ANÁLISE: Por que Hamilton mudou de ideia sobre seguir na F1 após os 40

Britânico falou bastante nas últimas semanas sobre os motivos que o levam a buscar mais uma renovação com a Mercedes

Lewis Hamilton, Mercedes W13

Foto de: Erik Junius

Com o legado de Lewis Hamilton crescendo ao correr na Fórmula 1 e conquistando títulos em seus 30 anos, ele sempre sugeriu que seguir no esporte após os 40 não era algo que ele considerava. O britânico sempre brincou que não queria ser o mais velho do grid, mas agora parece seguir o mesmo caminho de Fernando Alonso, que se prepara para correr por mais alguns anos.

Mas, seriamente, Hamilton sempre jurou que não seguiria correndo até sentir esgotado, preferindo sair enquanto ainda se sente jovem e com energia para focar em outros projetos. A Mission 44, sua ONG que visa melhorar a representatividade no automobilismo, e a Ignite, uma entidade fundada junto com a Mercedes para incentivar a diversidade, são dois interesses que devem ser o foco de sua carreira pós-pistas, criando um legado para ir além das pistas.

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Mas após Hamilton revelar em uma entrevista a veículos de imprensa incluindo o Motorsport.com durante a passagem por Austin que planeja assinar um novo acordo plurianual com a Mercedes, isso levou a uma nova visão sobre sua posição dentro da F1. Seu contrato atual vai até o fim do ano que vem, quando ele terá 38. Mesmo que siga por mais dois anos, ele estará próximo dos 41, algo que ele se dizia contra no passado.

Então... o que mudou para Hamilton? Por que um piloto tão determinado em criar um impacto para além do que ele faz na pista tem tanto interesse em seguir correndo?

Hamilton admitiu no México não ter certeza do que o levou a mudar de ideia sobre seguir correndo após completar 40 anos. Ele mencionou "esta narrativa de se aproximar do fim" como algo que ele não gosta muito, e que mesmo com seus interesses externos, o apoio da Mercedes para seguir com seus objetivos o mantém animado para seguir na pista.

"Eu apenas estou em um lugar feliz", disse. "Estou mais focado, tenho minha casa para passar tempo no Reino Unido quando eu vou até a equipe, minha família vai me visitar. Tenho um ajuste bem melhor ao redor. E sinto que posso levar a equipe a conquistar mais campeonatos".

Lewis Hamilton, Mercedes AMG

Lewis Hamilton, Mercedes AMG

Photo by: Steve Etherington / Motorsport Images

Hamilton sempre deixou claro que bater o recorde de campeonatos conquistados com o octa não é algo que definirá seu futuro, mesmo dadas as circunstâncias da derrota para Max Verstappen no ano passado. Ele frequentemente fala da "jornada" que a Mercedes se encontra, tentando voltar ao topo após um ano complicado com o novo regulamento de 2022. Sair enquanto o time tenta voltarao primeiro lugar não parece ser algo no radar de Hamilton.

Ele admite que foi "difícil de dizer" o quanto que as dificuldades deste ano impactaram sua motivação para seguir em frente. "Se tivéssemos um ano assim em 2021, quem sabe onde que eu estaria?", ponderou. Mas ele falou sobre a energia que absorveu ao ver a equipe unida em 2022, notando um novo nível de vulnerabilidade ao ver os colegas neste momento.

"Tem sido um processo muito interessante, e eu estou feliz por fazer parte disso. Mal posso esperar pelo momento em que voltaremos a ter sucesso, que poderemos voltar a vencer a lutar por títulos. Isso vai fazer com que os momentos difíceis tenham valido a pena".

Com Hamilton passando pelos 30 anos, ele frequentemente falou sobre a melhora de sua condição física, citando a mudança para o veganismo em 2018 como algo que mudou sua vida. Sobre o treinamento, ele também aprendeu a ajustar seu regime com o passar dos anos, já que "fica mais difícil para todos nós" para se manter na melhor condição física.

"É sobre ser mais meticuloso com sua dieta, com o treinamento. Por exemplo, eu fiz pilates com um amigo outro dia, um atleta olímpico, e foi engraçado, porque foi algo que eu nunca havia feito antes"

Lewis Hamilton, Mercedes AMG

Lewis Hamilton, Mercedes AMG

Photo by: Steve Etherington / Motorsport Images

Hamilton também notou a importância de cuidar de sua saúde mental para "encontrar um bom balanço na vida", incluindo criar limites para proteger sua energia e evitar uma sobrecarga.

"Nunca deixo chegar a esse ponto. É sobre manter um balanço. Eu digo não a muitas coisas. Me perguntam muitas coisas todos os dias, e eu posso dar um passo atrás e dizer não. Se eu sei que isso vai afetar minha preparação, meu treinamento ou o tempo com a minha equipe, impactar meu fim de semana, digo não. E isso vale para amigos, relacionamentos. É nisso que estou focado".

Isso deu a Hamilton uma longevidade que poucos atletas possuem. Dois ícones do tênis, Serena Williams e Roger Federer, penduraram suas raquetes mais cedo neste ano após entrarem nos 40 anos. Tom Brady vem estendendo sua carreira na NFL para bem além dos 40, apesar da demanda física do jogo. Todos inspiraram Hamilton.

Toto Wolff, chefe da Mercedes, sente que a comparação com Brady é justa. "Para mim, o melhor atleta do mundo, Tom Brady, está no campo, sofrendo tackles e jogando a bola com 43 anos de idade. Desde que você cuide de si próprio, desenvolvendo seus sensores cognitivos, acho que Hamilton ainda tem muitos anos pela frente. Estou certo que é o caso aqui".

Wolff planeja sentar com Hamilton em um "momento quieto" nas férias para discutir o próximo contrato, que deve ir pelo menos até o fim de 2025. Com a conversa de Hamilton, não tem porque imaginar que esse seja o seu último, indo bem além dos 40 quando ele finalmente pendurar as luvas.

"Não estou colocando um limite, para ser honesto. Não sei o que virão nos próximos cinco anos, ainda estou trabalhando nisso. Há muitas boas coisas em jogo, e eu acabei de lançar uma produtora de cinema esta semana. Mas eu sinto que minha mente e meu corpo estão bem. Ainda há muito a conquistarmos juntos".

Lewis Hamilton, Mercedes AMG, 2nd position, with his trophy

Lewis Hamilton, Mercedes AMG, 2nd position, with his trophy

Photo by: Andy Hone / Motorsport Images

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