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Especial Top-5 Regi: Os momentos mais difíceis em 40 anos

Na última parte do Especial que marca os 40 anos de Reginaldo Leme nas transmissões da Rede Globo, o jornalista relata os momentos mais difíceis, entre perrengues farsas e tragédias

Ayrton Senna, McLaren

Na segunda-feira Reginaldo Leme completou 40 anos de Rede Globo, entre as funções de repórter e comentarista. Sua estreia foi no GP de Mônaco de 1978 e de lá para cá, nem só de alegrias viveu uma das maiores referências da Fórmula 1.

Na última parte do Especial Top-5 Regi, dedicado a comemorar o feito, Reginaldo Leme relata os momentos mais difíceis dentro dos 40 anos na TV. Entre eles, a cobertura que vitimou Ayrton Senna, confira: 

Briga com Ayrton Senna 

Ayrton Senna, McLaren Honda MP4/5B with Honda engine guru Osamu Goto
Photo by: Sutton Motorsport Images

Apesar do respeito e a amizade entre piloto e jornalista, a relação viveu dias difíceis, entre 1990 e 1992, com Regi correndo sério risco de demissão.

"Começou em 1990, levado por terceiros, que não vou citar nomes. Ele decidiu que não me daria entrevistas no GP do Japão, só que eu não sabia disso. Quando chegou no sábado, fui com o câmera japonês até ele, e esse câmera já ligava o aparelho antes mesmo de chegar e quando cheguei no Ayrton ele me disse: 'eu não falo mais com você'. Eu tive a presença de espírito de falar que ele não estava falando comigo, que era com o torcedor brasileiro e ele: 'não, mas através de você eu não falo'. Esse foi o início de uma fase que durou quase dois anos e que eu poderia ser demitido da Globo. Graças ao Boni, ele me manteve ali. Me tirou do ar por um tempo, até porque essa briga passou pelo Galvão [Bueno]. Era Senna e Galvão contra mim. O Galvão também foi levado a tomar um partido. É uma história muito longa, acabei ficando, foi algo desgastante. O Senna me procurou na metade de 1992 e disse que o motorhome da McLaren estava aberto e se eu quisesse, ele estaria ali para me receber. Eu considero isso um pedido de desculpas, ele que não gostava de pedir desculpas a ninguém. Para você ver como as coisas mudam, hoje eu sou padrinho de casamento da atual esposa do Galvão. O que passou, passou."

Crashgate Nelsinho Piquet

Flavio Briatore
Flavio Briatore

Photo by: Sutton Motorsport Images

O portador da notícia de um dos maiores escândalos da história da Fórmula 1 era brasileiro e teve como fonte o próprio pai do piloto. A confiança de anos de trabalho sério rendeu a Regi muito trabalho, mas reconhecimento da imprensa mundial.

"O Nelsão [Piquet] estava rodeado por jornalistas no GP da Hungria, naquele jeito dele, fazendo piadas, e antes do início de um treino, a turma foi embora. Mas ele disse uma determinada frase que me deixou com a pulga atrás da orelha e fui procurá-lo de novo. Falei sobre essa pulga e ele me disse: 'Você é um cara que conheço e que merece. Você foi o único que sacou isso. Então vou te contar a história e guarde ela, que eu vou te dando todas as atualizações. Só que para o seu bem, você não pode divulgar isso antes da hora, por enquanto nós não temos prova de nada, vou te mantendo informado'. E foi o que fiz. Fiquei aguardando ele. Quando chegou no GP da Bélgica, no sábado, ele ligou pra mim e aquela era a hora. A FIA havia mandado gente para investigar o Flavio Briatore e várias pessoas da Renault. E falei na corrida. Eu não havia dividido isso com ninguém, nem com o Galvão. No GP da Itália, quando cheguei na pista no sábado, o Briatore estava dando uma entrevista coletiva, dizendo que tudo aquilo 'era mentira do jornalista', que ele e a Renault iriam provar. Amigos meus que estavam nessa entrevista disseram que estavam preocupados comigo. No domingo, a Renault emitiu um comunicado dizendo que o Briatore estava demitido."

Morte de Ayrton Senna 

Ayrton Senna, Williams FW16
Ayrton Senna, Williams FW16

Photo by: LAT Images

O 1º de maio de 1994 ficou registrado na memória de maneira marcante em cada brasileiro que presenciou os momentos pós-acidente de Ayrton Senna até a confirmação da morte do tricampeão mundial. Não poderia ser diferente para Regi.

"Assim que aconteceu o acidente, o irmão dele, Leonardo, o sócio dele, o Ubirajara Guimarães, o Braguinha, que era um grande apoiador do Senna, estavam na cabine conosco e desceram. O Galvão estava transtornado, ele não conseguia seguir e saia da cabine e voltava, suando e deixava a transmissão para mim, enquanto ele tomava um ar lá fora. Quando tudo terminou, ele já tinha sido levado para Bolonha. No helicóptero do Berger foram o Galvão, o Berger e o Braguinha para Bolonha. Eu tinha ficado com o técnico de som, esperando notícias do Roberto Cabrini que já estava lá. Enquanto eu esperava, eu recebi várias ligações de pessoas como Maurício Gugelmin e o Rubinho Barrichello, que havia sofrido o acidente na sexta-feira e já estava na Inglaterra. Ele (Rubinho) me ligou várias vezes para saber notícias. Até o momento em que o Cabrini me mandou um dos seus áudios dizendo que tinha a 'notícia que não gostaria de dar'. Em seguida o Rubinho me ligou e eu disse que, de fato, o Senna havia morrido, que não tinha mais jeito."

Morte de Gilles Villeneuve

Gilles Villeneuve, Ferrari
Gilles Villeneuve, Ferrari

Photo by: LAT Images

Os dias pós-morte de uma das maiores lendas da F1 foram lembrados entre o jornalista e o futuro campeão mundial de F1.

"Eu sofri muito com a morte do Gilles Villeneuve, não que eu fosse muito próximo a ele. A corrida seguinte que ele morreu foi em Mônaco, local onde ele morava. Da janela do meu quarto dava para ver onde era a casa dele e em um momento de folga eu fui para lá. Me sentei na sarjeta em frente à casa e fiquei esperando sair a primeira pessoa de lá e nem sabia se teria coragem de perguntar algo. Fiquei lá umas duas horas, com um sentimento esquisito. De repente, saiu de lá um rapaz, uma menina e um menino em direção à praia. Falei com esse rapaz, que me disse que o clima na casa não era bom. O menino era o Jacques Villeneuve. Eu me tornei muito amigo do Jacques e todas as vezes que ele vem ao Brasil nós jantamos juntos e eu já contei essa história a ele."

Perrengue resolvido por 'Nelsão'

Nelson Piquet, Brabham BT49
Nelson Piquet, Brabham BT49

Photo by: Sutton Motorsport Images

Em uma época que internet era algo impensável, a maratona de se colocar uma matéria no ar foi facilitada pela compreensão de um certo futuro tricampeão mundial de F1, resultado da confiança pelo bom trabalho demonstrado, mesmo para quem não conseguia acompanhar o resultado na telinha.

"No início dos anos 1980, nos primeiros anos in loco, a gente fazia o Jornal Nacional e o Fantástico e a gente não tinha video tape. Era na filmadora, um negócio que você filmava, tinha que sair correndo, por exemplo em Monza, você tinha que ir para o centro de Milão, uma cidade com muito trânsito, entrar em uma produtora que pertencesse à RAI, revelar o filme, nisso eu já ia com o texto rabiscado, assistia o filme para adaptar ao texto, gravava e gerava para a TV Globo de Londres, que mandava para o Rio de Janeiro e isso demandava um tempo terrível e para falar com o Piquet era difícil, ele era o cara da época. E eu sofria, ficava na frente da Brabham parado um tempão esperando um momento em que eu pudesse entrar e falar com ele. Ele vinha pouco ao Brasil, então ele tinha um feedback do que saia na imprensa de amigos e parentes. Teve um dia, em Monza, por isso citei o exemplo de Monza, ele interrompeu uma reunião, foi lá e me disse: 'cara, toda corrida eu te vejo aqui me esperando, com muita paciência, você sabe que não gosto muito de falar, mas me disseram que o seu trabalho é muito sério, então eu queria te dizer que se você tem mesmo vontade de aprender e falar comigo todas as vezes, venha pra cá, levanta o dedo ou peça para me chamar que eu venho imediatamente'. E nunca mais foi diferente.

 

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