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Por que as equipes não devem temer o ex-Ferrari Domenicali como CEO da F1?

Editor global de Fórmula 1 do Motorsport.com, Jonathan Noble analisa o iminente anúncio do ex-chefe da Ferrari como comandante da categoria

Stefano Domenicali, Ferrari General Director in the Press Conference
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A decisão da Fórmula 1 de procurar os serviços de Stefano Domenicali como seu futuro CEO gerou uma mistura inevitável de aplausos e ceticismo na categoria. Em sua busca por um substituto para Chase Carey, que há muito tempo afirma que não perseguia uma carreira de longo prazo como chefe de corridas de GPs, a F1 viu em Domenicali um dos candidatos mais qualificados.

O italiano também completa os requisitos em termos de compreensão do esporte, por meio de seu papel como presidente da Comissão de Monopostos da FIA e por ter passado quase 20 anos na Ferrari, seis deles como chefe de equipe, antes de renunciar em 2014.

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Além disso, por meio de suas experiências recentes como CEO da Lamborghini desde 2016, ele aprendeu muito sobre o mundo dos negócios, as necessidades dos fabricantes de automóveis e como as tendências de consumo modernas mudaram. Sua inteligência, personalidade calma e capacidade de fazer as coisas serão uma dádiva para a F1, que se encaminha para uma nova era com as novas regras de 2022 chegando.

No entanto, como acontece com todas as ações hoje em dia, há os conspiradores que apontam para o passado de Domenicali em Maranello e sugerem que isso significa que ele está entrando na F1 com algum viés.

Esse estado de espírito só é reforçado pelo fato de que a F1 já tem um ex-diretor técnico da Ferrari a bordo, Ross Brawn, além de a FIA ser comandada pelo presidente Jean Todt, que foi o antecessor de Domenicali como chefe da equipe de Maranello.

Essa imagem de mentalidade pró-Ferrari no topo da FIA e da F1 certamente não foi totalmente ignorada pelos chefes do esporte, com fontes sugerindo que o contrato de Domenicali só será assinado se for garantido que Todt não mudará as regras para se candidatar após 2021.

Até agora, Todt deu todas as indicações de que, mesmo com a crise do coronavírus, ele não tem intenção de continuar após o término de seu atual mandato presidencial, que se encerra no ano que vem.

Em entrevista ao Motorsport.com no início deste ano, Todt disse: “Honestamente, eu amo muito o que faço. Eu sou abençoado por ainda ter a paixão e a energia. Mas mudamos os estatutos para limitar o número de mandatos”.

“Não vou mudá-los, mesmo que às vezes haja muitos pedidos. Não vou mudar os estatutos para fazer mais do que os três mandatos que espero ter sido capaz de cumprir”, cravou o mandatário.

Mas, apesar de o passado de Domenicali estar tão fortemente envolvido na Ferrari, seria errado sugerir que ele assumiria o comando da F1 com outra coisa em mente que não uma agenda para tornar a categoria como um todo algo melhor.

A natureza de sua saída da Ferrari, da qual se demitiu por não querer criar bodes expiatórios para o fraco desempenho do motor da equipe de Maranello no primeiro ano da era híbrida da F1, mostra que ele é um homem de princípios pessoais. Tudo mudou muito desde então e não faria sentido para alguém tão completo como Domenicali assumir a chefia da F1 com o simples desejo de ajudar sua antiga equipe.

Na verdade, ele passou os últimos anos na Lamborghini fortalecendo uma marca italiana de carros esportivos que estão em competição direta com a Ferrari. E ele se saiu excepcionalmente bem nisso.

Nas discussões entre equipes, FIA e F1 para definir o novo Pacto de Concórdia, houve um intenso debate sobre quem deveria dirigir a F1 no futuro - com chefes de equipe como Toto Wolff e Christian Horner vinculados ao papel ao lado de Domenicali em várias ocasiões.

No entanto, em uma tentativa de garantir que não houvesse risco de prevalência do interesse corporativo de alguma equipe, foi acordado que a F1 não nomeará ninguém para dirigir a categoria se a pessoa tiver trabalhado para uma escuderia do grid nos últimos dois anos.

Isso imediatamente fechou portas para Wolff e Horner - com equipes chegando a rotular a medida de "cláusula Toto Wolff". Se os times ficaram felizes com a 'abstinência' de duas temporadas, os seis anos de distância de Domenicali da F1 não devem causar angústia.

E o que Domenicali pode trazer para o futuro da F1 é que deve ser o foco agora, ao invés de seu passado. Ele tem a paixão, o cérebro e a vontade de fazer ajustes que podem ajudar a F1 a entrar em novos mercados e atrair uma base de fãs mais ampla.

No ano passado, ele gastou tempo para comparecer às Finais Mundiais de Gran Turismo de PlayStation em Mônaco para ajudar a lançar um novo carro-conceito da Lamborghini para o jogo. Poucos CEOs em sua posição teriam investido tanto esforço para tal. No entanto, foi o sinal perfeito de um homem que entende que os jovens fãs de hoje são os compradores de amanhã, e isso só pode ser uma boa notícia para o futuro da F1.

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Jonathan Noble
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