Charge sobre 7 a 1 em Frankfurt divide opiniões
Charge exibida no Salão do Automóvel de Frankfurt polemiza e incomoda brasileiros; membros das edições do Motorsport.com em vários países falam sobre tema
O Salão do Automóvel de Frankfurt, um dos principais eventos da indústria automotiva no mundo, apresentou uma charge polêmica em relação ao Brasil.
A imagem, criada pelo artista alemão Arno Funke, mostra o placar da semifinal da Copa do Mundo de 2014 entre Brasil e Alemanha, que terminou com a histórica derrota por 7 a 1, os jogadores da seleção alemã sorrindo e celebrando em uma praia do Rio de Janeiro. Ao centro, um atleta brasileiro carregando drogas, pistolas e uma placa em que está escrito ‘liquidação’. Além disso, ‘Fuleco’, mascote do torneio, aparece assaltando um dos atletas germânicos.
Os brasileiros, obviamente, não ficaram felizes com a forma como foram representados e a imagem segue gerando polêmica. Mas o que pensam os estrangeiros? A edição brasileira do Motorsport.com procurou a equipe das versões internacionais para saber o que eles pensam sobre o assunto.
Charles Bradley, editor-chefe do Motorsport.com global, disse que certamente os brasileiros se sentiriam ofendidos, pois é algo que atinge diretamente o país, mas para um estrangeiro não há grandes problemas com a imagem.
“Como alguém de fora, não vejo problemas. Mas algumas pessoas podem não gostar disso por estarem envolvidas com a questão e pensar ‘e ainda tiram sarro disso'. É como se eu chegasse em Mark Webber, dizendo a ele ‘É hora de você voar com os carros, não?’ e as pessoas ao redor começassem a rir. Ele, provavelmente, não acharia engraçado”, disse Bradley.
Já José Mercado, editor-chefe do Motorsport.com na América Latina, destacou que o fato de a charge ter sido feita por alguém que não um brasileiro pode ter gerado a indignação.
“Os mexicanos, por exemplo, fazem piadas sobre eles mesmos o tempo todo, mas odeiam quando alguém de fora faz. Não vejo a charge como ofensiva, talvez seja apenas o modo como os alemães veem o Brasil – através do que a mídia passa para eles ou pelo que talvez eles tenham visto durante a passagem pelo país na Copa do Mundo”.
E os lados envolvidos, o que pensam sobre a charge? Felipe Motta, diretor da edição brasileira do Motorsport.com, critica a produção de Funke.
“Na minha opinião, a charge é de mau gosto, embora a gente saiba que essas coisas (armas e drogas) fazem parte da realidade no Rio de Janeiro. Mas quando ‘apertam nosso calo’ a gente acaba se incomodando. Brincar com o ‘7 a 1’ tudo bem. Uma charge que citasse o resultado e misturasse isso com as belezas naturais do Rio, e o Cristo Redentor, por exemplo, teria ficado legal. Mas colocar drogas, armas e crimes acaba deixando as coisas pesadas”, afirmou Motta.
Stefan Ziegler, editor-chefe da edição alemã do Motorsport.com, crê que a imagem é ofensiva e não reflete o pensamento do povo alemão sobre o Brasil.
“Um alemão pode, em um primeiro momento, achar a imagem engraçada. Para ser honesto, no entanto, não creio que isso se manteria a longo prazo, uma vez que a imagem é bastante ofensiva em vários níveis”, disse.
“Os brasileiros estão ofendidos, sem dúvida. E os alemães também com todas essas drogas e armas na imagem. Aqui na Alemanha, gostamos de lembrar da Copa do Mundo no Brasil como um sucesso esportivo e uma vitória histórica contra o Brasil, mas não com a linguagem apresentada na charge”, concluiu.
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