Questões ambientais atrapalham a construção do Autódromo de Deodoro, no Rio de Janeiro, local escolhido para ‘consolar’ o triste fim do tradicional Circuito de Jacarepaguá. O desânimo, entretanto, durou pouco para a Confederação Brasileira de Automobilismo, que admite já trabalhar com uma alternativa para a nova casa da modalidade no estado..
[publicidade]Em entrevista concedida no paddock do Autódromo de Interlagos neste sábado, dia da realização do treino de classificação para o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, Cleyton Pinteiro, presidente da entidade máxima do automobilismo no país, contou ter recebido uma nova proposta para levantar um autódromo de qualidade internacional no Rio.
“Acredito e sempre acreditarei no Rio de Janeiro. Agora tem outra cidade, Itatiaia, que também quer oferecer o terreno para fazer um autódromo. O Rio de Janeiro é uma praça maravilhosa e tem que ter um autódromo. Enquanto eu for presidente da CBA, vou brigar para o Rio de Janeiro ter um autódromo”, garantiu o dirigente.
A alternativa citada pelo presidente se encontra em uma cidade de menos de 30 mil habitantes. Segundo projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Itatiaia atualmente possui uma população de 29.996 pessoas, grupo que, em relação ao automobilismo, possui como referência o kartódromo do município.
Itatiaia é uma das cidades mais jovens do Rio de Janeiro. Declarado como município em decreto publicado em 6 de julho de 1988, o local possui a atual economia voltada para o turismo, muito concentrado no Parque Nacional da cidade, uma das primeiras áreas conservadas no país.
O Rio de Janeiro se encontra ‘órfão’ no momento em relação a um grande autódromo. Desativado no final de 2012, o tradicional Jacarepaguá já se encontra demolido para dar lugar ao futuro Parque Olímpico. Em virtude da destruição do velho, Deodoro surgiu como o ‘novo’.
Contudo, o espaço, um antigo campo de instrução do Exército, ainda possui alguns empecilhos que impedem o início das construções: além de uma licença ambiental negada, soldados do exército realizaram no ano passado uma minuciosa busca no terreno de 2 milhões de metros quadrados para procurar granadas, morteiros e outros artefatos abandonados há décadas.
Já conformado da dificuldade de vencer a queda de braço para iniciar as construções em Deodoro, o presidente da confederação tratou de ironizar as questões ambientais.
“Estive em Deodoro, em não sei o quê do Exército, que fez a doação do terreno. O General quase morreu do coração, mas agora tem os problemas ambientais. Isso no Brasil é muito complexo: eles estavam preocupados com as folhinhas que pisávamos, aí você vê que o negócio não é sério”, sentenciou Pinteiro.
“Quando o vento leva essas folhinhas, aí é o trabalho da natureza, aí pode. Quando ouvi isso, até saí da reunião”, manifestou o dirigente, com planos para instalar um autódromo de qualidade internacional na pequena cidade de menos de 30 mil habitantes.