Copa HB20: Piloto relata como foi ‘morar’ em hospital por três meses durante pandemia

Roberto Possas, que também é médico, falou sobre como atuou no período mais crítico da pandemia, sobre o sonho de se tornar piloto e a cena do automobilismo paraense

Roberto Possas

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Divulgacao

O mundo vive, finalmente, um período em que a pandemia da Covid-19 está mais controlada. Nesta quarta-feira, por exemplo, a Fórmula 1 anunciou que praticamente eliminou as medidas restritivas de paddock para a temporada de 2022.

Na Copa Shell HB20, um piloto estreante pode contar uma experiência inesquecível que teve que presenciar durante o período mais intenso do coronavírus. Roberto Possas, paraense, que também é médico cirurgião, ‘morou’ no hospital durante a primeira onda da doença no Brasil por quase três meses.

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“Naquele momento de tantas incertezas, em que pouco se sabia sobre a doença, todos nós tínhamos muito medo, mas tínhamos que enfrentar o desafio”, disse Possas com exclusividade ao Motorsport.com. “Nesse momento eu resolvi sair da minha casa e me dedicar exclusivamente aos pacientes com Covid-19. Eu sabia que se eu voltasse para casa, eu estaria levando a doença junto.”

“Trabalhava pela manhã, tarde, noite e de madrugada tentava dormir, revezava com os colegas, para termos o mínimo de sono, para estar bem no dia seguinte. Tudo era tão intenso que não havia tempo para refletir o que estava acontecendo, sempre havia alguém nos chamando, seja com insuficiência respiratória, com parada cardíaca e quando a gente parava um pouco, era para tomar um banho, comer ou dormir. Começou com um dia, dois, 10 e foram quase três meses assim na primeira onda.”

Roberto Possas

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Photo by: Divulgacao

O automobilismo como consequência

Assim como boa parte da população brasileira, Possas, de 35 anos de idade, cresceu acompanhando grandes feitos brasileiros na F1 e guardando um sonho de poder viver aquilo que seus ídolos viviam a cada manhã de domingo.

O piloto revelou que curiosamente a pandemia acabou trazendo a possibilidade da realização de um sonho congelado no coração por décadas.

“O automobilismo sempre foi um sonho de criança, distante, restrito às manhãs de domingo. E sendo distante, ele ficou esquecido, colocado em uma prateleira. Com o passar do tempo, me dediquei muito às atividades acadêmicas, estudei, me tornei médico e a minha vida era apenas dentro do hospital, trabalhando o tempo inteiro.”

“Com a pandemia, esse foi um momento de reflexão, foi quando percebi como a vida é frágil e o quanto precisamos correr atrás de nossos sonhos. Pouco depois do período mais crítico da pandemia, durante uma terapia, pois tive que fazer para entender o que estava acontecendo, a psicóloga me questionou: ‘Roberto, o que você faz que te deixa feliz, fora o trabalho e a família?’ E eu fiquei sem resposta.”

“Nesse momento, ela me questionou sobre qual era o meu sonho e eu lembrei que sempre foi correr, de disputar uma corrida profissional. E foi nesse momento que eu resolvi correr atrás dos meus sonhos e buscar pessoas que são incríveis comigo, que estão me ensinando. Foi nesse momento que o automobilismo entrou na minha vida, por meio de um questionamento no pós-Covid.

Roberto Possas

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Photo by: Ricardo Saibro

O Pará no mapa do automobilismo

Outro feito de Possas é conseguir superar as dificuldades impostas pelo próprio país para pilotos que não fazem parte das regiões sul e sudeste. Mesmo residindo em Belém (PA), ele revelou como conseguiu dar os primeiros passos para chegar à Copa HB20, além de outras categorias, como a GT Sprint Race.

“Assim como em qualquer outro lugar no mundo, a porta de entrada é o kart. Felizmente nós temos um kart com pessoas apaixonadas aqui no Pará. Infelizmente ele não fica na capital, fica na região metropolitana, mas não é muito distante e lá tem pessoas que dedicam praticamente uma vida inteira ao automobilismo.”

“E é engraçado como algumas memórias marcam as nossas vidas. Como falei, era um sonho de criança e eu lembro que quando eu tinha uns oito anos de idade, eu pude ir ver uma corrida de kart na rua. E alguns nomes daquela época ficaram na minha memória. Um deles foi Macaco Mamola, o piloto de kart. E ficou na cabeça.”

“Os anos se passaram, fiz 10 anos, 20 anos, 30 anos, estou com 35 agora, e tenho a honra e o prazer de correr com o Macaco Mamola no kart paraense. Então, o cenário para quem quer começar no automobilismo é ir para o kart. E temos no kart pessoas apaixonadas e essas pessoas acabam te incentivando a fazer network, a conhecer pessoas de kart de outros lugares.”

“E lá dentro do kart, eu tive a oportunidade de conhecer o Vini Azevedo que já corre profissionalmente na Mercedes Challenge, na GT Sprint Race e na Porsche Cup. E ele me abraçou e me apresentou pessoas incríveis. Uma delas é o Rapha Teixeira e que entendeu a minha necessidade de aprendizado e eu confio nas pessoas com quem eu me relaciono no automobilismo. Então o caminho foi esse: começar no kart, conhecer pessoas incríveis e confiar nessas pessoas para que elas te mostrem o caminho das pedras e treinar bastante”, concluiu.

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