente sofrido na França. Isso levou a uma controvérsia, por não ter nenhum italiano correndo pela equipe.
Temendo um golpe negativo em sua imagem, a Alfa chegou a considerar não participar do evento. Mas Fangio, que ainda era relativamente desconhecido, convenceu a equipe a continuar. Ele venceu a prova, marcada pela chuva forte, e ganhou um contrato válido pelo resto do ano, incluindo as seis etapas europeias do novo mundial.
A Alfa foi com tudo para o GP em Silverstone, alinhando quatro de seus famosos modelos 158. Farina e Fangio tinham a companhia do veterano Luigi Fagioli e do convidado Reg Parnell, que substituiu Consalvo Sanesi, após acidente na Mille Miglia.
A Alfa não havia corrido nas edições anteriores da prova em Silverstone, então tinha que recuperar o tempo perdido. Dos três pilotos titulares, apenas Farina conhecia a pista, tendo corrido no local com a Maserati em uma prova realizada no ano anterior.
Porém, não houve surpresas quando a Alfa garantiu os quatro primeiros lugares no grid, com Farina na pole, seguido de Fagioli, Fangio e Parnell. O tailandês 'Príncipe Bira' foi o desafiante mais próximo, colocando sua Maserati em quinto.
Stirling Moss barrado
Stirling Moss tinha esperança de participar do evento principal, mas seu carro HWM com especificações de F2 acabou sendo rejeitado para correr no GP, para a frustração de seu chefe John Heath. Para o piloto, acabou restando a opção de correr nas provas de suporte.
A programação do dia começou com corridas de carros de menor potência, e nada mais apropriado que uma das vitórias acabasse ficando com um membro do exército, tão envolvido com a organização do local e do evento.
O comandante Frank Aikens pode não ser muito conhecido pelo mundo do esporte a motor, mas, na corrida, venceu grandes nomes, incluindo futuros vencedores do GP da Grã-Bretanha como Moss e Peter Collins.
Grid "velho" em comparação com o atual
A média de idade dos pilotos que correram naquele GP em Silverstone em 1950 era de 39 anos, relativamente alta em comparação com o grid de 2019, que teve a média mais baixa da história da F1: 26 anos e três meses.
Três dos 21 pilotos alinhados no grid tinham 50 anos ou mais (Luigi Fagioli, 51, Louis Chiron, 50 e Philippe Etancelin, 53), enquanto outros cinco já estavam na casa dos 40, incluindo o vencedor Giuseppe Farina (43). O piloto mais jovem do grid era o britânico Geoffrey Crossley, que tinha 29 anos. Em comparação, Max Verstappen tinha 12 anos a menos que Crossley em sua estreia na F1.
Perigo animal
As Alfas tinham uma clara vantagem em termos de velocidade. No final, três dos quatro carros da montadora viram a bandeira quadriculada. Farina foi o primeiro, Fagioli o segundo e Parnell o terceiro.
A vitória de Farina foi relativamente confortável, tendo liderado 63 das 70 voltas da prova, cruzando a linha de chegada com 2s6 de vantagem para Fagioli, além de conquistr o ponto extra pela volta mais rápida.
Mas enquanto Farina teve um relativo conforto na corrida, Parnell sofreu com um grande susto no meio da corrida, após um encontro inesperado com uma lebre, animal comum da região. Segundo relatos da época, o choque com o animal causou danos significativos no capô do carro do piloto britânico. Com isso, o britânico terminou a mais de 50s de distância de Farina.
O melhor colocado além das Alfas foi o francês Yves Giraud-Cabantous, a bordo de uma Talbot Lago, em quarto lugar. Mas a diferença foi expressiva, com o piloto terminando duas voltas atrás de Farina. Já Fangio não chegou a completar a prova. O argentino abandonou a corrida a oito voltas do final, com problemas em seu tubo de óleo.
O resultado em Silverstone deu o tom para o resto da temporada: os carros da Alfa de Farina e Fangio dominaram a temporada, vencendo as seis provas europeias. A montadora italiana só não venceu as 500 Milhas de Indianápolis, por não terem participado.
Saída à francesa da família real
Infelizmente, o Rei George VI não estava presente na hora da premiação para entregar os troféus. E isso foi frustrante para o rei, que foi instruído a sair antes da bandeira quadriculada.
Os chefes de polícia de Buckinghamshire e Northamptonshire insistiram nisso, afirmando que não poderiam garantir a segurança na rota de saída da família real se eles deixassem para sair tarde demais.
Mesmo há 75 anos, vencer o tráfego de Silverstone já era uma prioridade...
ZARCO EMOCIONA no GP da França! MARTÍN SAI DA APRILIA RUMO À HONDA? Diogo BRILHA, Granado SE LESIONA
Faça parte do Clube de Membros do Motorsport.com no YouTube
Quer fazer parte de um seleto grupo de amantes de corridas, associado ao maior grupo de comunicação de esporte a motor do mundo? CLIQUE AQUI e confira o Clube de Membros do Motorsport.com no YouTube. Nele, você terá acesso a materiais inéditos e exclusivos, lives especiais, além de preferência de leitura de comentários durante nossos programas. Não perca, assine já!
ZARCO EMOCIONA no GP da França! MARTÍN SAI DA APRILIA RUMO À HONDA? Diogo BRILHA, Granado SE LESIONA
ACOMPANHE NOSSO PODCAST GRATUITAMENTE:
Faça parte do nosso canal no WhatsApp: clique aqui e se junte a nós no aplicativo!
Compartilhe ou salve este artigo
Principais comentários
Inscreva-se e acesse Motorsport.com com seu ad-blocker.
Da Fórmula 1 ao MotoGP relatamos diretamente do paddock porque amamos nosso esporte, assim como você. A fim de continuar entregando nosso jornalismo especializado, nosso site usa publicidade. Ainda assim, queremos dar a você a oportunidade de desfrutar de um site sem anúncios, e continuar usando seu bloqueador de anúncios.