Conteúdo especial

F1: Sainz está seguindo os passos das lendas da F1, mas será que ele construirá seu próprio legado?

Poucos correram pelas três mais lendárias construtoras da Fórmula 1 - Ferrari, McLaren e Williams; Carlos Sainz será o quarto, mas ele estará a altura dos outros?

Charles Leclerc, Scuderia Ferrari, 2nd position, pours champagne over Carlos Sainz, Scuderia Ferrari, 1st position, on the podium in celebration

Se perguntássemos o que Jack Ickx, Alain Prost e Nigel Mansell têm em comum, a resposta pode não ser tão óbvia para todo mundo. Claro, eles são lendas da Fórmula 1 - embora Ickx tenha escrito os capítulos mais gloriosos da sua carreira em Le Mans - mas, eles também são os únicos três pilotos que correram por Ferrari, McLaren e Williams, assim como Carlos Sainz fará em 2025. 

Leia também:

Com 34 títulos de pilotos e 33 de construtores entre eles, esse esquadrão desfruta de uma aura histórica. Red Bull e Mercedes não podem dizer muito. Eles podem estar alcançando McLaren e Williams em termos de vitórias, mas estão por aí desde 2005 e 2010 apenas - ainda que a marca alemã tenha corrido brevemente, mas com sucesso, na década de 1950. Em comparação, McLaren está na 'briga' desde os anos de 1960, a Williams desde a década de 1970 e a Ferrari se orgulha de está presente na F1 desde a primeira temporada. 

O caso de Ickx é um pouco diferente dos seus colegas. O icônico piloto da Ferrari, que correu pela Scuderia em 1970, não chegou a correr pela equipe atual da Williams - ele participou de oito GPs com os carros da Williams pelo time Frank Williams Racing Cars (que se tornou Walter Wolf Racing) e não se classificou em metade deles. Sua passagem pela McLaren se resumiu a uma única corrida quando o time incluiu um terceiro carro em Nurburgring em 1973 - com Ickx conquistando um pódio atrás dos intocáveis Tyrrells.

Os casos de Prost e Mansell são muito mais comparáveis ao de Sainz, na medida em que os três correram pelas equipes atuais. Tanto Prost com Mansell passaram décadas com os macacões dessas equipes, tendo suas carreiras profundamente interligadas. 

Eles foram rivais pelo título em 1986, com Prost, pela McLaren, vencendo por pouco Mansell, da Williams, antes deles irem para a Ferrari em 1990 - Mansell entrou um ano antes, com a Williams perdendo seus motores Honda (e a competitividade) para a McLaren, onde a intensa competitividade com Ayrton Senna afetou Prost em 1988 e 1989. 

Prost 'bateu' Mansell na Ferrari, e o britânico voltou para a Williams em 1991, desta vez, com motores Renault. Mansell venceu o título mundial em 1992, antes de Prost - depois de um ano sabático - ter o mesmo sucesso no ano seguinte. Agora, com mais de 40 anos e comprometido com o campeonato norte-americano da CART, Mansell foi acionado pela Williams por algumas corridas em 1994 depois da morte de Senna, sendo o único campeão mundial a correr na F1 na época. Ele assinou com a McLaren na temporada seguinte, mas sua condição física não estava boa e o carro não era competitivo, então a experiência foi curta. 

While Ickx also raced for the big three in F1, in truth only Mansell and Prost will know what Sainz is about to experience

While Ickx also raced for the big three in F1, in truth only Mansell and Prost will know what Sainz is about to experience

Photo by: Motorsport Images

Trinta anos depois e Sainz está completando o 'Big Three', mas há um contraste  gritante cccem relação ao recorde dos seus antecessores: Prost e Mansell acumulam 73 vitórias vindas de 281 largadas nessas equipes, enquanto Sainz pode se gabar de apenas três em 115 e parece improvável que isso aumente consideravelmente com a Williams em um futuro próximo. 

Júnior da Red Bull e campeão da Fórmula Renault 3.5, Sainz talvez tenha sido azarado em ter feito sua estreia na Fórmula 1 ao lado do talento geracional Max Verstappen em 2015, com o caminho para Red Bull posteriormente bloqueado por Vrstappen e Daniel Ricciardo, ele se mudou para a Renault nas últimas quatro corridas da temporada 2017 e para a seguinte. 

No entanto, Sainz foi desfavorecido na comparação com seu companheiro de equipe Nico Hulkenberg. Então, quando Daniel Ricciardo decidiu se juntar à Renault em 2019, decepcionado com sua situação na Red Bull, Carlos foi deixado de lado. 

Sainz tinha uma escolha realista entre as três últimas equipes do campeonato, todas muitas interessadas em contar com ele: os projetos atribulados de Alpine e Saude/Audi, com gestão flutuante e um futuro a longo prazo incerto e a Williams 

Sainz tinha uma escolha realista entre as três últimas equipes do campeonato, todas muitas interessadas em contar com ele: os projetos atribulados de Alpine e Saude/Audi, com gestão flutuante e um futuro a longo prazo incerto e a Williams 

A Red Bull optou por promover Pierre Gasly para o lugar de Ricciardo e Sainz não teve outra escolha a não ser assinar com a McLaren - que naquela época não parecia ser um passo à frente em nenhum sentido: durante as férias de agosto de 2018, enquanto a silly season se desenrolava, a Renault estava em quarto lugar no compeonato de construtores com 82 pontos, enquanto a McLaren era apenas a sétima com  52. Sainz tinha conquistado apenas 30 pontos. Naquele ponto, o único companheiro de equipe que ele tinha batido era Daniil Kvyat na Toro Rosso e Sainz parecia uma aposta audaciosa da McLaren. 

Poucos sabiam que a Renault estava no auge enquanto a recuperação da McLaren após a desafiadora era com a Honda, liderada por Sainz ao lado do estreante Lando Norris, colocaria a equipe em terceiro lugar no campeonato de 2020. 

Isso foi incomparável às seis temporadas de Prost na McLaren, que lhe renderam três títulos mundiais, mas Sainz impressionou o bastante para ficar com o segundo assento da Ferrari para 2021 após uma campanha ruim em 2020 de Sebastian Vettel. 

With his career at a crossroads, Sainz led the McLaren resurgence and landed at Ferrari at the right time

With his career at a crossroads, Sainz led the McLaren resurgence and landed at Ferrari at the right time

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Chales Leclerc, provou ser o parceiro mais difícil de Sainz até então - em parte, no fato de Verstappen e Norris serem novatos quando foram companheiros de equipe do espanhol. Sainz sem dúvidas não se compara com o talento natural de Leclerc e foi superado pelo companheiro em uma temporada completa - a contagem geral é de 53-27 (incluindo as classificações para as corridas sprint) excluíndo problemas técnicos e erros da equipe.

No entanto, Sainz parece ser um pouco mais consistente e tem cometido menos erros que Leclerc, especialmente nos últimos anos - um período de tempo onde Sainz sofreu menos problemas técnicos nos domingos: apenas um nos últimops 45 GPs. Leclerc não tem sido tão sortudo assim e por isso, há uma pequena distância em relação aos pontos marcados - 850 para Leclerc e 772.5 para Sainz. 

No fim, embora a Ferrari não tenha sido tão regular na liderança como costumava ser na era de Mansell e Prost, as três vitórias e as quatro pole positions de Sainz não foram páreas pareas para Leclerc, muito menos para um certo Lewisa Hamilton, e o chefe de equipe Frederic Vasseur aproveitou a oportunidade de contratar um heptacampeão assim que a chance apareceu. 

Na época, tratava-se de encontrar um assento em uma das equipes de ponta, mas, com a Mercedes focada nas opções Verstappen e Andrea Kimi Antonelli e a Red Bull desinteressada em recontratar seu ex-piloto, Sainz ficou com três oportunidades reais nas equipes do fundo do grid, com todas elas querendo contar com ele: os projetos conturbados de Alpinbe e Sauber/Audi, com uma gerencia flutuante e um incerto futuro a longo prazo e a Williams. 

O nome da Williams tem um 'peso' diferente dependendo da sua geração. Para as pessoas de mais de 40 anos, é uma equipe poderosa que dominou a F1 entre 1980 e 1990, com Prost e Mansell. Ao mesmo tempo que para os fãs com menos de 20 anos, é um time que luta no meio do pelotão com um passado vitorioso bem distante. 

Sainz has a mighty task to get Williams back to its glory days with Mansell and Prost, but it appeared the best option open to him from 2025

Sainz has a mighty task to get Williams back to its glory days with Mansell and Prost, but it appeared the best option open to him from 2025

Photo by: Rainer W. Schlegelmilch / Motorsport Images

Sob o comando de James Vowles, no entanto, é um projeto indiscutivelmente atraente. A Dorilton Capital comprou a equipe da família Williams nas férias de 2020, quando eles estavam à beira da falência,  e desde então, vem investindo os fundos necessários - com o teto de gastos contribuindo para uma maior igualdade no grid. 

Vowles foi nomeado chefe da equipe antes da temporada de 2023 e encontrou instalações que ele descreveu como duas décadas desatualizadas – com alguns hábitos que claramente o assustaram, já que ele veio da bem-sucedida equipe Mercedes, como usar planilhas do Excel para listar milhares de peças de carros. A reestruturação da equipe continua em andamento.

Para Williams, substituir um Logan Sargeant de baixo desempenho foi uma decisão óbvia, e pressionar para contratar Sainz foi a escolha lógica, dado seu pedigree.

Vowles também traz uma abordagem de gestão que está em desacordo com a maneira como Frank Williams às vezes antagonizava seus pilotos, o que levou a desentendimentos amargos com nomes como Mansell e Damon Hill .

Para Williams, substituir um Logan Sargeant de baixo desempenho foi algo óbvio, e pressionar para contratar Sainz foi a escolha lógica, dado seu pedigree. Vowles até o vê como, "às vezes", o segundo melhor piloto do grid e alguém que tem um histórico de deixar equipes em uma posição melhor do que ele as encontra.

Sainz, então, era inigualável por qualquer um realisticamente disponível para a equipe baseada em Grove. Ele pode não ser capaz de dizer o mesmo, mas Williams não é mais o marcador de retaguarda sem esperança que era alguns anos atrás. O espanhol sem dúvida tem negócios inacabados com a McLaren e a Ferrari, e ele pode nunca ser um campeão mundial como Prost e Mansell.

Mas, como ele faz 30 anos no final deste ano, ele pode se dedicar a um projeto que pode ajudá-lo a escrever história muito mais do que ele fez até agora: trazendo Williams de volta ao topo.

Sainz's switch to Williams will be a key subplot to the 2025 F1 season

Sainz's switch to Williams will be a key subplot to the 2025 F1 season

Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images

DI GRASSI EXCLUSIVO: F1 atual, F-E, PREOCUPAÇÕES com AUDI e futuro de BRASILEIROS

Faça parte do Clube de Membros do Motorsport.com no YouTube

Quer fazer parte de um seleto grupo de amantes de corridas, associado ao maior grupo de comunicação de esporte a motor do mundo? CLIQUE AQUI e confira o Clube de Membros do Motorsport.com no YouTube. Nele, você terá acesso a materiais inéditos e exclusivos, lives especiais, além de preferência de leitura de comentários durante nossos programas. Não perca, assine já!

Podcast #293 - O que levou Sainz a optar pela Williams? Justifica Red Bull confiar em Pérez?

 

ACOMPANHE NOSSO PODCAST GRATUITAMENTE:

Faça parte do nosso canal no WhatsApp: clique aqui e se junte a nós no aplicativo!

Faça parte da comunidade Motorsport

Join the conversation
Artigo anterior F1 - Brown: "Estou feliz por não termos problemas com piloto como a Red Bull"
Próximo artigo F1: Como ficará a Red Bull após a saída de chefes veteranos?

Principais comentários

Cadastre-se gratuitamente

  • Tenha acesso rápido aos seus artigos favoritos

  • Gerencie alertas sobre as últimas notícias e pilotos favoritos

  • Faça sua voz ser ouvida com comentários em nossos artigos.

Edição

Brasil Brasil