Rally dos Sertões completa primeira metade nesta sexta em Palmas
Competidores aceleram na Ilha do Bananal antes de chegar à capital tocantinense
O Rally dos Sertões chegou nesta sexta-feira (2) à sua metade em Palmas. A capital tocantinense marca o fim da parte Sul - uma divisão criada para permitir a participação de quem, pelos mais variados motivos, não poderia encarar todo o desafio. A sétima etapa (Filhos deste solo), que se inicia em São Félix do Araguaia (MT) ainda conclui a primeira Maratona, sequência de dois dias em que só competidores podem fazer a manutenção dos veículos, ainda assim com tempo limitado.
A primeira perna, que levou pilotos e navegadores de Barra do Garças a São Félix, exigiu bastante de homens e máquinas, com 682 km, dos quais 482 cronometrados. Um dia com retas longas e altas velocidades, que se alternaram com estradas estreitas, mata-burros e bastante terreno arenoso. Uma combinação que tirou alguns destaques da briga pelos primeiros lugares no tradicionalíssimo torneio off-road.
A começar pelo atual campeão nas motos, Adrien Metge (IMS Yamaha). Após a equipe abrir o motor em Costa Rica (MT) para um reparo no câmbio, o propulsor voltou a apresentar problemas e tirou o francês da etapa no primeiro abastecimento, em Cocalinho.
Com Ricardo Martins (IMS Yamaha) atrasado - foi o 11° - o dia foi das Honda. A vitória foi do argentino Martin Duplessis, que, apesar da experiência, estreia no rali. Por 13s, bateu o companheiro Bissinho Zavatti, que agora tem 21min03s de vantagem para o segundo, justamente Duplessis.
"Foi um dia muito bom para mim; a primeira parte da especial era bastante rápida. Na parte final foi onde acredito ter feito a diferença, com mais areia e navegação. Procurei cuidar da moto por causa da Maratona. Agora falta pouco para o dia de descanso", disse o argentino.
Nos UTVs, o duelo entre Can-Am e Polaris que é uma das atrações dessa edição histórica viu pela primeira vez a segunda marca triunfar, graças a João Pedro Franciosi e Cesar Valandro (Polaris RZR Pro R/Cotton Racing).
Eles bateram os bicampeões Deninho Casarini e Ivo Mayer (Can-Am Maverick/Can-Am Factory) por 12s. O quarto lugar foi suficiente para Rodrigo Varela/Matheus Mazzei manter a ponta geral. "Não tivemos problemas. A especial foi rápida, viemos muito bem e estamos na briga", disse Rodrigo.
Dois representantes da 'Família da Poeira' perderam tempo e posições - o pai Reinaldo, ao lado de Aristóteles Fiúza, e o irmão Bruno, com o navegador Gustavo Bortolanza, ficaram respectivamente em 30° e 20° no dia.
Nos carros, a dupla Lucas Moraes/Kaíque Bentivoglio fez valer a força e a eficiência da Toyota Hilux DKR T1+ da equipe MEM para ficar 1min05 à frente de Marcos Baumgart e Kleber Cincea (Toyota Hilux V8 IMA/X Rally). Posições que se repetem na classificação geral, com a vantagem dos líderes agora ampliada para 3min38. Das 33 duplas que largaram, 11 não conseguiram chegar ao fim da especial.
Filhos deste solo
O desafio desta sexta pode parecer modesto na quilometragem cronometrada (143km) e no fato de que os veículos farão o deslocamento final encarretados nos caminhões das equipes. Mas é bom não se enganar.
A etapa desafia os competidores na Ilha do Bananal (maior ilha fluvial do planeta) com muita areia. As paisagens são deslumbrantes, com travessias de riachos e trechos no entorno de lagoas e rios. Ao chegar em São Félix do Araguaia, o Sertões completa 3.484 quilômetros dos 7.200 totais, ou 48,4%.
Etapa 7 - Filhos deste solo – 2/9 – Sexta-feira
São Félix do Araguaia (MT) - Palmas (TO)
DI – 13
TE – 143 DF – 425 TOTAL: 581Você já deve ter sido impactado por uma icônica imagem em que um indígena de uma tribo isolada é flagrado por um drone e, acuado, lança uma flecha no aparato tecnológico. Pois bem, essa imagem aconteceu em algum lugar da Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo e principal região da sétima especial do Rally dos Sertões, que encerra o Sertões Sul e a primeira metade do maior rally do mundo.
É baseada nesta força e resistência características dos povos originários do Brasil que intitulamos esta etapa de “Filhos deste solo”. Afinal, são eles os primeiros e mais legítimos habitantes e guardiões do nosso país. Por questões óbvias, a etapa não passa pelas quinze aldeias indígenas que se entranham pela gigantesca ilha, entre elas, a aldeia dos Avá Canoeiros, que rejeitam qualquer contato com os brancos e onde vive o flechador de drones famoso internacionalmente.
Mas, é preciso salientar uma triste realidade. Engana-se quem pensa que todas as tribos da Ilha do Bananal são como os Avá-Canoeiros. Devido a constante e histórica exploração pelos povos brancos, muitas dessas tribos estão perdendo sua essência e estão mergulhadas na pobreza e no vício em drogas. Trazendo para nós que iremos contar essa história “para o mundo”, a responsabilidade de enaltecer as ricas tradições dos nossos povos originários.
Responsabilidade é o que os competidores também deverão ter nesta etapa, que será a segunda perna da primeira maratona do maior rally do mundo. Após andarem mais de 500 quilômetros na etapa anterior, eles terão de cuidar do equipamento em uma especial inédita e cheia do temido “areião” para finalmente receber o apoio dos seus mecânicos, que não puderam ajudar anteriormente.
A etapa sete, que será uma das mais bonitas desta edição histórica do Sertões, termina na cidade de Palmas, capital do Tocantins, e mesmo que os competidores cheguem a ser aplaudidos por superarem a enorme maratona, não é daí que vem o nome da cidade.
Palmas evoca a principal cidade do movimento separatista da região, a Vila da Palma. Uma das cidades mais novas do Brasil, Palmas existe há 33 anos, desde quando foi promulgada, em 1989, a criação do Tocantins, após décadas de briga pela autonomia da região em relação a Goiás.
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