McLaren relembra episódio que iniciou inimizade Senna/Prost
Site da equipe de Working publica visões de envolvidos na polêmica relembrando os 29 anos do ocorrido
O GP de San Marino de 1989 ficou marcado na história da Fórmula 1 por dois motivos: o primeiro, o violento acidente de Gerhard Berger na Tamburello no início da prova. A Ferrari do austríaco, com tanque cheio, explodiu em chamas enquanto os comissários corriam até o carro para extinguir o fogo e tirar Gerhard de lá.
Com as mãos machucadas e queimaduras, ele ficou fora da corrida seguinte, em Mônaco. No entanto, a segunda ocorrência que marcou aquele dia aconteceria na relargada daquela prova. Ayrton Senna teria desobedecido um 'acordo de cavalheiros' da McLaren de não disputar a primeira curva das provas.
Senna, que era líder da prova até então, partiu pior que o companheiro Alain Prost na segunda largada e deu o troco no francês na primeira freada – algo que deixou o Alain furioso, já que não esperava o ataque do companheiro brasileiro devido ao acordo.
Este foi o início da rivalidade mais clássica da história da F1. Toda a animosidade envolvida na disputa dos títulos de 1989 e 1990 iniciou exatamente naquele ponto. Recordando o dia histórico, o site da McLaren trouxe a palavra de alguns dos envolvidos naquela confusão.
"Eu o vi à esquerda e havia muito espaço. Pensei: ‘tudo bem, vou pegar a linha normal para sair melhor’. Só que ele me ultrapassou", lembrou Prost.
“Na reunião com Ron (Dennis, chefe da equipe), não falei nada. Eu apenas escutei. Ron perguntou a Ayrton se havia um acordo e ele disse que sim, mas apenas para a primeira largada, não para a segunda.”
“Mas, mais importante, ele disse que eu o havia ultrapassado. Eu disse que não sei quantos milhões de pessoas viram o que aconteceu na televisão: ele havia me ultrapassado e isso não foi o que havíamos concordado. Demorou 20 minutos até que Ayrton aceitasse o que havia acontecido. Foi inacreditável.”
Engenheiro do time na época, Neil Oatley relembra que a partir daquele momento o clima passou a ser bem complicado.
“A partir daquele momento, não houve conversa entre os dois pilotos pelo resto da temporada”, falou.
“Na sala de reuniões tínhamos os dois pilotos, Gordon Murray e dois engenheiros - Steve Nichols e eu. Ayrton me fazia perguntas sobre o que nosso carro estava fazendo e Alain perguntaria a Steve.”
“Ocasionalmente eles falavam ‘oi’, mas esse era o limite de sua comunicação. Além disso, o resto da equipe estava imune ao que estava acontecendo entre os dois pilotos, embora eu tenha certeza de que Ron ouvia os dois.”
Diretor técnico na época, Gordon Murray lembra que ameaçava os pilotos para que eles não escondessem nenhum dado e participassem das reuniões durante as corridas juntos.
“Eu insisti que as reuniões fossem feitas com os dois engenheiros de corrida presentes e os dois pilotos presentes. Eles podem não ter gostado, mas havia muito pouca conversa entre os dois. Mas pelo menos tudo estava aberto.”
“Eu costumava ameaçá-los com todo tipo de retaliação se os pegasse conversando separadamente com seus engenheiros. Nós conseguíamos baixar todas as informações. Pode ter havido - e tenho certeza de que houve - blefes psicológicos, duplos e triplos, mas isso sempre esteve ali.”
No fim do ano, Prost foi campeão ao jogar o carro em cima de Senna no Japão. O brasileiro ainda ganhou aquela corrida, mas foi desclassificado pela direção de provas por cortar caminho para retornar à pista.
Prost já havia anunciado saída da McLaren na ocasião. Ele iria para a Ferrari em 1990, citando que havia se tornado "quase impossível" trabalhar com Senna.
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