Chefão da Stock alfineta autódromo de Curitiba após mudança no calendário
CEO da Vicar, empresa que promove a categoria, Carlos Col comentou as alterações no restante do campeonato de 2019
Na última terça-feira, a Stock Car anunciou duas mudanças para o restante da temporada 2019. As etapas de Curitiba (PR) e de Tarumã (RS) saíram da disputa e foram substituídas por Velopark (RS) e Velo Città (SP).
Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com, o CEO da Vicar (promotora do campeonato), Carlos Col, explicou as razões por trás das mudanças no planejamento deste ano, em que a Stock comemora quatro décadas (relembre todos os carros campeões da categoria em galeria exclusiva no fim desta matéria).
CURITIBA
A prova de Curitiba saiu do calendário por problemas com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que multou a Vicar em 50 mil reais por "excesso de pressão sonora" pela corrida de 2017. Já a corrida de Tarumã ficou de fora por não realizar obras necessárias, o que deixou o circuito do Rio Grande do Sul sem a homologação da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) para receber eventos automobilísticos.
Col detalha o caso paranense: "Fomos surpreendidos com uma multa do IAP por excesso de pressão sonora. Nosso jurídico investigou a situação e descobriu que esse valor é arbitrado e pode chegar a valores monstruosos. Nesse caso, não chegou a ser um valor exorbitante, embora seja alto. Mas há o risco iminente de uma outra multa grande".
"Eles demoram muito para enviar a multa. A Stock Car esteve lá também em 2018 e não se sabe se receberemos multa referente a aquele evento. E diz a legislação estadual que a multa pode triplicar em caso de reincidência, então o autódromo tem que resolver com este órgão, fazendo algum tipo de acordo, como um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no sentido de voltar a viabilizar a realização de corridas", continuou o dirigente.
"Tem um nível de decibéis determinado e detectaram que foi ultrapassado. É evidente que, com o automobilismo, isso é ultrapassado, sem sombra de dúvidas. A questão é que isso pontual, não ocorre o tempo inteiro. É uma coisa de análise subjetiva, de bom senso", ponderou Col, antes de mencionar a relação conturbada também com os administradores do autódromo curitibano.
ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA
"Há alguns anos, dizia-se que o autódromo fecharia, mas o uso foi se prorrogando. Uma empresa de intermediação imobiliária (AREA41CWB) loca a área. A forma de relacionamento com os promotores piorou muito, com cláusulas contratuais inadequadas, além dos valores terem aumentado. Mas a gente manteve negociações, procurando sempre encaminhar de forma positiva".
O CEO da Vicar não quis associar a multa à situação do circuito, que é alvo da especulação imobiliária já há alguns anos. "Eu não consigo avaliar o que mais tem por trás disso. Não consigo saber os motivos que levaram tudo isso a acontecer e qual é a correlação disso com a situação de o autódromo estar em vias de receber uma especulação imobiliária", disse.
"Enquanto o autódromo não nos apresentar condições adequadas, tanto de cláusulas contratuais quanto financeiras, e de solução das licenças, com um acordo com o Instituto Ambiental, nós não podemos mais marcar provas lá. Não queremos agir em não conformidade com o Instituto ou com os órgãos competentes, quaisquer que sejam. Até pela nossa imagem. É lamentável que a gente perca tanto a praça de Curitiba quanto a de Tarumã", sentenciou Col.
OUTRO LADO
Em nota, a AREA41CWB, que administra o autódromo curitibano, emitiu sua posição: "Não medimos esforços para viabilizar a locação do imóvel para a Vicar, porém infelizmente a mesma não apresentou nenhuma justificativa coerente e/ou proposta para a concretização da locação. Fomos surpreendidos com tal posicionamento, uma vez que as tratativas comerciais
estavam bem adiantadas, faltando apenas assinatura e pagamento do contrato de locação".
"Em relação ao suposto excesso de ruídos, em 2017 durante o período em que a Vicar locou o
imóvel para realizar o evento, o IAP emitiu multa por tal suposto excesso de ruídos dos veículos. Em 2018, não ocorreu multa. Considerando que o campeonato realizado pela Vicar é nacional, o suposto excesso de ruídos seria um problema em todas as etapas e não somente a que seria realizada em Curitiba", diz outro trecho da nota, assinada por Manuel de Oms Neto.
TARUMÃ
O chefão da Stock Car também falou sobre o caso gaúcho. "Tarumã é um autódromo que, há muitos anos, eu venho sempre ajudando para que viabilizem as pequenas obras que se precisa fazer em incrementos de segurança para manter a homologação", iniciou o dirigente. Col chegou a confirmar o circuito como sede da etapa 500 do campeonato, na abertura desta temporada. Tarumã recebeu a primeira corrida da história da categoria, mas foi substituída pelo Velopark para a 500ª.
"Em janeiro, eu fui a Tarumã. Convidei o presidente da CBA, o presidente da federação local e o diretor do clube que faz a gestão do autódromo. Fizemos uma avaliação conjunta das obras mínimas necessárias e elas foram orçadas. Eu colaborei, de minha parte, na questão de garantir que, nos próximos três anos, iria levar os eventos e fazer a antecipação das receitas de locação para que as obras pudessem ser executadas a partir daquele momento", disse Col.
"Infelizmente houve problemas internos na gestão quanto a esse assunto e as obras não foram realizadas a tempo, então tive que mudar de data. Mesmo assim, as obras não foram realizadas. Mandei uma carta à Confederação na semana passada, pedindo uma posição. A resposta foi negativa, então tive que mudar".
"Fiquei sem alternativa, com muita tristeza, porque é um autódromo que não pode ser perdido pelo automobilismo brasileiro. É um circuito histórico, com traçado maravilhoso para pilotagem, então é uma grande pena que essas falhas de gestão das entidades gerem esse tipo de situação", completou o CEO da Vicar.
Ano especial para a Stock Car
A temporada 2019 marca 40 anos de vida da categoria, a maior do automobilismo brasileiro. Confira como essa história se desenrolou com todos os carros campeões na galeria abaixo.
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