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Há 26 anos, batida de Barrichello iniciava fim de semana mais trágico da F1

No treino livre para o GP de San Marino de 1994, em Ímola, piloto batia forte com a Jordan, prenunciando acidentes fatais dos dias seguintes

Rubens Barrichello, Jordan involved in a huge crash

O fim de semana mais trágico da história da Fórmula 1, marcado pelas mortes de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, tinha seu capítulo inaugural no dia 29 de abril de 1994, há exatos 26 anos, no circuito de Ímola, na Itália.

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Numa sexta-feira, o primeiro treino livre para o GP de San Marino, terceira etapa do ano, contou com o primeiro grande acidente do evento. Rubens Barrichello 'rampou' a Variante Bassa a 225 km/h com a Jordan e bateu violentamente. Veja abaixo:

Rubens Barrichello, Jordan involved in a huge crash

Rubens Barrichello, Jordan involved in a huge crash

Photo by: Photo 4

"Morri por seis minutos", comentou o brasileiro em entrevista exclusiva ao Motorsport.com. "Apaguei totalmente na hora. Foi um impacto de 90G, 90 vezes 72kg. Na pancada, eu engoli a língua. Fiquei um mês, mais ou menos, com memória curta". Foi a batida mais grave da carreira do brasileiro, que tinha 21 anos à época. Apesar da brutalidade do incidente, Rubinho teve 'apenas' uma luxação na costela e uma pequena fratura no nariz.

Ainda que o saldo tenha sido relativamente positivo, o paulistano teve de ficar internado e perdeu a corrida. E os eventos de sábado e domingo seriam ainda mais traumáticos para a categoria. Abaixo, o Motorsport.com relembra o contexto do acidente de Rubinho.

GALERIA: Relembre os carros e a carreira de Rubens Barrichello no automobilismo

1993: Jordan, 18º no campeonato (2 pts). Barrichello esteve na F1 entre 1993 e 2011, com 326 participações e 322 largadas. É o recordista absoluto na história da categoria.
1994: Jordan, 6º no campeonato (19 pts). Com passagens por Jordan, Stewart, Ferrari, Honda, Brawn e Williams, Barrichello conquistou 11 vitórias na carreira - é o 27º na história, empatado com Felipe Massa e Jacques Villeneuve.
1995: Jordan, 11º no campeonato (11 pts).
1996: Jordan, 8º no campeonato (14 pts)
1997: Stewart, 13º no campeonato (6 pts)
1998: Stewart, 12º no campeonato (4 pts)
1999: Stewart, 7º no campeonato (21 pts)
2000: Ferrari, 4º no campeonato (62 pts). A primeira vitória na F1 veio na Alemanha, em 2000. Largando de 18º, Barrichello conseguiu a terceira maior recuperação da história da categoria, ficando atrás apenas de John Watson (22º - EUA, 1983) e Bill Vukovich (19º - Indy 500, 1954).
2001: Ferrari, 3º no campeonato (56 pts)
2002: Ferrari, vice-campeão (77 pts)
2003: Ferrari, 4º no campeonato (65 pts)
2004: Ferrari, vice-campeão (114 pts)
2005: Ferrari, 8º no campeonato (38 pts). O brasileiro foi 68 vezes ao pódio.
2006: Honda, 7º no campeonato (30 pts)
2007: Honda, 20º no campeonato (0 pts)
2008: Honda, 14º no campeonato (11 pts)
2009: Brawn, 3º no campeonato (77 pts). Foram 21 poles na F1.
A última vitória de Barrichello na F1 foi no GP da Itália de 2009.
Desde então, o Brasil não esteve mais no topo do pódio.
2010: Williams, 10º no campeonato (47 pts)
2011: Williams, 17º no campeonato (4 pts)
2012 (Indy): KV, 12º no campeonato (289 pts)
2013 (Stock Car): Full Time, 8º no campeonato (120 pts)
2014 (Stock Car): Full Time, campeão (234 pts)
2015 (Stock Car): Full Time, 4º no campeonato (188 pts)
2016 (Stock Car): Full Time, vice-campeão (295 pts)
2017 (Stock Car): Full Time, 5º no campeonato (251 pts)
2018 (Stock Car): Full Time, 4º no campeonato (242 pts)
2019 (Stock Car): Full Time, 5º no campeonato (310 pts)
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O brasileiro chegou à etapa na vice-liderança. Na abertura da temporada, Rubinho ficou em quarto no GP do Brasil, em Interlagos. A corrida seguinte marcaria seu primeiro pódio na F1: o piloto terminou em terceiro no GP do Pacífico, disputado em Aida, no Japão. Em Ímola, porém, as expectativas não eram tão grandes, já que o motor Hart que equipava a Jordan não era tão potente quanto as unidades motrizes de Ferrari, Renault e Ford.

No treino, Barrichello vinha num razoável 10º lugar, boa colocação para as pretensões de sua equipe no GP de San Marino. O brasileiro estava a 2s9 do conterrâneo Ayrton Senna. O tricampeão buscava sua terceira pole no campeonato, em que estreava pela Williams. Apesar da abissal superioridade nos anos anteriores, o carro da equipe britânica tinha problemas em 1994, muito em função da mudança de regulamentos. Mas isso é outra história...

Rubinho a todo vapor

Buscando melhorar sua marca, Rubinho resolveu apostar 'no braço' para ir mais rápido. Com a confiança em alta, o paulistano foi até o limite na veloz pista italiana. Ele não contava, porém, com uma zebra excessivamente alta na Variante Bassa, anterior à reta principal.

A todo vapor, Barrichello entrou na tangência da curva a 225 km/h e saiu pelos ares depois do contato com a zebra. A consequência foi grave: a Jordan bateu com força na barreira de pneus e na grade de proteção. O carro capotou duas vezes e 'aterrizou' de cabeça para baixo, de lado.

 

Os fiscais de pista prestaram pronto atendimento e colocaram o monoposto na posição correta, mas viram que Rubinho estava desacordado. Logo após, a equipe médica comandada pelo doutor Sid Watkins chegou para atender o piloto. Segundo o médico, o paulistano tinha engolido a língua e ficou 'morto' por alguns minutos. A eficiência da equipe de resgate no circuito foi fundamental, dada a violência da batida, que teve o impacto de 90Gs.

O brasileiro foi atendido em 10 minutos e encaminhado para o centro médico do autódromo. Foi lá que recebeu a visita de Senna, que imediatamente saiu dos boxes para visitar o amigo. O tricampeão teve um alívio: Rubinho estava machucado, mas consciente e longe de riscos.

Senna foi, inclusive, um dos responsáveis por tranquilizar a impressa quando terminou a visita. Em entrevistas, o tricampeão, ainda sobressaltado, destacou que o amigo estava bem. Fora apenas um susto e todos os exames seriam feitos em breve.

 

Em seguida, Barrichello foi levado para o hospital Maggiore, em Bolonha, onde ficou sob observação até o dia seguinte. No sábado, Rubinho voltou à pista para ver as atividades. Encontrou Senna e assistiu ao segundo treino ao lado de Galvão Bueno e Reginaldo Leme.

"Estou muito contente de estar aqui. Deixo o meu bom dia a todo povo brasileiro, que viu a batida. Viu o quanto foi sofrido, mas agradeço por tudo que foi feito na pista e pela torcida. Aconteceu. Um dia ou outro estava para acontecer... Coisa de corrida, acontece com o Senna, acontece com o Prost, por que não vai acontecer com o Rubinho?", disse Rubens, no dia em que outro acidente vitimaria um colega de F1.

Na manhã seguinte, Barrichello voltou para sua casa em Cambridge, na Inglaterra, onde morava na época. De lá, assistiu à fatal corrida em Ímola. Senna largou na pole, mas não pôde terminar a prova. 

Apesar de tudo, Rubinho retornou aos testes com a Jordan dias depois, em Silverstone. Na etapa seguinte, em Mônaco, o brasileiro se classificou em 15º, mas abandonou na volta 27 com problemas elétricos. Ele terminaria 1994 em sexto. O campeão foi Michael Schumacher.

Schumi, Senna e cia: veja todos os campeões da história da F1 na galeria abaixo

Michael Schumacher - Sete títulos  (1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004)
Juan Manuel Fangio - Cinco títulos (1951, 1954, 1955, 1956, 1957)
Lewis Hamilton - Seis títulos (2008, 2014, 2015, 2017, 2018 e 2019)
Alain Prost - Quatro títulos (1985, 1986, 1989 e 1993)
Sebastian Vettel - Quatro títulos (2010, 2011, 2012 e 2013)
Jack Brabham - Três títulos (1959, 1960 e 1966)
Jackie Stewart - Três títulos (1969, 1971 e 1973)
Niki Lauda - Três títulos (1975, 1977 e 1984)
Nelson Piquet - Três títulos (1981, 1983 e 1987)
Ayrton Senna - Três títulos (1988, 1990 e 1991)
Alberto Ascari - Dois títulos (1952 e 1953)
Jim Clark - Dois títulos (1963 e 1965)
Graham Hill - Dois títulos (1962 e 1968)
Emerson Fittipaldi - Dois títulos (1972 e 1974)
Mika Hakkinen - Dois títulos (1998 e 1999)
Fernando Alonso - Dois títulos (2005 e 2006)
Giuseppe Farina - Um título (1950)
Mike Hawthorn - Um título (1958)
Phil Hill - Um título (1961)
John Surtees - Um título (1964)
Denny Hulme - Um título (1967)
Jochen Rindt - Um título (1970)
James Hunt - Um título (1976)
Mario Andretti - Um título (1978)
Jody Scheckter - Um título (1979)
Alan Jones - Um título (1980)
Keke Rosberg - Um título (1982)
Nigel Mansell - Um título (1992)
Damon Hill - Um título (1996)
Jacques Villeneuve - Um título (1997)
Kimi Raikkonen - Um título (2007)
Jenson Button - Um título (2009)
Nico Rosberg - Um título (2016)
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VÍDEO: Barrichello relembra em detalhes o dia em que Senna socou Irvine na F1 

PODCAST Motorsport.com: Quais pilotos mereciam ganhar títulos da F1 e não levaram?

 

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