Há 35 anos, mundo da F1 perdia Partrick Depailler
Em 1º de Agosto de 1980, o piloto francês morreu após sofrer um acidente durante teste no antigo Hockenheim. Jean-Philippe Vennin faz uma reflexão sobre a carreira do gaulês
Era um dia quente, grande parte das pessoas estava na estrada, a caminho das férias de verão. Naquele 1º de agosto de 1980, as rádios anunciavam a triste notícia da morte de Patrick Depailler.
O francês sofreu um grave acidente durante uma sessão de testes em Hockenheim, quando a pista ainda possuía retas enormes. O Alfa Romeo se chovou violentamente contra a barreira de proteção, sem dar qualquer chance de sobrevivência ao piloto.
Prestes a comemorar o 36º aniversário quando morreu, Depailler era considerado o "Capitão" da que era informalmente chamada ‘Seleção Francesa de F1 – que incluía o então novato Alain Prost e outros sete pilotos.
Início da carreira: motociclismo
Nascido em Clermont-Ferrand, em 1944, Depailler iniciou a carreira no motociclismo, sob a supervisão de Jean-Pierre Beltoise, antes de migrar para as quatro rodas – da mesma forma que fez o mentor.
Ele venceu a edição do Tour de France Automobile de 1970 (com Beltoise) e depois se sagrou campeão francês de F3 no ano seguinte. Em 1972, veio a estreia na F1, a bordo de uma Tyrrell, no GP da França – que àquela época era disputado em Charade, próximo à cidade natal do piloto. Em 1973, o francês ganhou a F2 Europeia.
Produto de um programa de desenvolvimento de pilotos financiado pela empresa de combustível Elf, Depailler foi contratado em definitivo como um dos pilotos da equipe em 1974, substituindo François Cevert, morto durante uma sessão de treinos em Watkins Glen.
Mudança para a Ligier e acidente de asa-delta
Com a Tyrrell, Depailler rapidamente apareceu brigando pelas primeiras posições. Ele foi um dos que pilotou o P34, o famoso carro de seis rodas da equipe, e terminou em quarto lugar na temporada de 1976. O francês bateu na trave muitas vezes, conquistando segundos lugares a rodo, antes de obter a primeira vitória, que finalmente veio no GP de Mônaco de 1978, a bordo de um Tyrrell 008 – um convencional carro de quatro rodas.
Depailler também participou de algumas edições das 24 Horas de Le Mans antes de se juntar à Ligier para a temporada de 1979 da F1, com Jacques Laffite como companheiro de equipe. Vencedor do GP da Espanha, em Jarama, e líder do campeonato quando este chegou à metade, o francês acabou se machucando gravemente em junho daquele ano, quebrando as pernas em um acidente de asa-delta, o que colocou a carreira dele em risco.
Nova aposta: Alfa Romeo
Após recusar a oferta de Guy Ligier por ter sido avisado que se travata de um contrato para ser segundo piloto, Depailler se transferiu para a Alfa Romeo, uma equipa jovem e ambiciosa, em 1980.
Apesar de ainda andar com o auxílio de muletas e praticamente incapaz de colocar as pernas no chão sem sentir uma dor terrível, Depailler superou as classificações ruins das duas primeiras corridas e colocou a Alfa Romeo em sétimo no grid para a prova em Kyalami e em terceiro em Long Beach.
Além disso, o gaulês conseguiu se manter entre os ponteiros no GP de Mônaco durante a prova, até que o carro sofreu uma falha mecânica (foram várias naquele ano) que o obrigou a abandonar a corrida.
Em um ano de recuperação desde o acidente de asa-delta, parecia que os esforços dedicados à fisioterapia estavam dando resultados e Depailler parecia mais confiante. No entanto, essa história foi interrompida com o acidente fatal em Hockenheim.
Alguns meses depois, o jovem Bruno Giacomelli, companheiro do francês, conquistou a pole postion da última etapa da temporada de 1980, o GP dos EUA, em Long Beach, com o carro ao qual Depailler dedicara tanto tempo no desenvolvimento.
Após a corrida, Giacomelli – que não terminou a prova – fez uma singela homenagem ao ex-companheiro: "Ao contrário de mim, Patrick teria vencido com este carro”, disse.
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