VÍDEO: Ex-chefe de motores da Renault na F1, Penteado conta histórias de Alonso, Nelsinho, Kubica e muito mais
Engenheiro brasileiro trabalhou com pilotos icônicos e tem histórias de sobra na categoria máxima do automobilismo
Único brasileiro a chefiar o departamento de motores de uma montadora da Fórmula 1, Ricardo Penteado deu entrevista exclusiva ao Motorsport.com via live de Instagram e falou sobre vários pilotos que se destacaram na categoria máxima do automobilismo nos últimos anos: desde o campeão Kimi Raikkonen até o veterano Robert Kubica, passando por talentos brasileiros como Nelsinho Piquet e Bruno Senna, além de Fernando Alonso.
O engenheiro, que deixou a Renault no fim de 2019 para desenvolver projeto mantido em segredo, deu detalhes de bastidores sobre o modo de trabalho de cada um dos competidores, inclusive Daniel Ricciardo e Carlos Sainz, que movimentaram o mercado de pilotos da F1 nas últimas semanas. No vídeo, você confere tudo isso e muito mais, com histórias de quem viveu de perto a elite do esporte a motor mundial. Assista à imperdível entrevista abaixo:
Raikkonen
"O Raikkonen teria sido oito vezes campeão do mundo se tivesse nascido 20 anos antes. Na época (2012 e 2013), tinha ele e o Romain Grosjean [na Lotus-Renault]. Eu era engenheiro do Kimi e também já era chefe da Renault na época, mas eu 'tocava' o carro do Kimi".
"O F1 é um avião de caça. O piloto tem que estar bem integrado com a máquina. Tem que saber os botões e tem que pilotar bem. O Kimi 'era campeão do mundo de acrobacia'. O tipo de cara que não precisa ter um monte de reloginho."
"O cara (Raikkonen) tem que ter o cronômetro, o giro e velocidade. Ele tem uma capacidade de '3D' e de timing que é absurda. Em termos de talento natural, o bicho tem uma capacidade de noção de espaço, de saber onde está o carro do lado, da frente, de trás... onde ele está 'no tempo'. Quando ele faz uma curva, se ele passou um milésimo de segundo mais rápido do que na volta de antes, aceleração...".
"E o Romain é astronauta. Do lado técnico, como que a aerodinâmica funciona, como é que o escapamento funciona, como é, na curva, a pressão do pneu... Astronauta, sabe? E o F1 é o avião de caça, então você tem que achar o meio-termo nessa história."
Ricciardo
"Ele é trabalhador, mas a impressão que ele dá não é de um cara que é muito sério, sabe? Ele trabalha, treina e não tem problema nenhum. Mas eu, que trabalhei com Kubica, Bruno [Senna] e até o Kimi, dava uma sensação diferente".
"Eu não sentia a aplicação dele em um nível técnico tão forte quanto eu esperava. Quando o Kubica chegou na Renault em 2010, a gente passou quatro horas conversando com ele e o cara contava muita coisa para a gente sobre como era nas outras equipes pelas quais ele correu".
"Dados técnicos muito importantes, até do motor, da caixa [de câmbio]. Não era espionagem, eram coisas que ele tinha que falar. Era muito interessante e muito rico. Com o Daniel, não foi assim, eu esperava que ele trouxesse mais coisa da Red Bull, mas não teve esse feedback".
"Só que o cara tem um talento natural que está lá, sabe? O cara é talentoso para caramba. Ele consegue fazer acontecer uma volta. Ele tem uma inteligência de corrida muito bacana. Mas vou falar que ele não seria meu piloto preferido", disse, antes de comentar sobre Sainz.
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"O Carlos é um cara no qual eu boto mais fé do que no Daniel. Não sei se é por que o jeito de ele trabalhar combina com o meu. A afinidade que eu tenho com ele em termos de trabalho era muito melhor do que a que eu poderia ter com o Daniel".
"O Carlos teve dois mentores muito importantes: o pai dele [Carlos Sainz, multicampeão de rali] e o Fernando [Alonso]. Além de uma ajuda que é muito legal na equipe dele que é o primo dele, que se chama Carlos [Oñoro, agente do piloto da F1] também".
"Então essa esfera que ele tem é muito bacana. Eles pensam muito em Fórmula 1, em postura, no que fazer para estar sempre progredindo, para sempre sendo o melhor. E você vê nitidamente que o trabalho dele é para ser campeão do mundo, que é para ser o melhor".
"Seja em comportamento, preparação física, atitude... Você vê que o cara não fica só em sair do carro, fazer o feedback e acabou, sabe? Eu acompanhei ele na Toro Rosso, quando a gente [Renault] estava fornecendo motor para Toro Rosso".
"E na Renault e na McLaren também. Você percebe bem a maturidade que ele tem. Para a idade dele, é fora de série. E com certeza foi por causa de tudo que ele trocou de conversa e bate-papo com o pai dele e o Fernando. O cara é bom para caramba", completou Penteado, que também falou mais sobre Alonso, Kubica e outros pilotos de renome na entrevista ao editor-chefe do Motorsport.com, Felipe Motta.
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