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Brundle conta história com Senna: “Maior de todos os tempos”

Ex-rival na F3 e atual comentarista da TV britânica relembra dia em que se deparou com a habilidade do brasileiro no molhado

Podium: Race winner Ayrton Senna, McLaren
Ayrton Senna, McLaren MP4/8 Ford
Ayrton Senna, McLaren MP4/8
Martin Brundle, Sky TV
Ayrton Senna, McLaren
Ayrton Senna, Lotus 97T
Ayrton Senna, Toleman TG184
Race winner Ayrton Senna, McLaren

Martin Brundle, ex-piloto e atual comentarista da F1 na televisão inglesa, relembrou de uma história com Ayrton Senna nos tempos de F3 e a usou como exemplo para explicar por que considera o brasileiro o maior piloto de todos os tempos.

Brundle, que competiu na F1 entre 1984 e 1996, foi o maior rival de Senna na campanha de 1983 da F3 Inglesa, a qual o brasileiro venceu após uma disputa acirrada.

Em entrevista ao podcast oficial da F1, Brundle citou um episódio que teve ao lado de Senna para exemplificar o talento que via no brasileiro.

“Nunca vou me esquecer de um dia em que Ayrton me ultrapassou na F3, na chuva, em Silverstone. Ele foi por fora de mim na curva Stowe. Estava chovendo muito, e eu estava na liderança. Ele foi com tanta força, e eu lembro que eu dizia para mim mesmo ‘você não vai conseguir completar’. Ele fez toda a trajetória aberta e saiu na minha frente. Como ele fez isso?”, observou.

“Aí a corrida foi interrompida, porque Quique Mansilla escapou. Quando voltamos ao grid para a corrida, pensei em tentar fazer a linha do Ayrton. Fui por fora, peguei uma poça d’água, fui para a grama, raspei na barreira de proteção e sobrevivi.”

“Depois, segui Ayrton, terminei em segundo. No pódio, disse a ele: ‘A sua linha na Stowe na segunda parte da corrida não funcionou, não?’ Ele disse: ‘Não sei, não tentei. Estava muito molhado.’ Ele tinha esse conhecimento, esse dom, a experiência que eu não tinha.”

Brundle comentou que a rivalidade com Senna deixou a situação tensa entre os dois, o que não o impede de avaliar o brasileiro como o maior piloto que já viu.

“Ficou um pouco pessoal. Ele me via como parte do sistema britânico. Todos os traços que vi em Ayrton em 1983, vi posteriormente na F1. Ele era muito convencido de que o mundo estava contra ele, e que a FIA estava contra ele, e coisas do tipo. Mas ele tinha um talento, como na história de Silverstone: ele sabia onde havia aderência antes de fazer a curva, e nós sabíamos após fazer a curva. Para mim, é o maior piloto de todos os tempos.”

Ao avaliar sua própria trajetória, Brundle explicou o que o separou dos maiores de sua geração. “Acho que, em um protótipo, eu era um dos melhores de todos. Em um monoposto, me faltava um pouco. Eu poderia derrotar – e derrotei – Senna, Schumacher, Hakkinen no meu dia. Derrotei todos eles em um mesmo carro, no mesmo dia. Eu podia superar Michael em corridas com certa frequência em 92, na época em que ele ainda era um jovem garoto. Mas a parte fundamental nessa declaração é ‘no meu dia’. Os grandes campeões, os múltiplos vencedores não têm um dia: eles estão sempre nesse dia”, analisou.

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