Análise

Análise: como o halo mudará a F1 em 2018

As equipes da F1 já começaram a receber seus primeiros modelos definitivos do halo nas últimas semanas, o que dá a primeira chance real de avaliar o impacto da novidade nos carros de 2018.

Stoffel Vandoorne, McLaren, with halo device

Todos os halos utilizados na pista até agora são “falsos”, representando apenas seu formato. Os testes deram às equipes algumas informações sobre o impacto aerodinâmico, e, em Abu Dhabi, pudemos ver algumas primeiras tentativas de direcionar o fluxo de ar dentro dos limites permitidos.

Os pilotos e a Fia também tiveram a oportunidade de analisar o efeito em termos de visibilidade e de acesso ao cockpit.

Três fabricantes, do Reino Unido, Alemanha e Itália, receberam a autorização para produzir os halos da FIA. As equipes devem decidir qual delas será sua fornecedora, e quantos elas querem – os preços têm em base 15 mil euros (cerca de R$ 58 mil na cotação atual).

O que as equipes apenas puderam estimar até agora foi o impacto estrutural em seus carros, Todos tiveram de desenhar e construir seus chassis de 2018 para aguentar as exigências da FIA em termos de carga com o halo.

As equipes tiveram de não só encaixar o halo, mas também reforçar sua estrutura ao redor do cockpit.

“Há dois testes”, explica o diretor técnico da Force India, Andy Green. “Eles são incrivelmente difíceis de passar, e, se você não for aprovado, não pode correr.”

“Basicamente, eles estão tentando forçar o halo apenas do lado do piloto, com uma grande equipamento hidráulico. Ele é feito para deformar e falhar, e o chassi precisa permanecer completamente intacto, sem um único ponto de falha.”

“Você precisa quebrar o halo para provar que o chassi é a parte mais forte. Esse tem sido o foco de nosso esforço por um bom tempo. Sua introdução foi muito tardia e pegou todos desprevenidos.”

“Você deve tentar desenhar um chassi que não falha, enquanto algo ao seu redor está falhando. É incrivelmente difícil prever como ele interage com o chassi, porque ele se movimenta e se deforma.”

“Temos um grande grupo de pessoas trabalhando nisso. O frustrante é o tempo que temos para fazer isso. Se soubéssemos disso em março, estaríamos em posição muito mais confortável.”

A Force India foi aprovada nos testes da FIA na segunda-feira, e acredita-se que a equipe tenha sido a primeira a obter o feito.

Peso adicional

Além dos testes de impacto, há também uma influência direta na performance que poderá desempenhar um papel na próxima temporada. E isso não vem da aerodinâmica, mas também do peso.

Para 2017, o peso mínimo dos carros havia subido de 702 kg para 728 kg com o peso adicional dos pneus e asas maiores. Para 2017, a FIA acrescentou mais 6 kg, indo a 734 kg, para dar maior margem ao halo.

Contudo, o halo, sua montagem e o reforço do chassi, extrapolaram com folga esse aumento.

“Acho que o peso total na instalação foi de 14-15 kg”, disse Green. “Cerca de 9 kg disso é o halo, e há 6 kg na montagem. A estrutura envolvida na montagem é fenomenal, com muito carbono, muitas partes metálicas.”

Nos últimos anos, as equipes descobriram ser mais fácil produzir carros abaixo do limite de peso, deixando maior margem para uso de lastro para uma melhor distribuição de peso.

“Eu não consigo ver nosso carro usando lastro algum no próximo ano. Isso tem impacto de performance contra equipes que conseguirem usar lastro em seus carros, que podem gastar dinheiro para deixar o carro mais leve.”

Algumas equipes podem encontrar uma forma de montar o halo com um peso acrescentado que seja menor ao da Force India, e essas equipes devem ser as mesmas que conseguirão economizar peso em outras partes do carro.

“Precisamos economizar peso o máximo possível”, disse Eric Boullier, da McLaren. “Nós [F1] continuamos acrescentando coisas no carro. É tão pesado quanto um burro morto, como dizemos em francês.”

“Ainda estamos em posição de luxo para ter algum lastro. A equipe está fazendo um bom trabalho em economizar peso. Você apenas precisa trabalhar para deixar seu carro mais leve.”

“Muitas equipes estão com dificuldades, mas elas já estavam sofrendo agora, então será ainda pior para elas.”

Pressão novamente nos pilotos

A mudança fará com que o peso dos pilotos seja um problema ainda maior – algo que não acontecia desde 2013, mesmo que alguns pilotos ainda reclamem da questão na era V6 híbrida.

Antes disso, pilotos mais altos, como Mark Webber, regularmente expressavam a preocupação com o fato de ser constantemente encorajado a emagrecer ainda mais, o que provocava impacto em sua saúde.

“Pilotos mais pesados serão ainda mais difíceis para as equipes”, disse Green. “É uma decisão que elas tomam quando vão contratar seus pilotos.”

“Ou as equipes gastam dinheiro para deixar o carro mais leve. Elas têm uma escolha.”

Este claramente será um problema para alguns dos pilotos mais altos do grid, como já havia acontecido no assado.

“Estamos cientes disso e já há conversas sobre isso”, disse Nico Hulkenberg. “É uma questão política, e as equipes precisam concordar em mudar o peso, mas algumas não querem.”

“Para mim, como um piloto mais alto e pesado, será definitivamente uma punição A equipe já me disse que poderemos ter problema de sobrepeso e me pediu se eu poderia fazer uma dieta. A resposta foi não!”

Romain Grosjean acrescentou: “Meu carro já está bem no limite, senão um pouco acima do limite. Se o halo de fato for assim tão pesado, será um problema. Eu teria que perder um osso! Sinceramente, eu estou abaixo do peso, e estaria mais pesados se tivesse escolha.”

O impacto comercial

A chegada do halo também poderá influenciar em outras áreas além da técnica, já que potencialmente muda as oportunidades de patrocínio.

“Não somos permitidos a pintar o lado de dentro dele, porque eles não querem que os pilotos sejam distraídos por uma cor em particular”, disse Zak Brown, da McLaren. “Mas, fora do halo, você pode mudar.”

“Isso criará uma exposição extra, mas provavelmente também irá restringir alguma visibilidade ao redor do piloto. A viseira é um local muito valorizado – e, agora, o halo pode assumir essa posição. Tudo depende de como eles irão fazer com os ângulos de câmera.”

Brown também minimizou a possibilidade de a rejeição dos fãs afugentar potenciais patrocinadores.

“É cedo, mas ele será muito visível – e os patrocinadores querem visibilidade. Eu não vejo ninguém dizendo que não quer estar no halo porque não gostam do halo. É um local que proporciona exposição comercial, então eles estarão felizes.”

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