No Dia Mundial da Paz, Dakar reúne 49 países e organiza mosaico de bandeiras
No primeiro dia do ano, acampamento em Jedá, na Arábia Saudita, será formado por mosaico de bandeiras
Divididos entre pilotos, navegadores e o mecânico obrigatório que vai dentro do veículo na categoria Caminhão, somente entre os competidores o Dakar 2021 reúne representantes de 49 países. O Brasil vai com força na categoria UTVs com a dupla Reinaldo Varela e Maykel Justo e o navegador Gustavo Gugelmin (que neste ano compete em parceria com o piloto americano Austin Jones), além das duplas Marcelo Gastaldi/Lourival Roldan e Guilherme Spinelli/Youssef Haddad que disputarão a categoria Carros.
Neste 1º de janeiro, Dia Mundial da Paz, o Dakar é a maior concentração de nacionalidades em atividade no planeta.
“É uma espécie de ONU do esporte”, pontua Varela, que tenta o bicampeonato do Dakar pela equipe Monster Energy Can-Am. Ele e Gugelmin venceram em 2018.
O Dakar também é um mosaico da atual fase do planeta. Entre os países presentes, alguns enfrentam situações de conflito em suas fronteiras, que já causaram milhares de mortes.
“Em contraposição a tudo isso, é de um simbolismo muito bonito o fato de essas bandeiras se cruzarem nas trilhas do Dakar, no melhor espírito de esportividade e até fraternidade – por que faz parte da ética do Dakar ajudar um competidor em sérios apuros. E isso não é raro”, disse o navegador Maykel Justo. “Mais do que isso, todos convivemos em paz e clima de colaboração nos acampamentos e refeitórios, até mesmo pela questão da Covid-19”, completou o navegador da equipe Monster Energy Can-Am.
No lado econômico, chama a atenção a crescente participação de representantes da pujante economia chinesa e de países da península árabe impulsionados pelo petróleo. Nestes últimos, salta aos olhos a presença do príncipe do Catar Nasser Al-Attiyah e do xeique emiradense Khalid Al Qassimi. Al-Attiyah, especialmente, é grande destaque por ser considerado um dos melhores pilotos do mundo.
Dez países latino-americanos estão representados: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Equador, México, Peru e Uruguai. Mas há nacionalidades com grande tradição nos ralis que surpreendem pela pequena representatividade, casos da Suécia e Noruega. Potência destacada das indústrias automobilística e motociclística, o Japão também está muito ausente. O país natal de líderes mundiais como Toyota, Honda, Mitsubishi, Kawasaki e Yamaha conta com apenas um piloto na categoria Carros (Akira Miura), além do trio Teruhito Sugawara/Hirokazy Somemiya/Yuji Mochizuki em um caminhão da nipônica Hino Motors.
A crise sanitária mundial assustou os organizadores do Dakar, assim como o fez nos demais esportes. Chegou-se a prever uma fraquíssima participação e, como nas demais modalidades, houve o receio do cancelamento da prova. Mas o evento se recuperou. Com 321 veículos inscritos na edição 2021, o atual grid é apenas 6,1% menor que o da última prova (342 veículos) e 4,2% mais enxuto que a média dos últimos cinco anos da corrida (335 veículos). Em 1993, seu pior ano, o Dakar largou com 153 veículos.
“Um ponto importante para o bom grid do Dakar é que ele reúne as equipes e fábricas mais profissionais do rally mundial. E nesse nível o impacto econômico é menor”, opina Reinaldo Varela, único brasileiro contratado por uma equipe de fábrica que compete no Dakar, a canadense Can-Am, marca líder mundial entre os UTVs. “Outro fator é o momento: o mundo está lidando melhor com a pandemia e tem a perspectiva da chegada próxima da vacina. Psicologicamente, acho que isso ajudou bastante a realização da prova”, continua Varela.
Com largada no próximo domingo, dia três de janeiro e disputada inteiramente na Arábia Saudita, a 43ª edição do Dakar terá em seus 7.646km um total de 4.767km de especiais – trechos cronometrados em alta velocidade. Os restantes 2.879km são correspondentes aos deslocamentos entre os pontos de largada e chegada em cada um dos doze dias. O roteiro da prova começa e termina Jedá.
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