ANÁLISE F1: 'Novo' circuito do Catar e programação aumentam dores de cabeça das equipes com etapa sprint
Apesar de ser a segunda edição do GP do Catar, F1, FIA e equipes tratam o fim de semana como um evento totalmente inédito
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Neste fim de semana, a Fórmula 1 retorna ao circuito de Losail para a segunda edição do GP do Catar. Porém, as equipes tratam a etapa como uma prova inédita, devido a dois fatores que criam novos desafios.
A edição inaugural, em 2021, aconteceu no final da temporada emocionante da disputa entre Lewis Hamilton e Max Verstappen. Desde então, os carros da F1 mudaram dramaticamente, com o retorno do maquinário com efeito solo tendo pouca relação com as especificações antigas.
Mas se as equipes esperavam se apoiar nos dados de 2021 para ajudá-los antes da corrida, elas ficarão desapontadas - porque é possível considerar o circuito como "totalmente novo". O autódromo passou por uma renovação completa, que vai muito além dos pits e do complexo do paddock.
Como apontado pela FIA em sua prévia oficial do fim de semana, o primeiro grande trabalho de recapeamento desde a inauguração da pista em 2004, junto com outras mudanças, criaram grandes diferenças.
"Toda a pista foi recapeada e todas as zebras, áreas de escape, guard-rails e cercas foram substituídas desde o evento anterior. Devido à natureza extensa das mudanças feitas, este pode ser considerado um circuito novo".
Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B, Lance Stroll, Aston Martin AMR21
Photo by: Charles Coates / Motorsport Images
Apesar das equipes da F1 serem profissionais o suficiente para lidar com tamanhas mudanças de pista em um final de semana, a 'nova' Losail acrescenta uma camada extra de complicação em uma etapa que já traz muitas dores de cabeça por si só com a programação diferenciada.
Por ser um fim de semana com sprint, as equipes precisam ser rápidas e rasteiras para fazer todo o necessário na única sessão de treino livre, que acontece na sexta-feira a tarde. Será a única chance de acertar o ajuste que será usado pelo restante do fim de semana, já que, assim que os carros saírem da garagem para o quali na sexta a noite, eles entrarão em regime de parque fechado.
Diferentemente de um fim de semana normal, quando as equipes podem dar a volta por cima após uma sexta-feira ruim, não há uma segunda chance aqui.
"Tivemos mudanças dentro e fora das pistas", disse Toto Wolff, da Mercedes. "Um ponto chave do TL será entender o efeito do recapeamento da pista. Por ser um final de semana com sprint, teremos tempo limitado para entendermos isso e encontrar um ajuste sólido para o restante do evento. Será uma tarefa interessante e que nos deixa animado".
Para adicionar mais um fator à dor de cabeça temos o fato do Catar ser uma corrida noturna, o que significa que teremos flutuação de temperaturas. O TL1 e a classificação da sprint acontecem à tarde, contra a classificação e sprint e o GP à noite.
As equipes sabem muito bem que essas sessões à tarde são pouco representativas, como Bahrein e Singapura, por serem realizadas em condições bem mais quentes, com o asfalto longe do ideal. É por isso que o foco em acertar os ajustes fica para o TL2 em um final de semana normal, já que ele acontece a noite.
Essa oportunidade não existe no Catar. As equipes terão que brincar com a adivinhação sobre as condições de pista noturna, tendo que se comprometer com um ajuste feito na parte da tarde.
O TL1 acontece às 16h30, horário local, quando as temperaturas chegarão a picos de 40ºC. Às 20h, horário da classificação, espera-se uma queda para 33ºC. É uma diferença enorme, e isso sem considerar o vento, sua velocidade e direção.
Para as equipes, a chave fica em uma boa preparação no simulador antes do fim de semana. Enrico Sampo, chefe de simuladores da Ferrari, disse:
"Checar nosso modelo será muito importante durante o treino livre da sexta. Tendo os carros de efeito solo aqui pela primeira vez coloca mais um fator de desconhecimento, com os dados de 2021 ajudando pouco. Isso significa que o trabalho no simulador é vital para prevermos como o carro ficará na pista, tentando antecipar seu comportamento".
"Com os pilotos, trabalhamos virtualmente para criar um ajuste base, simulando vários cenários para que possamos reagir caso um cenário se concretize".
Mas não será fácil, e as equipes precisarão manter um foco enorme para não errarem com os ajustes. Dave Robson, diretor de performance veicular da Williams, possivelmente fala em nome de todo o grid quando afirma que esse será um evento ímpar de sprint por causa das demandas.
"Essa é uma das três etapas sprints restantes de 2023, e deve ser a de maior demanda devido ao recapeamento da pista e as sessões noturnas".
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