Pandemia, patrocínio e esgotamento: Claire explica motivos que levaram a "game over" da Williams na F1
Ex-chefe da equipe explicou o processo que levou à venda da equipe e o atual chefe interino, Simon Roberts, fala sobre o processo de transição
O GP da Itália marcou o fim de uma era histórica da Fórmula 1: o afastamento de Claire Williams da chefia da equipe marcou também o fim do envolvimento de uma das famílias mais vitoriosas da história do esporte. E apesar da Dorilton Capital, nova dona da Williams, ter afirmando que gostaria da permanência de Claire, ela deu suas razões para a saída.
Em entrevista ao jornal britânico The Telegraph, Claire comentou sobre a sucessão de eventos que levaram à venda da equipe.
"Nós já tínhamos esgotado absolutamente todas as possibilidades", disse Claire. "Eu cheguei a pensar que iríamos iniciar uma nova fase nesse ano. Tínhamos um novo patrocinador master que nos prometia tudo".
"Mas isso deu errado e ainda tivemos o coronavírus. Foi game over. Não tivemos como reagir depois disso. Se não fossem essas duas coisas, acredito que estaríamos ok".
Durante a paralisação, muitas equipes do grid temiam sobre sua permanência no Mundial nos próximos anos, devido à falta de renda para manter seus funcionários e operação durante o período.
A Williams foi uma das equipes que usou a opção dada pelo governo britânico de afastamento dos funcionários com o estado pagando até 80% de seus salários. Além disso, a equipe fez um empréstimo com o pai de seu piloto Nicholas Latifi.
Nesse mesmo período, a ROKiT anunciou o fim da parceria com a equipe, que estava previsto até o final de 2023. Na mesma semana, a Williams confirmou que estava aberta a ouvir propostas de compra parcial ou total da equipe.
A confirmação da compra veio no mês passado, com a Dorilton Capital, grupo de investimentos norte-americano. Poucas semanas depois, Claire anunciou sua saída da equipe, afirmando que a Dorilton merecia um início limpo. Mas o Grupo confirmou que pediu à ex-chefe para que ficasse nesse momento de transição.
"Eu tive minha chance e esgotei minhas energias. Os novos donos merecem alguém que possa dar tudo para eles, e eu não sou esse alguém", disse.
Williams deve se beneficiar da mentalidade de "correr riscos" da Dorilton
Após a saída de Claire, a Williams anunciou Simon Roberts como chefe interino nesse momento de transição. E para o novo comandante do barco, a equipe pode se beneficiar com o pensamento competitivo da Dorilton, que o Grupo aplica no mercado financeiro.
"Eles estão pela fábrica há poucas semanas ainda", disse Roberts. "E eu passei um bom tempo com eles. Estamos olhando para tudo, revisando tudo, eles têm muito interesse em nossas operações. E é tudo novo para eles, o que é ótimo".
"Há algumas similaridades, algo que não tinha notado antes, como a competitividade no mundo financeiro. Mas há muitas coisas como pensamento, estratégia e riscos que podemos aplicar na F1. Então há uma grande sinergia".
"Se você olhar para as outras companhias deles, todos são projetos bem-sucedidos de longo prazo. E é assim que eles estão nos tratando. Eles estão aqui para ajudar e guiar. Mas eles querem que nós façamos a condução, seguimos fazendo o que sabemos".
"Nós sabemos projetar grandes carros de corrida e como pilotá-los. Mas podemos nos beneficiar deles em algumas áreas, e é onde as coisas se juntam".
Roberts destacou que o processo de decidir os próximos passos da equipe estão apenas começando.
"Está no começo. Estamos olhando para o que fazer no futuro. Vamos entrar ainda no teto orçamentário, então temos que ter cuidado. Obviamente operamos dentro do teto e, com isso, temos mais flexibilidade que outras equipes. Mas queremos fazer tudo certo".
"E eles estão falando sério disso ser a longo prazo, não ser algo rápido. Ninguém tem uma varinha mágica. Eles estão interessados em trabalhar conosco".
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