Dakar: Pedras já 'vitimaram' cerca de 500 pneus, diz brasileiro
Estimativa feita por Reinaldo Varela, campeão do Dakar em 2018, é o retrato de principal do maior rali do mundo em 2020
Nos quatro dos doze dias do Dakar 2020, quem realmente tirou as equipes do sério, e em alguns casos da corrida, foram as intermináveis e perigosas pedras espalhadas por toda a região entre Jeddah e Al-‘Ula, na Arábia Saudita, onde a edição número 42 do Rally Dakar vem sendo realizada.
“Dá para estimar que já tivemos pelo menos uns 500 a 600 pneus furados durante a corrida nestes quatro dias, somente entre UTVs e carros. Se não for isso, é um número bem próximo, por que a maior parte do grid não passa um dia sem furar pelo menos um pneu”, contabiliza o piloto brasileiro Reinaldo Varela que, ao lado do navegador Gustavo Gugelmin, foi campeão do Dakar na categoria UTV em 2018.
“As pedras não apenas furam os pneus, como também causam acidentes. Tivemos alguns bem violentos, com o veículo batendo em alguma pedra grande no meio da trilha, arrancando até as rodas e capotando”, observa Gugelmin.
“As pedras de tamanhos variados são um elemento bastante traiçoeiro, que aumenta demais o risco, especialmente para quem vem atrás de outro veículo e mergulha na nuvem de poeira que essa condição levanta no deserto”, complementou.
Os vários acidentes – muitos deles causados justamente pela imprevisibilidade do piso – já tiraram da corrida 22 competidores, um índice bastante alto em termos de rallies internacionais.
“Mas o Dakar é o Dakar. Há sempre muitos abandonos, especialmente por que é sempre difícil calcular o nível de desgaste dos tripulantes e do equipamento em cada edição, já que o roteiro é feito com algum “nível de crueldade”, se podemos falar assim, e só é conhecido previamente pelos organizadores”, disse Gabriel Varela, filho de Reinaldo que na Arábia Saudita é responsável pela logística da dupla brasileira.
UTVs, carros e quadriciclos tendem a trocar todos os pneus a cada dia, por causa do consumo. O mesmo acontece com as motos, que contam com uma defesa extra contra os furos: “As motos usam um mousse no interior dos pneus que impede a deflação. Dessa forma, os pilotos conseguem se livrar do principal problema que tem afligido os competidores das outras categorias”, informou Gabriel.
UTV de Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin
Photo by: Marian Chytka
As pedras influenciaram a competição já no primeiro dia, domingo passado, quando as estrelas da categoria carros Nasser Al-Attiyah (Qatar) e Carlos Sainz (Espanha) e o atual campeão dos UTVs “Chaleco” López (Chile) tiveram pneus furados no trecho final, obrigando todos a uma demorada substituição com a prova em andamento. O ex-piloto de F-1, Fernando Alonso (Espanha), teve três pneus furados somente nesta quarta-feira (08).
Assim como boa parte dos concorrentes na categoria UTV, a equipe brasileira teve pneus furados nos quatro dias de corrida, somente nesta quarta-feira, foram dois. A quebra da barra inferior da suspensão traseira na segunda-feira também foi causada pela batida em uma grande pedra.
“Pelo menos até aqui, não tem jeito. O carro está o tempo todo batendo nas pedras, ou escalando subidas pedregosas. É como se fosse uma lixa, os pneus se acabam rapidinho”, conta Gugelmin.
“Mas este ainda é o quarto dos doze dias de prova. Muita coisa vai acontecer. Com ou sem pedras no caminho”, prevê o navegador da equipe Monster Energy/Can-Am.
Confira imagens do 4º dia do Dakar 2020
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