F1 - Reestruturação, troca de motor e aerodinâmica ousada: entenda as razões por trás do sucesso da McLaren em Monza
Dobradinha no GP da Itália é a culminação de um processo iniciado há anos e que mexeu com a estrutura básica da McLaren
Análise técnica de Giorgio Piola
Análise técnica de Giorgio Piola
A McLaren conquistou uma dobradinha histórica no GP da Itália de Fórmula 1 com Daniel Ricciardo e Lando Norris. A equipe aproveitou as características do MCL35M no "templo da velocidade" e a troca para o motor Mercedes. Mas um ponto foi fundamental: o desenvolvimento aerodinâmico voltado à pistas de baixo downforce, enquanto o carro ainda sofre em curvas lentas.
Em Monza, a McLaren chegou à 183ª vitória na F1, quebrando um jejum que durava desde 2012, quando Jenson Button triunfou no GP do Brasil com o MP4-27, movido pelo motor Mercedes V8 de 2,4 litros.
Quase nove anos depois, a equipe de Woking está de volta ao topo do pódio com Daniel Ricciardo, agora no GP da Itália e com o MCL35M, novamente equipado com um motor Mercedes, o F1 M12 E Performance.
Daniel Ricciardo, McLaren festeggia con i membri del team
Photo by: McLaren
No meio, foram dois ciclos com motores diferentes (Honda e Renault), que não entregaram os resultados esperados, acompanhando a McLaren em um momento de decadência, caindo para o fundo do grid antes de reiniciar o processo de recuperação que, atualmente, à deixa novamente como a terceira força do grid, atrás apenas de Mercedes e Red Bull.
A equipe, liderada por Zak Brown, passou por todo tipo de desafio nesse período: reorganização corporativa com a liquidação de Ron Dennis, a morte de Mansour Ojjeh, além de todos os problemas financeiros enfrentados pela marca britânica.
Daniel Ricciardo, McLaren, 1a posizione, arriva nel Parc Ferme
Photo by: Andy Hone / Motorsport Images
A chegada da Covid-19 complicou ainda mais a situação, forçando a equipe a fazer cortes no grupo, a venda da sede em Woking e mais. Mas essa reestruturação, que poderia ter sido o golpe final na McLaren, acabou sendo uma dádiva que permitiu uma reorganização humana e de recursos.
A McLaren abandonou o sistema de produção em matriz (grupos de trabalho lidando com peças do carro sem saber o que os demais estavam fazendo), passando para um formato de pirâmide, comandado pelo diretor técnico, James Key. Já Brown confiou a gestão da estrutura ao habilidoso Andreas Seidl.
O alemão, que levou a Porsche de volta às vitórias em Le Mans, conseguiu colocar as pessoas certas no lugar certo: Andrea Stella, ex-engenheiro da Ferrari trazido por Fernando Alonso para Woking, é o responsável por desconstruir a matriz, dando a cada departamento uma organização eficiente.
Zak Brown teve a sagacidade de apostar no talento de Lando Norris, alguém criado sob sua proteção, e teve a coragem de chamar Daniel Ricciardo para substituir Carlos Sainz. Em suma, a McLaren tinha todas as condições para florescer novamente, mesmo com números mais limitados que no passado.
Em Woking, eles voltaram a pensar melhor na consistência: o MCL35, que usava motores Renault, já parecia um carro mais do que digno em 2020. Sainz lutou contra Pierre Gasly pela vitória no GP da Itália do ano passado, em uma corrida totalmente anômala, enquanto o merecido sucesso foi recompensado neste ano na mesma Monza.
Um ponto-chave está na troca de motor: a unidade de potência da Mercedes, além de ser inquestionavelmente mais potente do que o da Renault, também permite opções mais extremas.
No ano em que a FIA permitiu apenas algumas mudanças nos carros para conter gastos em meio ao impacto da Covid-19, a McLaren acabou sendo a mais radical no grid, mantendo seus planos de trocar os motores pelos da Mercedes, o que se revelou uma grande oportunidade de crescimento. Para encaixar a unidade de potência, a traseira do carro foi refeita, ganhando em eficiência aerodinâmica além da potência.
Por isso que não deve ser surpresa que, em Monza, a McLaren encontrou as condições ideais para expressar o seu melhor com os dois pilotos. Ricciardo, que agora parecia conformado com o domínio do jovem Norris, encontrou no "Templo da Velocidade" a garra que o tornou famoso.
A McLaren tem se dado bem em pistas rápidas ao explorar a excelente eficiência aerodinâmica, enquanto sofre em pistas mais travadas como Zandvoort, onde o carro sofreu com a boa performance da Ferrari, que foi capaz de explorar as qualidades do SF21, capaz de gerar mais carga em curvas de baixa.
McLaren MCL35 M, dettaglio del diffusore con le due paratie verticali
Photo by: Giorgio Piola
E o desafio pelo terceiro lugar no Mundial de Construtores faz com que, no momento, a McLaren esteja 13,5 pontos à frente da Ferrari, mesmo que o desafio pareça mais aberto do que os números mostram.
O MCL35M é uma máquina que nasceu bem: já nos testes do Bahrein haviam discussões sobre a interpretação dos novos limites aerodinâmicos contornados graças a duas anteparas verticais montadas na parte central do difusor, onde a obrigatoriedade de ficar a 50 milímetros do chão não se aplicam.
Il vecchio e il nuovo fondo della McLaren MCL35 M apparso a Monte Carlo
Photo by: Giorgio Piola
A equipe aerodinâmica de Key foi uma das primeiras a entender quanta carga poderia ser recuperada com o corte em forma de Z do assoalho e, primeiro, projetou um formato bastante acentuado que deu lugar a uma solução muito menos extrema.
McLaren MCL35M dettaglio dell'ala posteriore con i soffiaggi nella paratia laterale
Photo by: Giorgio Piola
Na França, a McLaren despertou a curiosidade, porque franjas verticais surgiram na antepara lateral da asa traseira, quatro fendas horizontais úteis para limpar o trilho, muito semelhantes aos vistos na Red Bull.
Em Paul Ricard, estruturas em formato de orelha também foram montadas no bico, enquanto na Áustria, a parte inferior do assoalho era caracterizado por até oito desvios de fluxo.
McLaren MCL35M, dettaglio dell'ala anteriore di Monza
Photo by: Giorgio Piola
Por outro lado, em Monza, houve uma intervenção nas asas para reduzir o arrasto ao máximo: dois flaps foram cortados na frente para limitar, enquanto a parte superior foi removida atrás na área móvel.
Dettaglio dell'ala posteriore della McLaren MCL35 M usata nel GP d'Italia
Photo by: Giorgio Piola
Mas apesar da Red Bull, que no RB16B adotou um perfil quase horizontal, que tornava o uso do DRS praticamente inútil, a McLaren manteve um certo formato da asa móvel para que, quando este fosse ativado cumprisse sua função, permitindo velocidades máximas maiores, algo que nem mesmo a Mercedes foi capaz de alcançar.
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