Ferrari tem dispositivo de direção semelhante ao da Mercedes
Mercedes tem sido protagonista de seu DAS na pré-temporada de 2020 da F1, mas a Ferrari também parece ter instalado um sistema semelhante em seu SF1000
O sistema Ackermann parece ter sido projetado pela Mercedes, mas a equipe de Brackley não é a única a usá-lo. De acordo com o que apurou o Motorsport.com, a Ferrari também possui um semelhante em seu SF1000.
O carro italiano não possui o sistema de direção dupla (DAS) introduzido no W11, mas possui uma solução instalada que permite variar a convergência das rodas dianteiras, dependendo do raio da curva. Isso oferece um grande benefício de gerenciamento do carro e a durabilidade dos pneus, que sofrem menos cargas e desgaste.
Mattia Binotto sempre deixou claro que a Ferrari vista nos testes de Barcelona não estava tão rápida, mas melhorou significativamente nos últimos dias, fazendo com que os pneus durassem mais nas simulações de corrida, algo que não vem apenas do aumento de downforce do SF1000.
O conceito da Ferrari foi testado e introduzido no carro no final de 2019, e no carro deste ano, ele foi otimizado, de acordo com as demandas do SF1000.
Não é por acaso que a Mercedes e Ferrari são as únicas que possuem uma solução muito sofisticada, que utiliza duas rodas dentadas, duas cremalheiras de direção (como zíperes) e dois braços oscilantes que permitem modificar o ângulo de rotação, dependendo do raio da curva.
Ferrari SF1000: ecco la scatola dello sterzo che contiene il sistema Ackermann
Photo by: Giorgio Piola
O ângulo, de fato, estabelece a diferença entre a rotação da roda interna e a da externa. Ao dobrar, as duas rodas dianteiras seguem caminhos diferentes: menos interno e externo maior. Quanto maior o ângulo, maior a diferença entre as duas voltas.
O SF1000 esconde soluções inovadoras que tornam sua parte dianteira um pouco menos tradicional do que aparentava do lado de fora.
E tendo descoberto o sistema Ackermann, podemos pensar que a equipe de Maranello está mais disposta do que parecia introduzir, no devido tempo, seu próprio DAS nesta temporada. E isso porque a introdução do rack duplo implica em ter uma caixa de direção muito maior para ter espaço dentro do bico.
Se olharmos atentamente para o SF90, podemos concluir que ele se beneficiou de uma direção diversificada no segundo semestre do ano, embora seja mais difícil de verificar porque essa área sempre foi coberta, impedindo os curiosos de ver.
O conceito foi testado no GP da França de 2019, enquanto sua funcionalidade total foi alcançada com o SF100, já que a frente da F1 italiana para 2020 foi projetada com base nessa solução.
Relembre as inovações tecnológicas mais importantes da história da F1
A ideia do chefe da Lotus nos anos 70, Colin Chapman, era tentar fazer com que seu carro funcionasse como uma asa (ele mesmo as havia introduzido na F1 em 1968). Chapman entendeu que se as laterais do carro alcançassem o solo, a pressão aerodinâmica aumentaria de maneira exponencial, já que formaria uma área de baixa pressão embaixo do carro, o sugando para o chão. A novidade não conseguiu dar à Lotus o título de 1977 devido à baixa confiabilidade do carro. Mas em 1978 o campeonato veio com Mario Andretti. Entretanto, a F1 baniu a solução por segurança, já que permitia aos carros fazerem curvas com grandes velocidades.
Com o efeito solo da Lotus e a Tyrrell de seis rodas, a Renault resolveu também tentar inovar na F1. Trouxe seu revolucionário motor turbo para o mundial em 1977 naquele que foi o primeiro carro turbo da história da F1. Biturbo, ele aliviava um pouco o problema crônico do ‘turbo lag’ e tinha velocidades superiores às dos carros aspirados apesar da pouca confiabilidade. A nova tecnologia seduziu o resto da F1, e motores turbo passaram a dominar o mundial até serem proibidos no fim de 1988, retornando apenas em 2014.
Iniciando uma nova fase administrativa em 1981, a McLaren decidiu apostar na construção de um chassi em fibra de carbono, substituindo o alumínio utilizado pelo resto dos times. Mais leve e mais resistente, o carro fez o time retornar às vitórias após três anos de seca. Pelo pouco peso e pela maior segurança, os times aos poucos aderiram à fibra de carbono. Atualmente todos as equipes utilizam o material na concepção de seus carros.
Para ajudar a aerodinâmica do carro a ser consistente em acelerações, frenagens e mudanças de direção, a Lotus bolou um sistema hidráulico que mantinha o carro alinhado não importando as deficiências da pista. Nos anos 80, era um sistema ‘reativo’, pesado e que tirava potência do motor para funcionar. Ele foi refinado pela Williams no início dos anos 90. No GP da Austrália de 1991 (último do ano), o time trouxe uma suspensão genuinamente ativa, já que era programada eletronicamente de acordo com a pista e suas ondulações. A novidade fez com que o time fosse campeão em 1992 e 1993 com muita facilidade. A solução foi banida para 1994.
Parecia maluquice na época, mas revolucionou a F1 para sempre. A Ferrari em 1989 colocou em seu carro um câmbio de acionamento por pás atrás do volante, substituindo a alavanca tradicional, que em alguns carros já era sequencial e não mais em H. Não demorou muito para os outros times copiarem. Menos de quatro anos depois todos os carros já tinham câmbio sequencial no volante.
Em 1997, a McLaren voltou a vencer após três temporadas de seca. E aquele carro possuía uma solução bastante engenhosa para burlar a proibição do controle de tração. O experiente fotógrafo Darren Heath começou a notar que em trechos de aceleração o freio traseiro dos carros do time frequentemente estava com os discos traseiros incandescentes. Ele suspeitou que havia algo associado à frenagem sendo trabalhado pela equipe. Aproveitando uma quebra de Hakkinen no GP de Luxemburgo, ele tirou fotos do cockpit e flagrou um pedal de freio extra para ajudar a controlar a tração. A FIA proibiu o dispositivo no início de 1998.
Foi uma das grandes sacadas que deram os títulos de 2005 e 2006 a Fernando Alonso. A Renault desenvolveu um sistema de suspensão que consistia em um peso suspenso dentro do carro para amortecê-lo enquanto passava pelas ondulações. A Renault forneceu à FIA detalhes do sistema no meio de 2005, e a entidade concordou que era seguro e o legalizou. Em 2006, após fazer seu carro tendo em mente a concepção do sistema, a solução foi banida pela FIA sob a alegação de que era um dispositivo aerodinâmico móvel.
Com uma grande restrição aerodinâmica imposta de 2008 para 2009, engenheiros e projetistas quebraram a cabeça para saber como recuperariam a pressão do ar antes conseguida de maneira tão fácil com asas grandes. Foi aí que a incrível Brawn GP surgiu das cinzas da recém desfeita Honda com o difusor duplo, feito para acelerar a passagem do ar debaixo do carro – algo que à época afirmavam dar 0s5 por volta. Apesar de Williams e Toyota terem ido atrás de soluções similares, a da Brawn foi mais efetiva, garantindo o título de 2009. Entretanto, o difusor foi proibido para 2010.
O precursor do DRS. Em 2010, a McLaren inventou um engenhoso método para ‘estolar’ (termo da aviação utilizado quando a asa perde sustentação) a asa traseira do carro. O piloto tapava com o joelho uma espécie de snorkel no bico que desviava o fluxo de ar que ia para a asa traseira, fazendo o carro ganhar velocidade na reta. A novidade foi copiada por equipes em interpretações diferentes, mas proibida pela FIA para 2011 – ano de introdução da asa traseira móvel.
Após a proibição do difusor duplo, em mais uma tentativa de recuperar a pressão aerodinâmica perdida no regulamento de 2009, a Red Bull foi engenhosa: utilizou o gás dos escapamentos para aumentar a estabilidade do carro, apontando-os para o difusor. A solução, ao lado de um modo de motor especial de classificação, fazia com que mesmo que o piloto não estivesse acelerando o ar continuasse saindo com velocidade dos escapamentos nas curvas. A solução foi proibida no meio de 2011.
Tanto o KERS quanto os MGUs atuais fazem parte deste princípio. Com a preocupação cada vez maior da indústria automotiva quanto à emissão de gases tóxicos pelos veículos, o desenvolvimento de tecnologias para o armazenamento de energias renováveis vive seu apogeu. E a F1, como o principal laboratório, não ficou de fora. Atualmente os sistemas de energia híbrida (cinética e térmica, MGU-K e MGU-H respectivamente) são responsáveis por cerca de um quinto da potência total dos F1.
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In this article
Franco Nugnes
Fórmula 1
Sebastian Vettel
Charles Leclerc
Ferrari
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