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F1: Quem é Terry Fullerton, companheiro de equipe e rival de Senna no campeonato mundial de kart

Britânico campeão mundial de kart em 1973 foi companheiro de equipe do brasileiro de 1978 até 1980

Ser relembrado por Ayrton Senna como o "mais formidável oponente" é para poucos, e não foi nenhum de seus rivais de Fórmula 1 a ter tal título, mas sim um dos adversários do brasileiro nos tempos do Kart: Terry Fullerton, que, ao contrário de Senna, continuou no Kart.

Fullerton foi campeão mundial de Kart em 1973, com carro da Birel, e fez longa carreira na categoria, continuando a treinar jovens pilotos depois da aposentadoria das pistas.

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O britânico tinha 25 anos quando Senna, com apenas 17, se tornou o seu companheiro de equipe pela DAP em 1978. Em pouco tempo, o brasileiro já chamou sua atenção por sua velocidade e talento:

"Fomos testar em um lugar chamado Parma, na Itália, que ficava a cerca de 50 milhas da fábrica da DAP. Ele foi muito, muito rápido no primeiro dia. Então, imediatamente, você percebeu que tinha um pequeno piloto muito talentoso", contou Fullerton em entrevista ao Motorsport.com.

Apesar das boas primeiras impressões, os companheiros de equipe tiveram um bom relacionamento, mas se tornaram ávidos rivais, com Senna sempre tentando ser o mais rápido possível e chegando ao limite, como Fullerton relata o caso de em uma etapa na Itália em 1979.

"Ele estava tentando marcar um tempo antes da classificação. Ele deu a volta nos pneus em uma curva que era quase plana", conta o britânico. "Ele ficou sobre duas rodas, mas não levantou. Ele deveria ter levantado e desviado um pouco para que o kart descesse, mas não o fez".

"Ele estava tão concentrado em tentar ser o mais rápido possível. Ele não levantou e o kart subiu e foi direto para a cerca, com ele primeiro e o kart depois, correndo a cerca de 110 ou 130 km/h. Então, isso foi incomum. Foi realmente um choque".

"Ele estava além do nível de racionalidade", continua Terry. "Foi um acidente horrível. Pulei a cerca e corri até ele, e ele tinha perdido todo o fôlego. Seus olhos estavam olhando para mim quase com medo".

"Eu o acalmei sob o capacete, disse-lhe para respirar e ele começou a respirar depois de uns 10 ou 12 segundos. Depois de recuperar o fôlego, ele se levantou e ficou bem. Esse poderia ter sido um acidente muito ruim".

O relacionamento dos dois chegou a um ponto crítico em 1980, com a etapa da "Copa dos Campeões", na Ítália, corrida com importância semelhante ao do campeonato mundial de kart.

Fullerton venceu a corrida em uma disputa intensa com o futuro tricampeão da F1, com os dois chegando a tocar, mas com o britânico levou a melhor e com Senna ficando revoltado com o resultado.

"Naquela segunda-feira (após a Copa dos Campeões de 1980), ele ainda estava furioso. Do meu ponto de vista, foi uma ultrapassagem justa. Foi difícil porque ele estava se defendendo muito, então tive que ser um pouco enérgico. Não bati na traseira do kart nem nada. Eu o ultrapassei de forma justa, no meu ponto de vista. Nós nos tocamos, ele foi um pouco para fora e eu venci a corrida", conta.

1980 também foi o último ano de Senna nos Karts, conquistando o segundo lugar do campeonato mundial daquele ano, seguido por Fullerton, em terceiro.

O britânico escolheu se manter nas corridas de kart, mesmo sendo talentoso, por considerar as categorias de monopostos perigosas demais.

"Era estúpido, uma loucura", avalia. "Eles morriam como moscas. Era o esporte mais perigoso no mundo naquela época. No final dos anos 1960, 70, era um esporte letal".

O medo da morte também era próximo de sua própria casa, já que Fullerton relata que o irmão morreu nas pistas, correndo com motocicletas, e que a sua família iria odiar se fosse para outra categoria letal.

A notícia da morte de Senna em 1994 o atingiu de forma devastadora quando estava na França, trabalhando como técnico de pilotagem de alguns jovens no kart.

"Eu estava na França treinando alguns garotos de uma equipe inglesa e estava voltando no domingo à tarde. Na verdade, eu estava num barco quando alguém no barco me contou; disse que tinha acabado de saber que Senna havia morrido. Ele não falava inglês muito bem, então era quase uma linguagem de sinais".

"Imediatamente liguei para meu irmão, que eu sabia que estaria em casa assistindo ao GP. Percebi que algo sério havia acontecido porque ele estava chorando e me contou".

"Senti-me compelido a perguntar onde ele estava quando soube que Senna havia morrido e fiquei surpreso com o que descobri".

"Presumi erroneamente que ele estava assistindo à corrida, mas, na verdade, ele estava em uma balsa que cruzava o canal da França para a Inglaterra quando alguém, que mal sabia falar inglês, deu a triste notícia".

Rob Compton foi o ator escolhido para interpretar Terry Fullerton na minissérie Senna, da Netflix.

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Andrei Gobbo
Fórmula 1
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