Análise: Conclusões após testes da MotoGP no Catar
Após o fim da pré-temporada, Oriol Puigdemont avalia como está a relação de forças às vésperas do início da temporada 2017 da MotoGP
Viñales não deixa ritmo cair
Quando Maverick Viñales andou com a Yamaha pela primeira vez no ano passado, em Valência, muitos observadores previram uma rápida adaptação do espanhol à nova moto. Mas ninguém, nem mesmo dentro da equipe, imaginou que isso aconteceria tão rápido e de forma tão devastadora.
Viñales não aliviou em nenhum momento durante a pré-temporada: ele foi o mais veloz em sete das 11 sessões de testes e terminou como o mais veloz no combinado dos tempos em todas as pistas. Isso indica que o novo piloto da Yamaha deve ser competitivo em todas as pistas e condições.
Há poucos dias da abertura da temporada, a única questão que ainda fica sem resposta é se Viñales conseguirá lidar com a pressão de lutar por vitórias em todos os finais de semana. Entretanto, com o que foi visto até o momento, será uma grande surpresa se o espanhol acabar afetado pela pressão.
Márquez segue escondendo o jogo
É difícil saber qual será o desempenho de Marc Márquez na prova de abertura da temporada, especialmente após o atual campeão da MotoGP cair cinco vezes nos três dias de treinos em Losail.
Márquez diz que a Honda está em uma situação melhor do que no mesmo período do ano passado, quando ele e os demais pilotos da fabricante japonesa sofreram com a deficiência da moto nas acelerações.
O espanhol sabe que Viñales certamente será um adversário duro na batalha pelo título, mas ainda não se sabe qual estratégia Márquez escolherá para o campeonato, já que correr pensando em resultados - como em 2016 - pode não ser suficiente contra o novo rival.
Rossi falha na busca por respostas
No outro lado da garagem da Yamaha, Valentino Rossi viu as preocupações ganharem corpo conforme os testes se passavam e a situação piorou na bateria final em Losail.
Rossi e o time até tiveram um segundo dia positivo e pareciam ter encontrado o caminho, mas na sessão final no Catar o italiano percebeu que havia algo de errado: quando é veloz com a moto de 2017, ele não sabe o que fez para isso.
Ainda assim, é de amplo conhecimento que Rossi não é um piloto de mostrar tudo nos testes. Logo, não será nenhuma surpresa se o italiano aparecer na frente quando o campeonato começar.
Ducati diminui expectativas
Se na Yamaha o clima é alegre pela rápida adaptação de Viñales à M1, a Ducati percebeu que precisará esperar um pouco mais para ver Jorge Lorenzo extrair o melhor da Desmosedici GP17.
Lorenzo segue sendo um piloto muito competente, mas tem algumas particularidades - algumas boas, outras nem tanto. No Catar, por exemplo, o espanhol seguia trabalhando na posição ideal em cima da moto e na adaptação aos controles.
"Nosso objetivo ao contratar Jorge é brigar pelo título, ainda que esteja claro que não somos capazes de fazer isso agora", disse Gigi Dall'Igna no último dia de testes no Catar.
Como Lorenzo ainda não pilota do jeito que gostaria e a Ducati não é competitiva como se esperava, a questão que permanece é o quanto os dois lados terão paciência um com o outro com o andamento da temporada.
Pedrosa, o azarão?
Após uma temporada 2016 que foi uma das mais difíceis da carreira, Dani Pedrosa parece ter recuperado a alegria depois de fazer uma série de mudanças que tiveram efeito positivo no desempenho da pré-temporada.
A mudança de chefe de mecânicos - saiu Ramon Aurin e Giacomo Guidotti chegou - além da contratação de Sete Gibernau como consultor de pilotagem fizeram bem para Pedrosa, quinto mais veloz em Sepang, a dois décimos de Viñales.
Em Phillip Island e Losail, Pedrosa terminou em terceiro no combinado dos tempos, reforçando a boa forma. Em todas as sessões, o espanhol caiu apenas uma vez, o que pode indicar que ele pode ser ainda mais veloz.
“Mudamos muita coisa dentro do time que ajudaram. Um pouco em relação aos pneus, um pouco no time e um pouco de mim mesmo. Se você tem todas essas sensações positivas e confiança, você se sente mais forte", disse.
Iannone regride
O Andrea Iannone que começou a caminhada com a Suzuki em Valência parece outro quando comparado ao que terminou a pré-temporada. As sensações positivas de Valência e Sepang sumiram em Phillip Island e Losail.
Segundo o italiano, a Suzuki tem muita aderência na traseira, o que frequentemente força a dianteira. Essa característica, segundo Iannone, faz com que ele precise modificar o estilo de pilotagem para um modo que não o agrada.
“Não é fácil, especialmente com pneus novos", disse Iannone. "Estou tentando me adaptar, mas para ser veloz com esta moto você precisa pilotar como Maverick - um estilo que não é o meu.
"Sigo tentando, mas isso não acontece naturalmente. Ele nunca freava com a moto já inclinada - ele sempre freava antes e depois começava a inclinar a moto, no último instante."
Olho em Folger
Dos quatro novatos que vão estrear na MotoGP neste ano, Jonas Folger parece ser o que melhor se adaptou até o momento. Ele é veloz em uma volta e nas simulações de corrida, além de não cometer muitos erros.
É evidente que a Yamaha de 2016 tem grande parte na adaptação de Folger por ser a moto mais equilibrada da temporada passada, além dos novos pneus Michelin. Mas ao olhar para a batalha interna contra Johann Zarco na Tech 3, o alemão levou vantagem.
Neste momento, falta confirmar como Folger lidará com a pressão nas corridas. Até o momento, tudo está correndo bem e, ao olhar os tempos de volta, não será um choque ver o germânico terminar entre os oito primeiros na estreia na MotoGP.
Problemas para a KTM
Os testes no Catar mostraram a dimensão do desafio que a KTM precisa superar. A fabricante austríaca levou para Losail um motor novo e, teoricamente, mais dócil. Entretanto, os resultados não foram os esperados e agora a KTM fará um terceiro motor.
Com isso, os austríacos estão mais atrás do que esperavam após as sessões em Phillip Island, quando eles ficaram bastante satisfeitos com o progresso. No Catar, tanto Pol Espargaró quanto Bradley Smith sofreram com os pneus médios - os favoritos para a corrida em Losail.
A RC16 é uma moto praticamente indomável em marchas mais baixas, algo que precisa ser resolvido em primeiro lugar, para então buscar avanços em outras áreas.
“Seria bom lutar por pontos aqui, mas é otimista demais pensar nisso. Creio que estamos a 0s3 disso, então o mais importante é terminar a corrida e obter o máximo de informações que pudermos", disse Smith ao Motorsport.com.
Novas carenagens não devem aparecer no GP do Catar
Um dos principais assuntos durante os testes no Catar foi a aparição de mais carenagens desenhadas para compensar o banimento das asas.
O desenho apresentado pela Ducati, sem dúvida, é o mais radical - versão que tanto Andrea Dovizioso quanto Lorenzo testaram por três voltas cada um. Márquez também testou duas carenagens diferentes, caindo com as duas.
Exceto pela Suzuki, que usou a carenagem nova em simulações de corrida tanto com Iannone quanto com Alex Rins, não parece muito provável que as demais propostas apareçam na abertura da temporada 2017 da MotoGP.
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