"Quase como um casamento": Pilotos da Porsche Cup falam da importância dos coaches no desenvolvimento

Trabalho dos coaches vai muito além dos finais de semana de corrida da Porsche

Georgios Frangulis

Foto de: Victor Eleutério

Ao longo do grid da Porsche Cup, é comum ver que os pilotos possuem coaches, outros pilotos, com maior experiência no mundo do automobilismo, que possuem um papel fundamental no processo de aprendizado de seus ‘alunos’.

Com uma relação que vai bem além de serem apenas professor e aluno, desenvolvendo laços de amizade, os coaches ajudam os pilotos a entenderem melhor o desafio das pistas onde as provas são disputadas, tentando repassar suas experiências adquiridas ao longo de anos nos principais campeonatos do Brasil.

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Ao longo do final de semana da etapa Sprint da Porsche Cup em Curitiba, o Motorsport.com conversou com vários pilotos da categoria e seus coaches para entender o trabalho que é desenvolvido e a importância de um bom entrosamento entre professor e aluno para extrair o máximo de performance na pista.

Piloto da Stock Car, Gabriel Casagrande é coach de Alceu Feldmann, vencedor da primeira prova da Carrera Cup em Curitiba, e destacou a importância desse trabalho, inclusive para o seu próprio desenvolvimento no início da carreira.

“Sempre gostei desse trabalho de coach, acho muito importante. Eu tive na minha carreira o Denis Dirani, que me ajudou muito, em corridas de carro ele me ajudou bastante e, por conta dos compromissos dele não pode estar comigo hoje, mas acho isso muito importante”.

Segundo Casagrande, é gratificante ver a evolução de Feldmann, e falou sobre a confiança que o piloto precisa ter em seu coach.

“Eu e o Alceu criamos uma relação, hoje somos amigos, e tem sido muito legal para ele e gratificante para mim, ver a evolução dele, podendo desfrutar dos resultados dele, como a vitória de hoje. Ele me disse, após a corrida, que foi um toquezinho que eu dei para ele no meio da corrida que fez ele começar a abrir a diferença, porque no começo estava meio complicado”.

“Eu acho superimportante ter alguém com uma visão de piloto que já passou pelas situações que ele vai enfrentar dentro da pista tendo mais informações do que ele, que simplesmente está dentro do carro. Ele que confiar plenamente no que eu estou falando para ele fazer”.

Feldmann ressaltou como é importante para um piloto encontrar o coach certo antes de começar a obter resultados.

“O Gabriel é um cara muito habilidoso. Ele consegue melhorar minha condução na corrida pelo rádio. No ano passado, eu acabei tendo outra pessoa, nós ficamos um pouco distantes e meus resultados pioraram bastante”.

“Agora eu voltei, e essa é a primeira vez que ele está aqui comigo, e de cara já ganhamos. A primeira coisa que eu falei quando saí do carro é ‘o Gabriel voltou’, porque ele é muito habilidoso mesmo. E eu me dou muito bem com ele”.

Georgios Frangulis, piloto da Carrera Trophy, tem como coach outro piloto da Stock Car, César Ramos, e explicou como funciona o trabalho desenvolvido pelo gaúcho.

“Primeira coisa que fazemos é entender o traçado de um circuito que não conhecemos e eles conhecem. Você tem que ter essa relação próxima. A confiança é muito importante para fazer o que ele está te dizendo. Se ele fala ‘freia 20 metros mais tarde’, você tem que confiar, porque ele está te falando algo possível”.

“No dia-a-dia é tentar extrair o máximo de experiência possível, tentar colocar isso em prática na hora de ir pra pista e talvez o ponto principal seja analisar a telemetria, como você lida com o volante, como você freia... Isso analisamos junto com as imagens onbord. Nós usamos uma volta dele com referência, ambas são sobrepostas para tentar chegar o mais próximo possível”.

Piloto com experiência no automobilismo brasileiro e internacional, inclusive como campeão da Porsche, Vitor Baptista hoje atua como coach de Cristian Mohr, da GT3, e brincou que a relação com o ‘aluno’ é tamanha que passa mais tempo com ele do que com seu pai.

“Eu sempre digo que é um trabalho bem fácil, porque ele é um cara dedicado, um cara com bastante experiência em outras categorias. Ele corresponde bastante a todas as informações que a gente passa. Nós trabalhamos durante os treinos e a gente vê como é a evolução. Pra mim é um trabalho bem divertido e ajuda bastante para que eu possa transmitir tudo que aprendi durante esses anos”.

“Eu passo mais tempo com o Cris do que com o meu pai, que mora em outra cidade. É um relacionamento. Tem que dosar o momento certo de tirar o pé, porque vai ter dia que não vai dar tudo certo. Tem dia que vai quebrar o carro, o acerto não vai encaixar, e isso faz parte do aprendizado e do relacionamento”.

Mas, diferente de outros pilotos, Mohr não caiu de paraquedas na categoria. Com passagens em diversas categorias do automobilismo nacional, ele destacou que ter um coach ao seu lado ajudou a reduzir o tempo de adaptação à categoria.

“Como eu corri em várias categorias que eram mais amadoras, é muito bom, é algo que encurta caminho ter alguém como o Vitor, que já andou por várias categorias, inclusive fora do país, foi campeão da Porsche, e que acaba me ajudando a dar detalhes, caminhos, que eu ia demorar mais para aprender”.

Apesar do relacionamento forte entre coach e piloto, nem tudo são rosas, como afirma Mohr. Mas a diferença é que tudo tem que ser resolvido rapidamente.

“É igual a um personal trainer, ou até pior, porque você passa dias juntos. Então ou tem uma certa sinergia ou não funciona. E é muito normal, às vezes eu posso me dar muito bem como ele, pegar outro e não dar. É quase como um casamento. Um dia você tá bravo com ele e no outro dia tem que estar tudo certo. Faz parte”.

Veja como foi a corrida um da GT3 Cup em Curitiba

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