A saga de Giovanna Amati: sequestrada e última mulher na F1
Giovanna Amati relembrou à BBC a sua saga para chegar à principal categoria do automobilismo
Desde que Susie Wolff decidiu abandonar a carreira de piloto, no início deste mês, a Fórmula 1 deposita as esperanças de ver uma mulher correr um GP em Carmen Jorda, que está atualmente no time de desenvolvimento da Lotus. Todas elas certamente devem ter buscado inspiração em uma mulher: Giovanna Amati, a última mulher a tentar uma classificação para uma prova de F1, em 1992.
"Eu não consigo ver uma mulher correndo no topo, na Fórmula 1, neste momento. Eu não estou dizendo que elas não são boas o bastante, mas precisa ter o time certo, um bom orçamento e muita paixão para seguir em frente", disse, em entrevista à BBC.
"É uma pena que Wolff tenha se aposentado, ela poderia ter se saído bem em outras categorias, ela é talentosa. Algumas vezes as pessoas ficam cansadas. Se você não atinge o que você quer, você desiste. É a maneira mais fácil", afirmou.
Sobre as dificuldades que as mulheres enfrentam para ingressar no mundo do automobilismo, Amati disse que são muito fatores que jogam contra.
"Primeiro, existe a questão da força. Todos pensam que é fácil dirigir em circuitos, mas não é. O carro é muito pesado, é muito duro guiar e se gasta muito energia para terminar corridas. Você não pode simplesmente acordar, um dia, e dizer: 'quero ser piloto de F1'. Você precisa treinar forte", disse.
Se o trabalho pesado for feito, ainda há outros problemas.
"Existe sexismo o tempo todo, especialmente da mídia. A mídia não gosta de mim, eu nunca entendi o porquê. Também existia sexismo dos pilotos e chefes de equipe. É algo difícil de mudar, mas eu não ligava para eles naquela época e não ligo agora", afirmou.
Entre tratores e carros
O gosto dela por motores começou cedo. Desde criança, Amati diz que gostava de dirigir os tratores da família.
"Desde que tinha 8 ou 9 anos, eu adorava dirigir qualquer coisa que podia, até mesmo os tratores da nossa casa de campo. Era uma paixão. Quando eu estava praticando para o meu teste de direção, fazia a autoescola com o meu amigo (e também futuro piloto de F1) Elio de Angelis. Ele me levou até lá", disse.
"Então, devagar, me tornei um piloto. Primeiro na F3, depois Formula 3000 e um dia recebi uma ligação de Bernie Ecclestone. Parecia fácil, mas não era. Estávamos em janeiro, e o campeonato começava em março. Eu tinha de levantar dinheiro. Eu estava para ir para os EUA, correr na Indy, então tinha duas semanas para juntar dinheiro", afirmou.
Foi então que ela ganhou uma força do destino. Um amigo do pai de Amati se tornou primeiro ministro da Itália (Giulio Andreotti). Ele conseguiu levantar verbas para a filha do amigo, que conseguiu patrocínio necessário para correr pela Brabham.
Sequestro
A maré de boa sorte de Amati veio 14 anos depois de um episódio marcante na vida dela. Em fevereiro de 1978, durante tempos de ausência de leis e violência política na Itália, a então jovem Amati, com 18 anos, foi sequestrada.
Seu pai era, naquela época, um bem sucedido produtor de cinema. E os bandidos pediram a quantia de quase US$ 1 milhão para libertá-la. Amati ficou em cativeiro por 70 dias, até o pagamento do resgate. A imprensa da época divulgou que ela havia se apaixonado pelo sequestrador, o que ela nega.
"Todas as histórias que você lê nos jornais são falsas, completamente falsas. Quando eu saí eu só queria voltar para a minha família e vê-los todos presos", disse.
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