"Vou chutar a b**** do Senna": Hakkinen conta como foi superar Ayrton na McLaren
Piloto finlandês fazia sua estreia na equipe ao lado do já consagrado tricampeão

Bicampeão da Fórmula 1, Mika Hakkinen já teve como objetivo "chutar a bunda" de Ayrton Senna. É o que o finlandês contou ao podcast oficial da F1, Beyond the Grid. O relato do piloto remete ao GP de Portugal de 1993, em que o competidor fez sua estreia na McLaren ao lado do brasileiro, após a saída do norte-americano Michael Andretti da equipe de Woking. "Vou para Portugal para chutar a bunda do Senna e ir mais rápido do que ele", disse Hakkinen.
"Esse era o meu objetivo. Eu sabia que nosso carro não era rápido o suficiente para bater as Williams, mas eu pensei: ‘A única coisa que eu preciso fazer é ser mais rápido que ele [Ayrton]’. E aconteceu. Foi uma volta muito boa. Não acho que eu poderia ter ido mais rápido que fui. Foi uma volta fantástica", relembrou. Na primeira sessão de qualificação em Estoril, Hakkinen 'anunciou' sua chegada ao bater Senna por 0s002. Depois, aumentou a vantagem para 0s048.
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"Eu pensei: ‘Não é possível que o Ayrton vá mais rápido que isso’. E também senti que ele não estava 100% psicologicamente. As expectativas dele para o começo da temporada estavam altas e foi por isso que ele decidiu ‘ficar’ na McLaren, então ele começou a perder não a motivação, mas não estava totalmente lá. Então quando eu fui mais rápido ele pensou: ‘Oh, Meu Deus, isso não é bom para mim’", ponderou.
A permanência de Senna na McLaren fez com que Hakkinen não corresse a maior parte da temporada. A decisão tardia do tricampeão de fazer um acordo corrida a corrida com a equipe ao lado de Andretti foi a causa. O finlandês, então, foi 'rebaixado' à reserva. A saída da Honda deixou o brasileiro inseguro do potencial do carro com motor Ford Cosworth V8 comparado às Williams-Renault V10 de Alain Prost e Damon Hill, mas Senna venceu três das primeiras seis corridas.
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Em Portugal, porém, a história não foi tão boa para o brasileiro, que largou em quarto, logo atrás do companheiro. De todo modo, ambos abandonaram. Ainda assim, a derrota na classificação teve de ser engolida pelo tricampeão, segundo Hakkinen: "Ele não estava chocado e estava simplesmente me perguntando o que eu tinha feito. E estava sério. Eu poderia ter explicado a parte técnica e tudo mais, mas não quis entrar nisso. E acho que isso o incomodou um pouco".
"Acho que ele interpretou errado no sentido de eu não querer dizer, mas essa não era a minha intenção. O cara que é tricampeão e vê o companheiro novo chutar sua bunda na classificação certamente pensa que é para brincadeira. Era hora de ele começar a trabalhar. E, para mim, foi normal. E os mecânicos e engenheiros tinha um sorriso no rosto e estava realmente felizes, porque o time se esforça demais".
"Claro que posso ser mais rápido que ele"
"Eles devem ter pensado: ‘Agora você teve a lição, não se consegue tudo ‘de graça’. Porque acho que Ayrton não gostava muito dos testes. Se você quer que o time vença e que o carro seja rápido, você tem que se esforçar. Mas ele era tricampeão e já tinha feito seu trabalho. Então ele foi, fez seu trabalho e foi apenas isso. Mas não tinha problema. E eu tinha confiança de que eu seria um vencedor. Não tinha nenhum medo: ‘Claro que posso ser mais rápido que ele’", afirmou Hakkinen.
O 'Finlandês Voador' também foi questionado sobre o impacto que a classificação em Portugal teve em sua carreira na F1: "Foi quando pensaram: ‘É, esse cara é rápido, tem talento e pode fazer coisas grandes’. O time viu meus dados e tudo, eles sabiam o quão rápido e comprometido eu era e que poderíamos fazer coisas boas. Mas esse episódio de Estoril fez com que eles pensassem: ‘Nós temos um bom piloto no time e Ron [Dennis] fez uma boa decisão ao contratá-lo’."
Williams vs McLaren e o whisky de Keke Rosberg
O campeão das temporadas 1998 e 1999 também revelou que poderia ter ido para a Williams, e não para a McLaren, em 1993: "Eu estava no chalé do Keke. Foi antes do Natal em 1992. O fax do Keke mostrava de tudo, diferentes opções... E foi uma bela situação, sabe... Eu estava relaxado. Eu estava bem de boa: ‘Isso parece bom’. E claro que Keke estava bem nervoso. Ele tinha seu copo de whisky e oferecia para mim: ‘Não, não, estou de boa’.
"Mas foi uma grande pressão para Keke. Para mim, foi fácil. Mas era uma séria decisão. Acho que muitas pessoas pensam que foi pelo dinheiro. E, claro, foi uma parte muito importante do negócio. Mas, para mim, eu tinha uma confiança na McLaren. O que eu experimentei nos meus primeiros anos na F1, olhando para os pilotos anteriores da Williams, antes de 1992, e todas as conversas tudo mais, vi quão ‘felizes’ eles estavam com o time", seguiu.
"E reconheci que haviam diferenças em relação a como a equipe operava. Senti que o piloto teria respeito completo da equipe. De todos que estavam trabalhando na McLaren. E senti que os pilotos eram ‘só’ os pilotos para a Williams. E eu disse a Keke que queria ir para a McLaren. Acho que ele ficou surpreso. Ele me perguntou: ‘Por que você quer fazer isso’? E eu expliquei que era o que eu sentia, que a McLaren tinha uma grande história e que os pilotos eram tratados de forma diferente".
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