F1: Como e por que a Mercedes pode realmente vencer Verstappen no Brasil
Russell e Hamilton prometeram trabalhar juntos para dar às Flechas de Prata um triunfo na F1 2022, mas há mais razões para crer numa vitória anglo-germânica
Parecia que as chances de Mercedes conquistar uma vitória em um GP da Fórmula 1 em 2022 estavam escassas, mas performances impressionantes tanto na corrida sprint quanto nos treinos livres no Brasil sugerem que as Flechas de Prata poderiam ser os carros a serem batidos em no País.
Apesar das melhores performances de Red Bull e Ferrari, a Mercedes insistiu repetidamente ao longo do ano que poderia ganhar um GP em 2022. Mas as oportunidades de quebrar esse 'feitiço' pareciam estar acabando.
O time alemão foi prejudicado pelo carro de segurança em Zandvoort, não conseguiu capitalizar sobre um pit stop horrível para o holandês Max Verstappen, da Red Bull, nos Estados Unidos e errou sua estratégia de pneus no México.
Parecia que o tempo estava contra a equipe germânica. Mas, embora não tenha chegado a Interlagos como favorita, a Mercedes pode confirmar sua autoconfiança neste domingo na zona sul de São Paulo.
Para começo de conversa, seus pilotos britânicos George Russell e Lewis Hamilton estão na primeira fila do grid, nesta ordem, antes das 71 voltas no Autódromo José Carlos Pace. É a recompensa pelo brilhantismo da dupla na melhor corrida sprint da Fórmula 1 até o presente momento.
Tendo colocado Verstappen sob intensa pressão, Russell conseguiu ultrapassar o bicampeão. Depois que ambos despacharam a Haas do dinamarquês Kevin Magnussen, o pole position da sprint, o britânico aproveitou o vácuo e fez valer a vantagem da asa móvel.
Pouco depois, quem também passou o holandês foi Hamilton, que ainda chegou a atacar Carlos Sainz, mas cruzou a linha de chegada atrás do ferrarista. Entretanto, o espanhol tem penalidade de grid por troca do motor de combustão interno, de modo que o heptacampeão larga em segundo.
Para Verstappen, mesmo antes do dano na asa dianteira em decorrência de toque com Sainz, as dificuldades já estavam lá, especialmente nos pneus -- o atual bicampeão mundial optou pelos compostos médios, contra os macios da concorrência. Saiu pela culatra.
Medium tyres used by Verstappen in the sprint race did not give him the performance he needed
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Enquanto o holandês parecia sobreviver à fase crítica da sprint, mantendo Russell à distância no início, colocando calor na borracha C3, a recompensa por usar os Pirellis teoricamente mais duráveis nunca veio.
Os treinos revelaram que a diferença entre os dois compostos era marginal. Os médios foram uns bons 0s3 por volta mais lentos que os macios, cerca de metade do normal. Entretanto, os macios não estavam se desgastando tão mais rápido. Isso fez com que a Mercedes fosse bem toda a sprint.
Com isso, Verstappen já estava fora de sua 'zona de conforto'. No início da corrida, ele relatou subviragem persistente em todas as curvas, exceto nas de alta. Para piorar, usar pneus menos aderentes o atrapalhou muito, ainda mais sendo ele um piloto que gosta do carro mais 'dianteiro'.
“Eu estava [degradando meus pneus] com muita força. De alguma forma, eles não duraram nada. Não tínhamos ritmo. Mesmo no macio, acho que não teríamos o ritmo que a Mercedes teve... Isso é um pouco preocupante para [o GP]. Eu estava 'comendo' os pneus”, disse Verstappen.
“Nós pensamos que Max provavelmente teria uma corrida bem fácil. Sabíamos que, se não estivéssemos à frente dele na curva 1, seria muito difícil. Por isso, comecei a atacar nas primeiras voltas. E eu pensei: uma vez que ele tenha alguma temperatura em seus pneus, ele estará fora de alcance”. - George Russell
Com o set-up do carro há muito definido, desde a qualificação de sexta-feira, a Red Bull está limitada em grande parte a ajustes na asa dianteira para configurar o carro para Verstappen a tempo do GP.
Isso deve dar algum conforto à Mercedes. E, embora, para todos os efeitos, o TL2 tenha sido um assunto tedioso e sem graça, essa hora extra de preparação pode ter dado à Mercedes um motivo ainda maior para otimismo.
Russell foi à pista com um conjunto de pneus macios e registrou um tempo médio de volta de 1min16s04, de acordo com os cálculos do Motorsport.com. Isso o colocou atrás apenas do mexicano Sergio Pérez, da Red Bull.
Vale lembrar, aliás, que o companheiro de Verstappen alinhará no grid em quarto, logo atrás do bicampeão, representando uma possibilidade real de bom resultado. Entretanto, os tempos rápidos de Pérez chegaram bem mais tarde que os de Russell no TL2, com tanques já vazios e pista melhor. No caso do piloto holandês, que também usou macios -- embora usados -- no fim da segunda sessão, a média foi um décimo pior que a de Russell, um pouco aquém da de Hamilton.
Perez has proven to be the Red Bull driver with the pace in Brazil
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
E, após a experiência difícil com os médios na sprint, se a Red Bull ignorar completamente os pneus amarelos para a corrida e considerar os Pirellis duros para Verstappen, mais um sinal de alerta: seu primeiro stint com a gama mais resistente no TL2 foi 0s3s mais lento que o de Russell, na média, e 0s5 pior que o de Hamilton. Para referência, novamente os tempos de Pérez, conhecido por ser um bom 'gerente de pneus' estavam no topo: ele correu 5 centésimos ainda mais rápido que Hamilton.
Entretanto, a malfadada escolha de pneus de Verstappen na sprint resulta no benefício de ele ter um conjunto extra de macios novos para o GP. E, com o título já garantido, é razoável esperar que ele seja tão feroz quanto de costume, ainda mais se Mercedes deixar a porta 'entreaberta'.
Como disse Russell: “[No domingo] Max não tem nada a perder, realmente. Então, ele vai pilotar de forma agressiva". Entretanto, com os dados da sprint e do TL2, não é exagero ponderar que a Mercedes pode ser considerada realisticamente a favorita para vencer. Mas é preciso acertar tudo...
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