"O talento que Deus me deu me atrapalhou", avalia Pizzonia
Piloto brasileiro diz que fracasso na Fórmula 1 se deveu à queima de etapas nas categorias de base: "Não sabia trabalhar"
Poucos pilotos chegaram tão badalados à Fórmula 1 nos últimos anos quanto Antonio Pizzonia. Aos 22 anos e com títulos da Fórmula Vauxhall, Fórmula Renault e da F-3 Inglesa, o brasileiro chegou com status de futuro campeão em 2003, na Jaguar, após um ano como piloto de testes da Williams. E acabou saindo da categoria dois anos depois com apenas oito pontos conquistados e muitas decepções.
Dividindo-se atualmente em competições de Endurance e Grand-Am, Pizzonia acredita que todo o sucesso das categorias de base tenha dificultado sua caminhada na categoria principal do automobilismo.
“Sempre disse que Deus me deu um talento natural que me ajudou muito mas, por outro lado, também me atrapalhou", reconheceu à Rádio Jovem Pan. "Eu cheguei muito rápido: se eu planejava fazer a Fórmula Renault, por exemplo, por dois anos para amadurecer, isso não acontecia, porque eu chegava no campeonato e era campeão no primeiro ano e tinha de mudar de categoria. Foi assim praticamente em todas as categorias por que passei.”
Até chegar na Fórmula 1, a única categoria de monopostos em que o amazonense fez dois anos foi naquela que era o último degrau na época, a F3000.
“Fui meio que forçado a pular a fase de amadurecimento. As coisas aconteciam com uma facilidade muito grande. Era muito natural para mim sentar em um carro e me adaptar rápido. E então eu cheguei em um nível em que precisava muito mais do que só sentar em um carro e virar rápido.”
O resultado de tanta facilidade foi uma falta de experiência para lidar com situações em que os tempos não eram rápidos o suficiente, reconhece o piloto, hoje com 33 anos.
“Eu nem tinha conhecimento de como era trabalhar em reuniões. Isso não acontecia comigo. Eu chegava, dava duas voltas e já era o mais rápido da pista. Esse lado acabou me atrapalhando, porque não tive o trabalho de me dedicar 1000% para melhorar. Quando cheguei em um nível no qual precisava de um foco maior, eu nem sabia como fazer isso.”
Porém, o piloto garante que não tem arrependimentos e prefere olhar o lado positivo de ter saído de uma cidade com nenhuma tradição no automobilismo e chegado ao topo do esporte.
“Não posso me culpar. Hoje olho para trás e vejo como as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas errar e acertar é natural da vida. Infelizmente, muita coisa que eu desejava, não aconteceu, mas muita coisa com a qual nem sonhava, aconteceu: ninguém imaginaria que um menino de Manaus pudesse virar piloto e eu consegui.”
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