F1: Brasileiros detalham estágio na Red Bull e trabalho com polêmico motor de 2026

Três estudantes de Engenharia do Brasil foram selecionados para um programa de um ano em Milton Keynes

Sede da Red Bull Powertrains

Foto de: Jon Noble

A Red Bull é uma das equipes que se prepara para receber um motor completamente diferente na próxima temporada da Fórmula 1. Eles deixarão de ser clientes da Honda e passarão a usar unidades de potência feitas por eles mesmos nas instalações da Red Bull Powertrains em parceria com a Ford.

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A equipe de Milton Keynes também é conhecida por dar grandes oportunidades a jovens talentos, sempre buscando os melhores profissionais em diversas áreas de atuação. Por isso, uma vez por ano, eles anunciam um programa de estágio internacional e a edição atual contemplou três brasileiros: Lucas Paiva, Rafaela Garcia e Gustavo Vieira.

Os três são estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (USFC) e se mudaram para Milton Keynes por 12 meses para fazerem parte do projeto que irá 'alimentar' os carros de 2026 e, em partes, 2027.

Lucas e Gustavo estudam na área de Engenharia Elétrica e, por isso, vão estar mais focados na parte elétrica dos motores. Enquanto Lucas focará no mais no sistema híbrido, Gustavo ficará com a equipe que trabalha no sistema de recuperação de energia.

"Eu e o Gustavo estamos dentro da mesma macro-área, mas com coisas diferentes", começou Lucas em entrevista ao Motorsport.com Brasil. "Então, eu vou trabalhar na parte do ERS, do sistema híbrido do carro. Ainda não tenho certeza, então pode ser desde bateria, conversor, MGU-K..."

"Vou trabalhar no sistema de recuperação de energia dentro da parte de Powertrain, que é a parte de desenvolvimento do novo motor, da mudança de regulamento de 2026", explicou Gustavo.

O caso de Rafaela é um pouco diferente. A brasileira é estudante de Engenharia Mecânica e irá trabalhar com o sistema de freios para o carro de próxima temporada. Ela também conta que a experiência anterior tida na própria faculdade foi importante para sua aplicação:

"Trabalhei três anos na UFSC com área térmica, então, foi até por isso que eu tentei aplicar para essa vaga. Vou trabalhar com sistema de freios, ou seja, gerenciamento térmico do sistema de freios e algumas outras partes do carro também".

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A viagem dos brasileiros para Milton Keynes estava marcada apenas para o início de julho, com o processo durando menos de seis meses, os três precisaram correr atrás de toda a documentação, moradia e trâmites para a mudança.

Durante as entrevistas, os três explicaram processos bastante diferentes de avaliação por parte da Red Bull. Enquanto Lucas e Gustavo passaram algumas entrevistas, Rafaela precisou responder alguns formulários antes de fazer duas entrevistas com engenheiros da equipe.

Por se tratar do mundo da F1, onde os segredos são guardados a sete chaves, nenhum deles sabia grandes informações dos bastidores antes do estágio começar de fato.

A descoberta da notícia

Imagina estar na aula, oito horas da manhã, ou na rua, passeando com amigos, e receber uma ligação internacional com alguém te dizendo: "Parabéns, você foi selecionado para trabalhar na Red Bull Powertrains".

Foi exatamente assim que cada um dos brasileiros descobriu a notícia: com uma ligação feita por quem estava responsável por suas vagas. Depois do longo processo e várias avaliações, os três puderam respirar mais aliviados porque o sonho estava cada vez mais próximo.

"Eu recebi a ligação e daí vi o identificador de fora", começou Lucas. "Atendi o telefone e daí a pessoa responsável pelo meu processo estava falando comigo. Eu imaginei: opa, algo bom deve ter acontecido. E eu estava na rua e fiquei meio desnorteado".

"Eu lembro que no final, depois que a gente conversou, eu pedi para me mandarem escrito por e-mail porque eu estava muito nervoso".

Lucas logo correu para contar para toda a família que já torcia para a Red Bull na F1. Gustavo, por outro lado, levou um tempinho a mais para falar para todo mundo.

"Eles [família] nem sabiam que eu estava fazendo o processo. Não contei para não criar muita expectativa. [Mas depois de descobrir que eu passei] eu pensei: Meu Deus, será que aconteceu mesmo? Eu estou sonhando? E o resto do dia, com certeza, eu não funcionei".

Trabalhar com F1 pode ser um sonho para muitos, principalmente para estudantes de engenharia, mas sempre parece algo muito longe e difícil, já que todas as ações costumam acontecer na Europa e as oportunidades para brasileiros.

"Sempre que penso em Fórmula 1, eu penso em algo muito grande. Então, a expectativa está muito alta", contou Rafaela com um grande sorriso no rosto. "Dá um pouco de medo, é claro, mas eu sei que os anos que eu trabalhei na UFSC foram muito bem aproveitados. Eu dei o meu melhor, então, eu sei que a minha parte eu fiz".

Red Bull Ford Powertrains

Foto de: Red Bull Content Pool

Sobre o estágio

Os três estudantes ficaram sabendo sobre o processo seletivo de maneiras bastante parecidas. As vagas são abertas internacionalmente e tem divulgação entre as pessoas que já acompanham essas oportunidades, mas, para eles, o 'novo mundo' aconteceu após uma palestra dada por Márcio Pierobom, engenheiro brasileiro da Red Bull.

O estágio tem duração de um ano e abrange diversas áreas, mas, em sua maioria, focada na engenharia. As oportunidades não são apenas para a Red Bull Powertrains, mas também Advanced Technologies e Red Bull Racing.

O trabalho dos estagiários segue um plano no início, com cada um sendo acompanhado de perto pelos responsáveis de suas respectivas áreas. Conforme os talentos vão sendo identificados, as funções podem sofrer alterações e então os destaques podem acontecer.

O contrato é de apenas um ano, mas muitos funcionários que trabalham até hoje na empresa foram recrutados através desse estágio e estão trabalhando na Red Bull atualmente. Então tudo depende muito do talento mostrado pelos estudantes.

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