Quais são as novas regras técnicas da F1 para 2023 e por que elas foram adotadas?
Em meio a revolução das regras para 2022, a próxima temporada trará mais mudanças, sobre tudo em relação ao assoalho
Análise técnica de Giorgio Piola
Análise técnica de Giorgio Piola
Os regulamentos técnicos da Fórmula 1 estão em constante revisão porque a FIA se vê obrigada a introduzir modificações por motivos de segurança.
Isto pode acontecer quando há uma grande mudança de regulamento, como o desta temporada, que normalmente dão lugar às modificações ao longo da temporada, e o que é mais importante, ajustes que entram em vigor na temporada seguinte e nos anos seguintes.
As principais mudanças para 2023 se concentram no assoalho dos carros, devido aos quiques que os monopostos sofreram sejam em grande ou pouca quantidade, mesmo que algumas equipes acreditem que essas modificações não sejam justificáveis.
Como resultado, e após uma negociação entre o órgão dirigente e as 10 equipes do grid, a FIA precisou suavizar seu objetivo de mudança em comparação com suas ideias iniciais.
A princípio, o órgão queria que a parte exterior do assoalho fosse levantada em 25mm e que testes de carga mais rigorosos fossem aplicados para que o piso não se flexionasse mais do que deveria, algo que reduziria a capacidade das equipes de aproximar a borda do solo em relação à superfície da pista e assim, ganhar rendimento aerodinâmico.
Assoalho do Ferrari F1-75
Photo by: Giorgio Piola
Mas, depois de um acordo, a normativa se modificou com um aumento um pouco menor do solo, em 15mm de altura na borda exterior do assoalho para 2023, com uma deflexão vertical que não supere os 5mm quando se aplicado uma carga de 250N na direção descendente e não mais que 5mm na vertical quando se aplicado uma carga de 250N na direção ascendente.
Para 2022, estes valores são de 8mm e 12mm respectivamente, portanto as equipes precisarão aumentar a rigidez dos assoalhos para superar com êxito os testes submetidos. Também foram introduzidas mudanças na geometria da borda do assoalho para fixar qualquer cabo solto que o corpo administrativo julgar necessário.
Em um movimento relacionado, a FIA também reduziu o número furos necessários que necessitam para medir a legalidade de seis para quatro, com dois novos furos colocados na seção central considerados muito importantes.
Quais são as mudanças na asa dianteira da F1 2023?
A FIA também fez mudanças em relação a asa dianteira, com medidas para restringir ainda mais o design de união do flap e da placa final, o que praticamente descarta o complexo design introduzido pela Mercedes no GP do Canadá (acima).
Entretanto, as equipes terão um pouco mais de liberdade em termos de ajustes, já que nestes momentos os flaps só podem ter 35mm de ajuste e a FIA vai subir para 40mm a partir de 2023. Além disso, o raio de filtragem entre os elementos e o suportes que podem ser utilizados foi aumentado de 2mm para 4mm, uma mudança que também é compartilhada na asa traseira.
Já que estamos falando da parte traseira do carro, vale destacar que há uma mudança na altura dos acessórios da asa traseira, pois eles terão que ser montados 60mm mais altos que em 2022. E, neste sentido, temos outras duas mudanças, já que os parafusos de montagem entre a unidade de potência, o chassi e a transmissão exigirão uma resistência a tração superior a 100kn a partir da próxima temporada.
Quais são as mudanças no santantônio para 2023?
Alfa Romeo C42 de Zhou Guanyu depois de sua batida
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Dada a magnitude do acidente de Zhou Guanyu no GP da Grã-Bretanha, a contínua busca pelo aumento da segurança também provocou a introdução de uma série de mudanças no design do santantônio para aumentar as cargas que deve suportar.
Essa nova regra provavelmente vai obrigar algumas equipes a redesenhar a estrutura do arco a 935mm por cima do plano de referência, enquanto qualquer parte construída por cima dele deve ser capaz de suportar um impacto de 15g com o solo e ser feita de um material resistente à abrasão.
Além disso, o arco de segurança deve ser capaz de suportar forças aplicas à frente, como as forças aplicadas atrás que já tinham que suportar anteriormente.
Quais outras novidades apresenta o regulamento da F1 em 2023?
Felipe Massa, Venturi, com sua câmera de capacete com a visão do piloto
Photo by: Sam Bagnall / Motorsport Images
As imagens capturadas pela "câmera do visor" foram recebidas com elogios e estão destinadas a se tornar um item básico para transmissões futuras. A FIA aumentou o número de posições que esta câmera possui de seis para sete, incluindo uma que será instalada à frente no capacete do piloto (à direita da imagem de Felipe Massa acima).
Quanto ao peso do carro, ele será um pouco reduzido, pois a massa mínima inicial de 796 kg antes de 2022 voltará. No entanto, o peso mínimo da unidade de força também aumentou, pois alguns dos tubos serão incluídos agora em seu perímetro.
Para evitar uma situação semelhante à que vimos nesta temporada, onde o combustível foi considerado muito frio, os regulamentos foram alterados para acomodar um limite de temperatura mais baixo.
A regra agora diz: "O combustível em um carro não deve ser mais frio que: 10º C abaixo da temperatura ambiente, ou 10º C (anteriormente 20), a qualquer momento após o carro ter saído dos boxes." .
A verificação da densidade do combustível também reduzirá a tolerância entre o combustível usado e o valor extraído durante a análise de pré-homologia de 0,25% para 0,15%, limitando ainda mais qualquer chance de ganho de desempenho.
Além disso, todos os tanques de combustível devem ter uma válvula de pressão para evitar a sobrepressurização, enquanto a pressão interna máxima exercida não deve exceder 1,0 barG.
Ferrari F1-75 tubulação de exaustão e wastegate
Photo by: Giorgio Piola
Também foram feitas alterações nas regras relativas ao escape e wastegate, com uma nova cláusula adicionada para 2023 que afirma: "Qualquer tubo de escape através do qual passam todos os fluídos que saem da válvula de escape deve ter uma seção transversal interna inferior a 1500 mm2 e todas as superfícies externas devem ter um efeito aerodinâmico mínimo no fluxo de ar externo".
Mudanças também foram feitas nos regulamentos que permitirão que as equipes adicionem cercas de proteção contra detritos nas entradas da linha de freio traseiro, na tentativa de reduzir possíveis danos.
Podcast #191 – O que primeira parte da temporada da F1 em 2022 trouxe de bom e ruim?
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