Conheça epopeia de Hulkenberg para conseguir correr no GP da Grã-Bretanha de F1

Chefe da Racing Point, Otmar Szafnauer, explicou como equipe agiu desde o primeiro exame inconclusivo de Sergio Pérez nesta quinta-feira

Nico Hulkenberg, Racing Point RP20, climbs into his car

Nico Hulkenberg, Racing Point RP20, climbs into his car

Glenn Dunbar / Motorsport Images

Depois de sobrar mercado de pilotos no ano passado, Nico Hulkenberg ficou sem assento, pois a Renault optou por assinar Esteban Ocon como o novo companheiro de Daniel Ricciardo em 2020.

Hulkenberg estava bastante convencido sobre o fato de não conseguir encontrar um assento, dizendo que na época ele não procurava um caminho não competitivo. Mesmo em maio, ele disse que só queria um assento que o "empolgasse".

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E apenas quatro corridas após sua última largada na Fórmula 1, Hulkenberg garantiu exatamente isso, conseguindo uma vaga na Racing Point, que é cobiçada pelo tetracampeão mundial, Sebastian Vettel para 2021.

Hulkenberg estava planejando voltar a guiar nesta semana, inicialmente devido ao teste de um carro GT em Nurburgring. Ele estava - e ainda está atualmente - programado para participar de uma etapa do ADAC GT Masters no circuito, nos dias 15 a 16 de agosto, compartilhando um Lamborghini Huracan GT3 Evo.

Mas enquanto Hulkenberg estava a caminho de Nurburgring, ele recebeu uma ligação logo após as 14h do chefe da Racing Point, Otmar Szafnauer, perguntando sobre sua disponibilidade para correr neste fim de semana, quando o teste de Sergio Pérez para Covid-19 havia resultado inconclusivo.

"Você tem que esperar pelo melhor e planejar o pior, então começamos a planejar", explicou Szafnauer.

"[Hulkenberg] acabara de desembarcar na Alemanha. Ele estava voando para a Alemanha para fazer algum tipo de teste. Ele disse: 'Sim, sim, acabei de pousar aqui. Vou fazer um teste’.”

"Eu disse: 'Bem, talvez você deva entrar em um carro de Fórmula 1.' Ele disse: 'Sim, absolutamente’.”

"Acho que ele passou uma hora no chão em Colônia para pegar seus calçados e um capacete e então ele voou para Birmingham."

"Ele desembarcou aqui, acho que às 19:30h na noite passada."

A Racing Point não estava falando apenas com Hulkenberg sobre a oportunidade. A equipe não tem uma reserva na F1, mas se apoia na Mercedes para usar um de seus pilotos quando necessário: Stoffel Vandoorne e Esteban Gutierrez.

Com Vandoorne indisponível devido a seus compromissos na Fórmula E com a Mercedes em Berlim, Gutierrez, ex-Sauber e Haas, foi considerado, apesar de não ter corrido na F1 desde 2016.

"Fizemos isso em paralelo com Hulkenberg e Esteban Gutierrez ao mesmo tempo", disse Szafnauer.”

"Também temos Stoffel Vandoorne. Mas ele não pôde estar aqui neste fim de semana, pois tem um compromisso com a Fórmula E. Então era Esteban ou Nico".

George Russell também tem ligações para a Mercedes e já havia testado com a Force India, mas nunca considerou a Racing Point, devido ao seu status contratual na Williams.

A sensação da equipe de engenharia da Racing Point era que Hulkenberg se encaixava melhor, dada não apenas sua experiência mais recente na F1, mas também seu conhecimento da equipe. Hulkenberg passou quatro temporadas competindo pela equipe de Silverstone, sob o nome Force India, e conhece grande parte da equipe.

"Pensamos que Nico seria mais apropriado para a nossa equipe porque ele nos conhece muito bem", disse Szafnauer.

"Ele conhece todos os engenheiros, nossos sistemas, nossos processos. Ele guiou em nosso simulador, seria fácil para ele entrar no simulador novamente e também tem uma experiência relevante por ter pilotado na Fórmula 1 no ano passado.”

"Nós apenas precisávamos de alguém que pudesse marcar pontos para nós. Então pensamos que Nico seria o melhor cara para nós".

Quando a FIA confirmou que o segundo teste de COVID-19 de Perez havia retornado positivo, o afastando definitivamente do fim de semana, as rodas já estavam em movimento para Hulkenberg tomar seu lugar, como revelado pelo Motorsport.com.

Szafnauer disse que "não foi difícil" fazer Hulkenberg concordar em correr, mas havia vários outros obstáculos difíceis que precisavam ser superados para colocá-lo no lugar no fim de semana.

Após o desembarque no Reino Unido, Hulkenberg viajou para a fábrica de Racing Point e realizou um teste Covid-19 necessário para entrar no paddock da F1. Ele completou um ajuste de assento na fábrica e manteve conversas com a equipe para estabelecer um contrato, o que também exigia a aprovação do conselho.

A equipe também precisou moldar o assento, além de encontrar um macacão de corrida adequado a Hulkenberg. Acabou sendo cortesia do novo companheiro de equipe, Lance Stroll, que é apenas 2 cm mais baixo que Hulkenberg.

A Racing Point também precisou obter confirmação da FIA de que Hulkenberg poderia substituir Pérez e garantir que sua super licença estivesse em vigor no fim de semana da corrida.

Ao mesmo tempo, a equipe também teve que mudar outros membros do time que interagiram com Perez nos últimos dias. O motorista e fisioterapeuta do piloto mexicano viajaram com ele recentemente e, embora tenham testado negativo para Covid-19, os dois se isolarão pelo mesmo período que Perez.

Outros três membros da equipe do Racing Point haviam completado uma corrida de simulador com Pérez nos últimos dias, mas não interagiram com ele, pois estavam em uma sala separada durante a condução. No entanto, eles fizeram outro teste, que voltou negativo, e atualmente estão trabalhando na fábrica enquanto aguardam os resultados do segundo teste.

Na manhã de sexta-feira, a Racing Point ainda precisava de confirmação final de que Hulkenberg poderia correr. Um segundo teste Covid-19 foi necessário, que teve que ser conduzido pela Eurofins, a empresa que faz toda a triagem para o paddock da F1. Isso foi concluído na manhã de sexta-feira, no perímetro do circuito de Silverstone, com Hulkenberg não podendo entrar até que os resultados fossem confirmados.

Hulkenberg retornou à fábrica de Racing Point para concluir um breve teste em simulador para se acostumar com o carro, o volante e sua funcionalidade. Ele só teve 45 minutos, mas era pelo menos algo para ajudá-lo a acelerar.

E então veio um jogo de espera. Hulkenberg não teve permissão para entrar no paddock de F1 até que Eurofins pudesse confirmar que seu teste fosse negativo, o deixando esperndo enquanto os minutos passavam para a TL1.

Faltando 15 minutos para o início da sessão, chegou a notícia de que Hulkenberg estava negativo para o Covid-19, o que significava que ele poderia entrar no circuito.

Hulkenberg entrou e correu pelo paddock para chegar à área da Racing Point, onde seu traje de corrida estava esperando. Quando a sessão começou, ele já estava no cockpit, com as verificações finais e os testes exigidos pela FIA sendo concluídos a tempo do carro #27 sair para a pista apenas 13 minutos depois da sessão.

A sessão de sexta-feira viu Hulkenberg começar fortemente e mostrar poucos sinais de ‘ferrugem’. Ele terminou em nono no TL1 e em no FP2, a seis décimos de segundo de Stroll, que liderou as tabelas de classificação da Racing Point em um dia satisfatório - embora estressante - para a equipe.

Se Pérez tiver que servir apenas sete dias de quarentena em vez de dez - uma questão que a Racing Point está tentando esclarecer após recentes atualizações das diretrizes do governo do Reino Unido - isso pode acabar sendo uma aparição única para Hulkenberg.

Mas essa oportunidade, sem dúvida, dá a Hulkenberg sua melhor chance desde 2012 de finalmente conseguir um pódio, dada a força evidente do carro. Se conseguir, isso o livraria do recorde indesejado de realizar o maior número de largadas na F1 sem nunca subir ao pódio.

Como Szafnauer disse: "Não seria essa a ironia de todas as ironias?"

SEXTA-LIVRE: Racing Point e Red Bull se destacam na volta de Hulkenberg à F1 no GP da Grã-Bretanha

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