Entrevista

Interlagos: Prefeitura vê venda como “caminho sem volta”

Situação de privatização de Autódromo José Carlos Pace permanece no aguardo de outro projeto envolvendo o Arco de Jurubatuba. Confira como está o processo que, segundo a prefeitura, garante a existência do local para a prática do esporte a motor

Autódromo de Interlagos
Vista aérea da prova da Stock Car em Interlagos
Largada da Stock Car em Interlagos
Safety Car na pista em Interlagos
Grid da Porsche GT3 Cup em Interlagos
Autódromo de Interlagos
Autódromo de Interlagos
Autódromo de Interlagos
Autódromo de Interlagos
Autódromo de Interlagos
Autódromo de Interlagos

A privatização do Autódromo de Interlagos é um dos assuntos mais polêmicos da gestão do prefeito de São Paulo João Doria, que neste momento está licenciado do cargo para concorrer ao governo do Estado. Além do complexo na zona sul do município de São Paulo, outros locais, como o complexo Anhembi – onde receberia a prova da Fórmula E neste ano – fazem parte da lista de locais que passariam a ter a administração da iniciativa privada.

Uma secretaria – a da Desestatização e Parcerias – foi criada especialmente para ter o controle de todos os processos. O Motorsport.com ouviu o secretário Wilson Martins Poit para saber a quantas anda a venda do autódromo mais importante do Brasil, que recebe a Fórmula 1 desde 1990 e que voltará a ter uma prova do Mundial de Endurance (WEC) em 2019.

Tempo do processo

No GP do Brasil de 2017, o ainda prefeito Doria exaltou o fato de aquele ter sido a última prova da Fórmula 1 com o autódromo sob responsabilidade da prefeitura. Até aquele momento, novembro do ano passado, o processo estava encaminhando, tendo até mesmo o primeiro turno da votação da privatização na câmara de vereadores sendo feita.

Neste momento, se aguarda outro projeto, pedido pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento, envolvendo o Projeto de Intervenção Urbana (PIU) do Arco Jurubatuba chegar à câmara também, para que ambos caminhem juntos.

Enquanto isso, o secretário de Desestatização e Parcerias, não admite atraso no projeto e diz: “Estamos cumprindo nosso papel, ouvindo todos os interessados no processo: a sociedade, o mercado e os órgãos de controle. Participamos de diversas audiências públicas sobre esse tema, não só nas que foram realizadas na Câmara, mas também na região de Interlagos, para ouvirmos da população local sugestões e contribuições para o projeto.

“Falo frequentemente com os vereadores que ainda tem dúvidas sobre os nossos projetos e procuro ser o mais transparente possível. No final do processo, tudo isso será muito enriquecedor.”

Temor sobre destruição da pista

Uma das maiores preocupações de todos aqueles que estão envolvidos com o Autódromo de Interlagos é o que será do local após o novo dono tê-lo sob controle. Mas, segundo Wilson Martins Poit, não haverá mudanças naquilo que o autódromo foi criado.

“A alienação do Complexo de Interlagos está condicionada à imposição de restrição administrativa, destinada a proteger o espaço do Autódromo José Carlos Pace e o seu uso para a prática de esportes a motor. Portanto, a pista será mantida após a venda. Isto está previsto em lei. Se o Projeto de Intervenção Urbana resultar na construção de empreendimentos imobiliários na área isso poderá acontecer sim, mas a pista deverá ser mantida para a prática de esportes a motor.”

Com os novos donos tendo que comprar “restrições”, além do terreno, a prefeitura não acredita que isso possa afastar interessados.

“Isso não é algo que nos preocupa. Atualmente e mesmo com a crise, são mais de 80 os consórcios interessados nos projetos de Desestatização na cidade de São Paulo. Acreditamos que a privatização de Interlagos interessa a grupos nacionais e internacionais.”

Sem Plano B

A morosidade do processo e as restrições para o novo dono podem levar, bem como a crise econômica do Brasil podem levar ao desinteresse de compradores, mesmo o interesse em outros empreendimentos sob administração da prefeitura também podendo ir para a iniciativa privada. O secretário não conta com a hipótese de não haver compradores para o Autódromo de Interlagos.

“Avalio que agora que demos o início ao projeto, vejo como um caminho sem volta. Contamos com essa receita para o Fundo Municipal de Desenvolvimento Social, que investirá em áreas prioritárias do Município. Se porventura a alienação não acontecer, a Prefeitura avaliará a melhor forma de gestão para o espaço.”

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