8 anos de WEC: sua trajetória e o que esperar para o futuro da categoria
Categoria completa oito anos em um momento em que tenta se recriar e se reafirmar entre os grandes campeonatos do automobilismo mundial
Neste 17 de março comemora-se o aniversário de um dos campeonatos mundiais mais importantes do mundo do automobilismo: o de Endurance (WEC). Foi neste dia, em 2012, que o WEC realizava sua prova inaugural, em solo americano, em uma prova marcada pelo domínio da Audi.
Desde seu surgimento, o WEC passou por uma fase de prosperidade e, atualmente, tenta se reencontrar e se recolocar como um dos grandes campeonatos do mundo do esporte a motor. Por isso, o Motorsport.com organizou uma reportagem especial contando como foi o surgimento da categoria, seus primeiros anos e o que está reservado para o seu futuro.
A história
O Campeonato Mundial de Endurance surgiu teve sua primeira temporada em 2012, após a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e o Automóvel Clube do Oeste (ACO), organizadora das 24 Horas de Le Mans se unirem para criar um novo mundial para provas de longa duração. A categoria substituiu a Copa Intercontinental Le Mans, realizada pela ACO em 2010 e 2011.
No primeiro ano, a Intercontinental contou com apenas três etapas, na Inglaterra, nos Estados Unidos e na China, deixando as 24 Horas de lado. Isso mudou na temporada seguinte, que teve um calendário mais extenso, com sete etapas, sendo quatro na Europa, incluindo Le Mans, duas nos Estados Unidos e uma na China.
Com o aumento da participação das montadoras, entre elas Peugeot, Audi e Aston Martin na LMP1, a FIA e a ACO se uniram para tornar o campeonato um mundial. Com isso, a FIA passou a ter uma categoria similar ao Campeonato Mundial de Carros Esportivos, realizado entre 1953 e 1992.
Em suas primeiras temporadas, o WEC realizava dois tipos de prova: de seis horas de duração e Le Mans, com 24 horas. A única exceção em seus seis primeiro anos foi exatamente a etapa inaugural do campeonato.
#1 Audi Sport Team Joest Audi R18 e-tron quattro: Andre Lotterer, Benoit Tréluyer, Marcel Fässler
Photo by: Andy Chan
12 Horas de Sebring e a temporada inaugural
Foi em 17 de março de 2012 que o Campeonato Mundial de Endurance deu a largada para a primeira prova de sua primeira temporada. O local escolhido foi o clássico Sebring International Speedway, no estado da Flórida, nos Estados Unidos. A prova escolhida também foi um clássico do automobilismo mundial: as 12 Horas de Sebring, que, naquele ano, estaria realizando sua 60ª edição.
A corrida não foi realizada apenas pelos carros do WEC, servindo também como a etapa inaugural da temporada 2012 do campeonato Le Mans norte-americano. Com isso, participaram das 12 Horas nove classes de carros, sendo os quatro do WEC (LMP1, LMP2, LMGTE Pro e LMGTE Am) e cinco da Le Mans (P1, P2, PC, GT e GTC), totalizando 62 participantes.
Na classificação, um domínio absoluto da Audi, que conseguiu colocar seus três carros LMP1 nas três primeiras colocações. Na pole, o carro #1 de André Lotterer, Benoît Tréluyer e Marcel Fässler. Na classe, a mais rápida do WEC, não havia mais nenhuma montadora na prova, já que a Toyota entrou no campeonato apenas a partir da terceira etapa, as 24 Horas de Le Mans.
Concorrendo contra a montadora alemã, haviam apenas cinco equipes privadas: a suíça Rebellion, as francesas OAK Racing e Pescarolo Team, e as britânicas Strakka Racing e JRM.
Na corrida, a Audi manteve seu domínio, garantindo uma dobradinha, mas com o carro #2 de Allan McNish, Tom Kristensen e Rinaldo Capello ficando com a vitória. O segundo lugar ficou com o carro #3, enquanto o #1, que havia largado na pole, foi apenas o 16º na classificação geral e quinto na LMP1.
Naquela etapa, três brasileiros participaram da prova, mas apenas um corria pelo WEC: Jaime Melo, que dividiu o carro #59 da Luxury Racing, na LMGTE Pro, com os franceses Frédéric Makowiecki e Jean-Karl Verney. Mas o trio não conseguiu terminar a prova, completando apenas 83 voltas, contra 325 do Audi #2 e 307 da AF Corse vencedora da classe.
Após um início ruim em Sebring, o trio do carro #1 da Audi teve uma grande recuperação na temporada, terminando no pódio em todas as etapas seguintes. Foram três vitórias (Le Mans, Silverstone e Bahrein), três segundos lugares (Spa, São Paulo e Fuji) e um terceiro lugar (Xangai), garantindo assim o primeiro título do WEC na categoria LMP1.
#14 Porsche Team Porsche 919 Hybrid: Romain Dumas, Neel Jani, Marc Lieb
As 6 Horas de São Paulo
O Brasil esteve presente nas três primeiras temporadas do WEC (2012, 2013 e 2014), com as 6 Horas de São Paulo, realizadas no Autódromo de Interlagos.
Entre as três edições realizadas no Brasil, o que chama a atenção é a variedade: na LMP1, nenhuma montadora ou piloto conseguiu vencer mais de uma vez. Em 2012, foi a Toyota, com Alexander Wurz e Nicolas Lapierre. Em 2013, a Audi, com André Lotterer, Benoît Tréluyer e Marcel Fässler. E em 2014, a Porsche, com Romain Dumas, Neel Jani e Marc Lieb.
Por um breve período, o WEC havia confirmado sua volta ao Brasil, retomando as 6 Horas de São Paulo para a temporada 2019/2020. Marcado inicialmente para o dia 01 de fevereiro de 2020, a prova seria a quinta etapa da temporada, mas acabou sendo cancelada após a organização não cumprir obrigações contratuais, sendo substituída por uma corrida no Circuito das Américas, em Austin.
Veja todos os vencedores das 6H de São Paulo do WEC (LMP1):
A crise da LMP1, a recriação do campeonato e o futuro
O WEC teve um momento de prosperidade em seus primeiros anos, chegando a ter quatro montadoras na temporada 2015: Audi, Porsche, Toyota e Nissan (apenas em Le Mans). Mas, em 2016, a Audi anunciou sua saída do campeonato e, no ano seguinte, a Porsche, deixando a Toyota como a única montadora restante.
Com isso, o WEC precisou se reinventar, mudando o formato do campeonato. Após o fim da temporada 2017, a categoria lançou a proposta da "Supertemporada 2018/2019", passando a ter um calendário similar ao da Fórmula E, iniciando no segundo semestre de um ano e concluindo no primeiro semestre do ano seguinte. E o principal diferencial: Le Mans passaria a ser o palco da final.
Mesmo com a mudança, o WEC continuou com problemas na LMP1, sua classe principal. Sem montadoras para competir com a Toyota, a organização introduziu uma série de restrições aos carros da empresa japonesa para fomentar a competição, mas que não foram unanimidade.
Para a próxima temporada, 2020/2021, a categoria passará por mais uma grande mudança, com o início da troca da LMP1 como a classe mais importante, que passará a ser da LM-H, ou Le Mans Hypercars. A Toyota passaria a ter a Aston Martin como competidora na LM-H, mas o programa da montadora britânica foi pausado devido à crise enfrentada pela empresa. Por enquanto, a Peugeot é a única outra confirmada, mas apenas para 2021/2022.
GALERIA: Imagens da história do WEC
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