Série mostra estopim da rivalidade entre Senna e Piquet
Episódio de "Ayrton - Retratos e memórias", exibida no Canal Brasil, relata famosa história de Nelson Piquet falando sobre a sexualidade de Senna em 1988
O automobilismo brasileiro vivia grande fase nos anos 1980. Nunca em período tão curto o país teve campeões mundiais de F1 tão presentes entre a torcida. A penetração de Ayrton Senna e Nelson Piquet em torno dos fãs fez com que se rotulasse os "sennistas" e os "piquetistas", fenômeno que ocorre até hoje em comentários de matérias que envolvam os dois pilotos, principalmente quando o assunto é a comparação entre eles.
O terceiro episódio da série "Ayrton - Retratos e Memórias", produzida pelo biógrafo de Senna, Ernesto Rodrigues e exibida pelo Canal Brasil, vai abordar neste sábado este assunto tão controverso. O que poderia servir de orgulho para qualquer país - ter dois campeões de F1 em tão pouco - acabou dividindo os adeptos de cada um. O mais intrigante desta história, é que o autor do livro e da série sobre Senna, Ernesto Rodrigues, afirma que até antes de se envolver com os projetos, se considerava um "piquetista":
"Sou ex-piquetista, mas não virei sennista. Tem uma época na sua vida que você torce, mas depois, para. Fui um dos últimos a reconhecer (os méritos de Senna) porque fiz parte de um grupo que reagiu àquelas pessoas que não entendiam muito de F1 e faziam parecer que antes do Ayrton ninguém havia feito nada."
"Isso me incomodou muito. Não foi tanto pelo Ayrton, mas foi pelo carnaval que foi feito em cima dele. Então desenvolvi e dilapidei todos os argumentos esportivos, não de baixaria, para comparar os feitos dos dois e também engrandecer o Nelson", disse em entrevista exclusiva ao MOTORSPORT.COM.
É sabido que os dois tricampeões nunca foram amigos, mas o ponto alto da rivalidade foi nos treinos de Jacarepaguá na abertura da temporada de 1988, segundo Ernesto Rodrigues. De um lado, Nelson Piquet, que acabara de se tornar o primeiro brasileiro tricampeão da F1 e do outro, Ayrton Senna, que havia assinado contrato com a McLaren e contava com a expectativa de vencer o seu primeiro título.
"Tudo começou no treino de Jacarepaguá, a partir de uma provocação do Ayrton via imprensa, quando disse 'sumi para ele aparecer um pouco' e daí então o Nelson, já tricampeão, chutou o pau", explicou.
Quem conta a história detalhadamente na série, até por ter participado dela diretamente, quando trabalhava para o Jornal do Brasil, é Sergio Rodrigues:
"Entre o fim da temporada 87 e o início da seguinte, o Senna desapareceu, não deu entrevista a ninguém. No autódromo de Jacarepaguá ele apareceu ao lado do Galvão Bueno e perguntei a ele 'Por que você passou esse tempo todo sumido?' e ele respondeu:'eu sumi para o outro lá aparecer. Ele foi campeão e os jornais só querem falar comigo'."
Sergio ainda deu chance a Senna de voltar atrás da declaração:"Perguntei a ele:'posso publicar essa brincadeira?' e ele disse que podia", declarou o jornalista durante o capítulo da série de hoje.
"A matéria foi publicada e o Piquet ficou puto, porque o cara é campeão do mundo e vem outro tirar onda da cara dele. Daí ele chamou o Eloir Maciel, que também trabalhava no JB e disse 'eu quero que você bote lá no seu jornal que o Senna sumiu porque ele não sabe explicar para ninguém porque ele não gosta de mulher, porque ele é viado."
Ainda, segundo Sergio, Ayrton preferiu não dar resposta junto com a matéria. Celso Itiberê, que também participa do episódio, falou também que após o caso, Senna jurou que nunca mais falaria o nome Nelson Piquet.
Mesmo admirador de Piquet, Ernesto Rodrigues também falou sobre a transformação de sentimentos sobre o piloto de Brasília. Para o jornalista, a personalidade de Piquet mudou nos últimos anos quando o assunto é seu arquirrival brasileiro:
"Infelizmente ele está se revelando uma pessoa que tinha bom humor, mas que acabou virando amargura por tudo que ele fala sobre o Senna. Eu até brinco, dizendo que a única pessoa que ainda não aceitou a morte do Ayrton Senna é o Nelson Piquet, tão latente a raiva e o desprezo quando ele faz comentários sobre o Ayrton."
Independentemente de preferências, Ernesto também tinha a intenção de escrever a biografia de Piquet, mas que acabou não dando certo:
"Cheguei a mandar uma carta ao Nelson propondo uma biografia, super caprichada e ele nem respondeu. E foi até bom não ter acontecido", disse. Os motivos para o alívio são jornalísticos.
Segundo Ernesto, a distância que tinha com Ayrton ajudou na apuração e elaboração do livro e da série, coisa que talvez não poderia dar certo com Nelson, já que antes, o próprio se declarava "piquetista."
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