TotalRace opina sobre punição a Grosjean, que deu o que falar na Hungria
Equipe do site analisa se comissários acertaram ao aplicar um drive through ao francês por ultrapassagem sobre Massa
Pensando ainda nos primeiros lugares da prova, Romain Grosjean encontrou o brasileiro Felipe Massa à sua frente na primeira metade do GP da Hungria. Massa estava com pneus mais usados e Grosjean foi para cima na volta 29. Na curva 4, o francês colocou sua Lotus por fora e passou usando a zebra, numa ousada manobra.
Como colocou as quatro rodas fora da linha branca que determina o limite da pista de Hungaroring, acabou punido pela direção com um drive through, que lhe tirou qualquer chance de chegar ao pódio. Antes, na mesma corrida, Grosjean já estava sendo investigado por um toque em Jenson Button. A punição ficou para o final da prova, quando Grosjean teve 20 segundos acrescidos ao seu tempo de corrida. Será que as punições foram justas? A equipe do TotalRace dá sua opinião, debatendo principalmente o drive through sofrido pela ultrapassagem em Massa.
Veja as opiniões:
Felipe Motta: "Algumas (muitas) regras da F-1 são interpretativas e por isso não podemos usar a frase 'a regra é clara'. O regulamento diz que um piloto não pode ultrapassar por fora da pista, a menos que haja motivo justificável. Se eu fosse o comissário na hora da corrida não o teria punido, mas simplesmente por ser a minha interpretação. Na hora não ficava claro pela imagem dele ter posto as quatro rodas fora, e tenho certeza que os comissários tinham imagens melhores. Quando vi a onboard mudei de opinião, mas apenas com base no regulamento, algo que não concordo 100¨%. Acho complicado abrir sempre para discussão do teve intenção ou não. Passou por fora deve haver punição, a menos que haja algo muito justificável, como diz a regra. No entanto, acredito que novas discussões devem haver para melhorar o esporte. Não acho que esse tenha sido o motivo, mas, por Grosjean ter tido o incidente voltas antes com Button, talvez a avaliação foi de uma reincidência. Aliás, para mim o toque com Button era muito mais passível de punição, e não era necessário que a decisão ocorresse após a corrida. Era bem mais óbvia"
Luis Fernando Ramos: Vendo os lances durante a prova, achei curioso que os comissários puniram Grosjean pela ultrapassagem sobre o Massa durante a corrida e esperaram acabar o GP para julgar o toque com o Button. Ainda que seja uma questão de procedimento - quando há uma colisão entre dois pilotos é melhor ouvir os envolvidos antes de julgar - a culpa do francês naquele lance era clara para mim desde o primeiro momento: ele tem mais velocidade, mas ignora a presença de Button a seu lado e muda sua trajetória para onde estava o carro da McLaren em busca de um ângulo melhor para a curva seguinte.
Já a ultrapassagem sobre o Massa era mais difícil de julgar. Levando a regra ao pé da letra, também justificaria uma punição. Mas o regulamento afirma também que o piloto não pode deixar a pista de "maneira injustificada". Grosjean saiu da pista por centímetros ao final de uma curva cega - tanto que o próprio Massa achou que o francês não tinha saído totalmente da pista. Imaginar que Grosjean calculou friamente que só faria a ultrapassagem se usasse aquela área extra e fez a manobra por causa disso é um pouco demais. Ele não saiu da pista de maneira intencional, ele fez uma manobra no instinto. Acho que deveria prevalecer o bom senso e não puní-lo, com o risco de passar a mensagem errada aos pilotos e inibí-los no futuro na hora de assumir o risco de uma manobra.
Gabriel Lima: “Jogando com o regulamento ‘debaixo do braço’, a ultrapassagem de Romain Grosjean sobre Felipe Massa na curva 4 de Hungaroring foi irregular. Na tomada onboard é nítido ver o Lotus por fora da linha branca com as quatro rodas. Quando foi empregado pela primeira vez em Hockenheim no ano passado para punir a ultrapassagem de Sebastian Vettel em cima de Jenson Button na penúltima volta da prova, achei o artigo 20.2 do regulamento esportivo muito útil. Proibiria por escrito os pilotos de tiraram vantagem por fora da pista. O que nas largadas em Spa-Francorchamps, só para citar um exemplo, era um problema recorrente após a reforma da pista em 2007.
Mas para toda regra, há a exceção. Grosjean havia acabado de sair dos pits, vinha mais rápido que Massa e passaria sem problemas. Poderia não ter passado naquela curva. Demoraria até a linha de chegada, o que não lhe resultaria em grande desvantagem no meu ver. Por que ali? Porque era possível e nenhum piloto na face da Terra deseja perder tempo após sair dos pits com pneus novos atrás de outro mais lento de pneus gastos. Massa deixou espaço para Grosjean, afinal o brasileiro também perderia tempo se disputasse a posição com Romain. O francês fez uma manobra normal por fora.
Utilizando o bom senso e a interpretação livre de pressões exteriores e antecedentes (o que existe na F-1), não haveria Drive Through. Nem lembraríamos da manobra na segunda-feira pós-GP, já que esta é mais uma daquelas ultrapassagens falsas protagonizadas por táticas diferentes. Achei, por exemplo, a manobra de Romain em cima de Button na curva 6 infinitamente mais passível de punição (o que acabou acontecendo depois, é verdade). Foi mais ou menos o que houve com Chilton e Maldonado em Mônaco, só que sem o muro do lado da pista.
No fim das contas, dá para entender a visão dos comissários. Mas, falando como fã, desaprovo a punição.
Guilherme Carvalho: “Quando o próprio piloto que foi ultrapassado diz que não houve nenhuma irregularidade na manobra de seu adversário, acho que uma punição, ainda mais com um drive through, é algo extremamente duro.
De acordo com o regulamento atual, os comissários agiram de maneira correta, OK. Interpretaram o livro ao pé da letra (como deve mesmo ser interpretado) e aplicaram a pena. Mas será que não poderia haver um regulamento mais flexível? Algo que permitisse que os comissários analisassem caso a caso e usassem do bom senso, por exemplo? Afinal, qual o espírito desta regra? A meu ver o espírito é impedir que pilotos obtenham vantagem ao usar um ‘atalho’ fora do limite da pista. Não acho que isto ocorreu na Hungria. Não acho que o traçado usado por Grosjean tenha sido previamente planejado e tenha sido mais ‘curto’ do que o feito Massa. Então, não sei realmente se houve vantagem ali.
Concluindo: pelo regulamento atual, a punição foi correta, mas fico na dúvida se este é o melhor regulamento possível. No fundo, eu não gosto de ver um piloto sendo punido por usar a zebra para fazer uma ultrapassagem em um circuito tão travado como Hungaroring. A F1 não vive sempre querendo rechear as provas de ultrapassagens, chegando até ao ponto de colocar pneus que botaram em risco a vida de alguns pilotos? Mas impede que um piloto ultrapasse usando um milímetro além da linha branca? Na minha opinião, isto não faz muito sentido.
Quanto a punição pelo toque em Jenson Button, achei correta, já que Romain não deu espaço para o inglês.
Julianne Cerasoli: “O incidente com Button foi claro e o próprio Grosjean se desculpou após a prova. Na manobra com Massa, os dirigentes consideraram ‘dura’ a punição. Não concordo.
A partir de meados do ano passado, foi formalizado na regra que um piloto deve permanecer com as quatro rodas entre as duas linhas brancas que delimitam a pista. Quando deixá-la, deve fazê-lo “por um motivo justificável” e voltar “quando for seguro e sem ganhar vantagem”. Mesmo quem justifica que não havia opção para Grosjean não pode negar que ele levou vantagem, afinal não faria a ultrapassagem caso se mantivesse na pista.
Como um campeonato de Fórmula 1 é disputado em “campos de jogo” diferentes, com áreas de escape e tipos de pista distintos, não pode haver dois pesos e duas medidas, do tipo “na Hungria é mais difícil ultrapassar, então seremos mais condescendentes”. A regra tem que ser preto no branco, não pode se valer de interpretações. Ultrapassar saindo da pista não vale e é importante que os pilotos tenham isso claro.
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