"Temos que aproveitar o momento", diz Torres após título
Piloto brasileiro campeão do Dakar 2017 falou com exclusividade ao Motorsport.com Brasil e também relatou o momento de maior dificuldade do maior rali do mundo
Leandro Torres e Lourival Roldan entraram para a história duplamente. Eles se tornaram os primeiros a conquistar o título da categoria de UTVs, que estreou no Dakar em 2017. Além disso, são os primeiros brasileiros a vencer o rali de maior prestígio do mundo.
Ainda na Argentina, Torres falou com exclusividade ao Motorsport.com Brasil e ressaltou a importância de se aproveitar o momento em que o esporte está em alta.
"A ficha está caindo para mim sobre o legado que podemos deixar", disse o piloto. "Quem gosta de rali não é uma parcela grande da população, mas quem segue é apaixonado. Recebemos um comunicado de que estivemos no Jornal Nacional, e em uns 78 sites, temos que aproveitar esse momento."
"O esporte tem muito a evoluir, este veículo que estamos andando é o que mais cresce no Brasil. Ele começou no Rali dos Sertões em 2014 com quatro carros, em 2015 com 20 e em 2016 tinha 32 no grid. E garanto que neste ano teremos 40. É uma brincadeira segura, é um veículo divertido."
"É uma coisa nova, se você pegar e andar, vai ver que é melhor que o carro."
O momento mais difícil
Torres ressalta que em nenhum momento teve certeza de que o rali estava ganho e relata a aventura que foi o dia de maior dificuldade, na última quinta-feira, na especial de Chilecito a San Juan, quando viram que poderiam perder a competição já na reta final.
"Você só tem convicção de alguma coisa no rali quando ele acaba. Na quinta-feira estávamos imprimindo um ritmo forte, os caminhões largaram junto com os carros e iam fazendo uma vala muito grande nos leitos dos rios. Pegamos uma quina no leito e havia uma pedra no meio que atingiu bandeja do meu UTV e quebrou. Nossa equipe tinha um carro de assistência competindo na prova, eles quebraram antes da gente e demoraram três horas. Naquele momento imaginei: 'jogamos o rali fora'. Mas para o desânimo não tomar conta, fica uma sensação de que completar esse rali é tão difícil quanto vencer. Ganhar é uma consagração, mas completar é uma coisa muito difícil."
"Consertamos o carro depois de três horas e cruzamos com o cara que havia conseguido a liderança, ele também estava quebrado, com o mesmo problema que o nosso, fazendo uma fogueira e esperando o resgate. Não acreditei. Como eram três chineses correndo, eu não sabia qual deles era o que estava na liderança, eles eram todos muito parecidos. Quando cheguei, depois da meia noite, vi que o carro do chinês que estava liderando não estava lá, e que estávamos de volta para o jogo.
Imagens que ficam
Na edição em que o Dakar testemunhou o drama das enchentes de alguns vilarejos que ficam próximos da fronteira entre Bolívia e Argentina, Leandro Torres colocou situações que ficarão marcadas para sempre em sua memória, além das questões esportivas.
"Na Bolívia, por exemplo, é muito frio, como aquele povo consegue viver lá? Nós chegamos a pegar neve. Além disso, o que me marcou muito foram as enchentes que tiveram na Argentina, parece que um vulcão transbordou e tem 200 pessoas desaparecidas", lamentou.
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