Lance da temporada: elegemos três, pois um só não dava...
Button x Vettel, Webber x Alonso, Alonso x Vettel... Foram tantas ultrapassagens marcantes que não houve consenso
O que dizer de uma categoria que tem um empate triplo na primeira posição. O advento da asa móvel e o retorno do Kers proporcionaram um número de ultrapassagens jamais visto na Fórmula 1, mas, curiosamente, as três eleitas pouco ou nada tiveram relação com essas inovações.
Para evitar qualquer tipo de preferência a uma ou outra disputa neste empate, vamos seguir a ordem cronológica. Com ela, aparece primeiro a ultrapassagem de Jenson Button em Sebastian Vettel na última volta do GP do Canadá. Apesar de não ter sido nada espetacular, foi simbólica, pois mostrou um raro erro de Vettel, decorrente da pressão de Button, que havia comido o pão que o diabo amassou na prova toda.
Como no caso do finado Dan Wheldon nas 500 Milhas de Indianápolis, passando JR Hildebrand na última curva, o destino já havia prometido a vitória de Montreal a Button. Coube a Vettel, apenas, ser o Hildebrand da vez.
Em seguida, vamos para a Bélgica. Desta vez, os personagens são Fernando Alonso e Mark Webber. A Ferrari estava na frente, com Alonso saíndo dos boxes e Webber rasgando o chão atrás. Com pneus já aquecidos, o australiano partiu para o ataque. O espanhol, para se defender, deixou pouco espaço para o rival na parte de dentro, pois a curva seguinte seria à seu favor.
Contudo, Alonso jamais imaginou que Webber tiraria o pé. Pelo contrário, na subida para a segunda curva, o piloto da Red Bull manteve o acelerador pressionado e quase bateu roda com o asturiano a mais de 250 km/h. Foi o sinal para Alonso desacelerar e ser 'vítima' de uma das ultrapassagens mais ousadas da história da categoria, em uma das curvas mais temidas.
Depois da prova, Webber garantiu: não prendeu a respiração e só mergulhou do lado do outro carro por ser Alonso quem pilotava. "Quando olhei no retrovisor no topo da curva, vi que ele ainda estava por dentro. Um dos dois precisava aliviar e conseguí uma linha melhor, por isso quem desacelerou foi ele".
Por fim, Monza, Itália. Casa da Ferrari, que precisava de um bom resultado. Abençoado pelos 'tifosi', Fernando Alonso fazia uma largada espetacular partindo de quarto e assumindo a ponta. Por quatro voltas, até Sebastian Vettel mostrar os motivos pelos quais rumava ao bicampeonato e se igualava a ele.
Após uma boa tomada de curva na primeira chicane, Vettel viu uma chance de passar Alonso. Por fora, na Curva Grande, contornada a nada menos que 290 km/h. Alonso, por dentro, não daria mole, pois relembrou a ultrapassagem que recebeu de Webber na Eau Rouge. E, quando o alemão colocou o Red Bull por fora, o espanhol deixou, suavemente, sua Ferrari "esparramar"; ou seja, abriu mais que necessário, justamente para ver o alemão tirar o pé.
No entanto, Vettel devia estar pensando apenas em uma frase. "Vai que dá". Era difícil, mas ele não tirou o pé. Nem quando, na saída da curva, andando por fora, colocou as duas rodas na grama a mais de 310 km/h. Contudo, com muita perícia, conseguiu manter a velocidade e efetuar a ultrapassagem na chicane seguinte. Ultrapassagem épica, que só serviu para mostrar porque Murray Walker, lenda viva que acompanha a F-1 desde os anos 50, considera esta a melhor geração da história.
Resultado final
Webber x Alonso Bélgica, 40 pontos
Vettel x Alonso Itália, 40
Button x VettelCanadá, 40
Webber China, 25
Exibição de Piquet com a Brabham Brasil, 20
Alonso largada Espanha, 20
Massa x Alonso x Webber Bélgica, 20
Massa x Hamilton Inglaterra, 15
Hamilton x Schumacher Monaco, 10
Heidfeld largada Malásia, 10
Button x Hamilton Canadá, 5
Button Canadá, 5
Alonso largada Itália, 5
Nick Heidfeld explosão Alemanha, 5
Completando o pódio...
Ele pode ter tomado um banho de performance durante o ano em relação ao companheiro Sebastian Vettel, mas o que mais marcou a temporada de Mark Webber foi a garra. Não foi uma única vez que que ele teve de escalar o grid por conta de problemas diversos, mas sua atuação na China ficou marcante, largando em 18o e chegando nada menos que em terceiro, apoiado em uma ótima estratégia e em uma pilotagem idem.
Outro lance que não pôde ficar de fora foi a largada de Fernando Alonso. Começar bem uma prova foi uma das qualidades mais vistas no espanhol, que muitas vezes era mais rápido que sua 150th Italia. Em Barcelona, precisou de apenas 11 segundos para pular de quarto para primeiro, deixando em polvorosa a torcida que lotava as arquibancadas. No fim, Alonso foi quinto, uma volta atrás de Vettel, mas o valor do ingresso foi compensado com esta largada, uma das obras de arte de 2011.
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