Brasileiros estão perto de tricampeonato mundial de Rally Cross-Country
Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin disputam a partir deste sábado a última etapa do Mundial de Rally Cross-Country
Serão cinco dias de disputa, ao longo de 2.600 quilômetros nos arredores da cidade medieval de Fez, cruzando as dunas dos desertos do Marrocos, um dos mais antigos reinos do mundo. O exotismo e o cenário no estilo “Indiana Jones” são o pano de fundo para o que pode ser uma conquista inédita para o esporte a motor brasileiro.
Competindo pela equipe Monster Energy/Can-Am contra duplas e times de todo o mundo, o piloto Reinaldo Varela e o navegador Gustavo Gugelmin terão como objetivo o tricampeonato mundial de Rally Cross-Country, torneio formado por corridas que mesclam longa duração e resistência, no estilo Dakar. A prova terá largada neste sábado e encerramento na próxima quarta-feira.
Com duas vitórias e um segundo lugar, Varela/Gugelmin lideram a classificação da categoria UTV com 65 pontos. Os brasileiros precisam de apenas dois pontos para ficar inalcançáveis na pontuação por seus mais diretos rivais, os russos Fedor Vorobyev e Kirill Subin.
“Tivemos um excelente início de temporada”, diz Varela. “Para isso foi importante tanto o nosso entrosamento, pois este ano o campeonato ofereceu muitas dificuldades, com longos dias de competição e uma variedade interessante de tipos de piso."
"Apesar da vantagem que construímos até aqui, ainda não ganhamos nada. E estamos cientes de que temos outro grande desafio aqui no Marrocos”, resumiu Varela.
“Estamos prontos!”, disse Gugelmin. “É normal um pouco de ansiedade antes da largada, em uma competição como essa. E isso é igual pra todo mundo. O importante em um rali de longa distância é a preparação e isso nós fizemos muito bem."
"Agora é colocar em prática tudo o que nós e a equipe trabalhamos desde a corrida anterior, no Cazaquistão, que foi nossa última vitória na temporada. A partir do sábado vamos saber como estamos diante da concorrência, mas estamos confiantes”, disse o navegador.
O Rally do Marrocos terá 60% de seu percurso composto de trechos inéditos. A grande dificuldade ficará por conta das dunas e os trechos formados de piso pedregoso – sempre um risco para o equipamento.
“São cinco dias nos quais percorreremos trechos com média de 500 quilômetros, sempre com o deserto como trajeto principal”, disse Varela. “Isso exige um tipo de pilotagem específica e um equipamento que ofereça agilidade e torque, para subir as encostas das grandes dunas – caso do nosso Can-Am Maverick X3, que tem sido perfeito desde a primeira etapa”, ressaltou.
Segundo o piloto brasileiro, o UTV que utilizará é similar ao que empregou para vencer em agosto o Rally dos Sertões na categoria UTV PRO45, mas com algumas diferenças.
“O regulamento FIA usado no mundial é um pouco diferente. Por exemplo, os UTVs são 160 quilos mais pesados – uma grande diferença para um veículo que tem como característica justamente a leveza e agilidade –, além de contar com um restritor na entrada de ar que reduz um pouco a potência."
"Esses dois detalhes fazem muita diferença, por exemplo, nas retomadas de velocidade e subidas das dunas, além de o peso afetar muito o equilíbrio do carro. Resumindo, é “um bicho diferente”. Mas nós estamos bem acostumados com ele”, completou o piloto.
A base do rali foi instalada bem no meio do deserto, em uma posição estratégica para o atendimento dos competidores em caso de acidente. Fundada no século 8, apesar de muito antiga e de contar com monumentos e palácios erguidos por reis e sultões, Fez é um dos principais centros urbanos do Marrocos, além de ser a segunda maior cidade do país. Está ali, por exemplo, a universidade mais antiga do mundo, criada no ano de 859. Conhecida como “Atenas Africana” em referência à rica história da capital da Grécia, Fez tem o status de patrimônio mundial da humanidade, conferido pela UNESCO.
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