Nelsinho revela como a família Piquet lida com idolatria a Senna
Filho de Nelsão também falou ao Motorsport.com sobre a relação de seu pai com a imprensa
Primeiro campeão da Fórmula E, ex-piloto da Fórmula 1 e hoje na Stock Car, Nelsinho Piquet deu entrevista exclusiva ao Motorsport.com e revelou como sua família lida com a idolatria a Ayrton Senna, compatriota e rival de Nelson Piquet na elite do automobilismo.
Os pilotos marcaram época na categoria máxima entre os anos 1980 e 1990 e dividiram a preferência do público no Brasil. Piquet conquistou seus três títulos antes de Senna, cuja morte no GP de San Marino de 1994 completa 26 anos nesta sexta-feira.
De forma inédita e ponderada, Nelsinho falou sobre como os Piquet encaram a paixão por Senna, hoje mais popular que 'Nelsão'. Com sinceridade e respeito a Ayrton, o piloto deu sua opinião e comentou sobre como o pai lida com o assunto. Confira o imperdível relato:
"Eu acho que um dos motivos por que meu pai cada vez mais se afastou da imprensa pode ter sido essa relação que o Senna tinha com a imprensa. De ele ser preparado para lidar com a imprensa, preparado como 'pilotinho' da Globo, vamos dizer, né...", analisou Nelsinho.
"Meu pai acabou se afastando e tendo a vida dele, entendeu? Meu pai não precisou de fama nem de nada disso para conquistar as coisas que ele quis, né... Ele, depois da F1, abriu a própria empresa e é super bem-sucedido. Mas ele fez isso no suor, na garra e na briga".
"Você abrir uma empresa, ter 500, mil funcionários e um negócio que dá lucro todo ano não é fácil hoje em dia no Brasil, né... E o meu pai começou a fazer isso com 40 e tantos anos, então... Assim, [Nelson e Senna] são pessoas diferentes, com características diferentes", ponderou.
"Obviamente, a morte do Ayrton, em um acidente em que ele estava pilotando durante uma corrida, tudo isso criou uma história muito triste. Doeu bastante para todo mundo ver um piloto brasileiro morrer pilotando. E o Senna adorava carregar a bandeira do Brasil...".
"Feito para a mídia"
"Como eu disse, ele foi feito realmente para a mídia. Parece que ele foi treinado para isso na comparação com outros pilotos, e não só o meu pai. Os pilotos dos anos 1960 e 1970, eles não tinham muito isso", comparou Piquet.
"Os jornalistas que estavam lá que eram apaixonados por corrida, aqueles jornalistas que respiravam gasolina também. Eu acho que hoje em dia é diferente. As mídias mandam os jornalistas para as corridas e, para ser bem sincero, já passei por isso inúmeras vezes...".
"Quantos jornalistas que já me entrevistaram que estavam em sua primeira corrida, não fizeram o dever de casa e fizeram aquelas perguntas completamente... Não vou nem falar o adjetivo. Mas eu acho que quando o jornalismo foi se profissionalizando no mundo do automobilismo, meu pai...".
"Não é que não se adaptou, mas foi mais no final da carreira dele. Acho que teve o fato também de ele ser de Brasília e, quando ele vinha correr em São Paulo de Super Vee, dava pau em todo mundo aqui. Todo mundo de São Paulo odiava ele", afirmou Nelsinho.
"Então, assim, quando Ingo [Hoffmann] ou quando Chico [Serra] venciam na Inglaterra de Fórmula 3 ou alguma coisa, eles [jornalistas] davam uma atenção gigantesca para os dois nas mídias, nos jornais e na TV em São Paulo".
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"E quando meu pai vencia, não era o caso. Então acho que isso foi uma coisa que, com o tempo, foi criando esse distanciamento. Acho que não foi uma coisa que aconteceu da noite para o dia, né... Foram vários casos assim".
O que incomoda Nelsinho?
"A única coisa que me incomoda é essa turminha de 15 até 25 anos, talvez, que nunca viu o Ayrton correndo, nem meu pai e nem o Emerson, e ficam falando besteira, entendeu? Eu entendo o lado emocional pelo Ayrton, porque ele foi um super piloto e levou o Brasil ao topo".
"Mas isso não dá direito a um cara que não tinha nem nascido e viu algumas fitas de querer ser contra Piquet ou querer falar mal de Piquet. Só por meu pai ser diferente ou meu pai falar mal, talvez, da política... Ou enfim, de dar opiniões, ele é muito transparente, claro e sem filtro".
"E isso aí que me incomoda às vezes. Os caras nunca viram nenhum dos grandes brasileiros correndo e ficam aí criticando sem entender, sem saber da história, sem saber de absolutamente nada", completou Nelsinho.
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