ANÁLISE F1: Aston Martin pode dar mesmo um carro rápido a Alonso em 2023?

Mike Krack e bicampeão fazem uma análise do que foi apresentado pelo time de Silverstone durante a pré-temporada

Fernando Alonso, Aston Martin AMR23

Foto de: Steven Tee / Motorsport Images

A Aston Martin realmente está na briga do pelotão da frente da Fórmula 1 após o fim da pré-temporada do Bahrein, potencialmente podendo ficar entre a Ferrari e a Mercedes? Essa é a visão dos fãs e das equipes rivais ao analisarem os números após os três dias de testes no Sakhir.

O carro pareceu bom de cara, mas foi a distância de uma corrida percorrida por Fernando Alonso na parte final do último dia que chamou mesmo a atenção. Usando uma combinação de pneus médios  / duros / médios, ele foi cada vez mais rápido.

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Foi uma conclusão forte a um teste que começou mal, com o AMR23 parando na pista assim que saiu dos boxes com Felipe Drugovich na quinta-feira, devido a uma falha elétrica. Mas, após praticamente tudo seguir como esperado, pelo menos em termos do que precisava ser feito para realizar os ajustes no carro, Alonso conseguiu entender melhor o AMR23.

Se havia um ponto negativo, era a ausência de Lance Stroll, alguém que Alonso via como essencial para dar o feedback sobre o que havia mudado no carro em relação ao ano passado. A perda dessa referência e a necessidade de atualizar Drugovich o mais rápido possível caso ele tenha que assumir o carro no fim de semana fez com que o programa não fosse 100% o que era esperado. Mas não ficou longe disso.

"Tínhamos nossos planos sobre o que queríamos fazer nesses três dias", disse o chefe Mike Krack após o fim dos testes. "Tivemos um pequeno problema no primeiro dia com a bandeira vermelha. Todos se olharam e falaram 'não é um bom começo'".

"Acho que fizemos um pouco mais de 350 voltas ao longo de três dias, o que é bom. Então, nesse ponto de vista, estamos bem felizes que pudemos completar tudo que queríamos".

"Você sempre quer fazer muito mais do que é possível em três dias. Você tem uma longa lista de requerimentos, de todos os departamentos, e você precisa priorizá-los. A lista não fica menor. Cada vez que você faz algo, surge outra".

"Nunca dá pra dizer que terminou. Sempre haverão perguntas. Mas isso que é o legal sobre a F1, poder explorar novas direções, ideias e coisas do tipo".

Fernando Alonso, Aston Martin AMR23

Fernando Alonso, Aston Martin AMR23

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

A performance sempre foi um parâmetro-chave, e apesar da Aston nunca ter ficado muito nas primeiras posições da classificação - Alonso foi o nono no sábado usando pneus C4 - foi a simulação final de corrida que chamou a atenção.

Mas, apesar da evidência na tela, Krack tratou do assunto com cautela, sugerindo que o AMR23 se deu bem graças às circunstâncias, e especialmente o fato da pista estar bem emborrachada, o que ajudou Alonso.

"A simulação de corrida certamente não foi nada mal. Mas também não podemos esquecer que as condições de pista eram realmente boas. Havia muita borracha porque as outras equipes estavam gastando pneus novos, especialmente os macios. E isso ajuda em uma simulação de corrida. Então, de novo, e bom ter boas simulações, mas é preciso contextualizá-las, e evitar sonhar".

Krack pode ter colocado um asterisco na performance mas, mesmo assim, o consenso no paddock é de que a Aston está sim no jogo.

"Sim, mas essa é uma dinâmica em que você fala alguma coisa e isso acaba se espalhando. Então acho que precisamos manter os pés no chão. Nossa expectativa é sempre alta e, neste momento do ano, todos querem ir bem. Mas somos realistas. Temos objetivos claros, que é melhorar em comparação ao que tínhamos no ano passado, e aí veremos".

Fernando Alonso, Aston Martin AMR23

Fernando Alonso, Aston Martin AMR23

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Krack pode estar empenhado em baixar as expectativas, mas não há dúvidas de que a Aston Martin deu um bom passo nos últimos 12 meses. O AMR22, carro do ano passado, foi projetado com uma flexibilidade que permitia uma mudança de conceito caso o original não desse certo, e foi exatamente o que aconteceu.

O carro melhorou ao longo do ano, e foi muito competitivo na maioria das corridas finais, mas haviam alguns problemas ao redor do conceito original. Já o AMR23 foi desenvolvido sob a tutela do diretor técnico Dan Fallows e seus novos recrutas, incluindo o ex-Mercedes Eric Blandin. No geral, o carro parece ser um papel em branco, tentando dar um bom passo adiante de cara.

A equipe estava determinada a começar 2023 com o melhor pacote possível por razões óbvias, já que o desenvolvimento entra no teto orçamentário, então por que não jogar tudo já no lançamento?

"Isso é algo que o grupo ao redor de Dan abordou de modo diferente co o AMR23, tendo uma abordagem agressiva. Porque, na era do teto orçamentário você não tem como fazer isso, o que tentamos no ano passado, que era realmente melhorar ao longo do ano, porque a intensidade das corridas é alta".

"O dinheiro necessário para desenvolver o carro não é tão alto assim, na verdade. Então você precisa ter uma boa linha de partida. E isso era um dos objetivos. As principais coisas na F1 são sempre as mesmas: onde melhorar? É preciso trabalhar com a aerodinâmica em primeiro lugar, dar um bom feedback aos pilotos, para que o carro seja previsível, benigno".

"São nessas áreas que você se concentra. E, a para chegar nisso, você precisa de uma boa plataforma mecânica".

Fernando Alonso, Aston Martin AMR23 talks to the press

Fernando Alonso, Aston Martin AMR23 talks to the press

Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images

A prioridade de Alonso era explorar os limites dos ajustes do carro, testando caminhos que muitas vezes não seriam abordados devido ao caos dos fins de semana de GP.

"O positivo com Fernando é que ele testou várias coisas, para entender o carro. Ele testou coisas em que ele até podia achar que não era o certo no momento, mas era algo que ele queria a informação, porque sabia que em Melbourne poderia ser útil".

"Então era sobre entender o que você tem à disposição do ponto de vista do carro, dos ajustes. E é algo que ele realmente desenvolveu ao longo dos dias. Acho que agora ele tem respostas melhores sobre o que fazer".

Alonso está animado, totalmente motivado e, pelo menos até aqui, está bem feliz com a decisão de sair da Alpine para correr na Aston. Ele reconheceu que foram dias úteis, de muito trabalho feito.

"O carro pareceu bom nos três dias. Pudemos experimentar um pouco com caminhos diferentes de ajustes. E sempre encontramos rotas positivas. Então há uma clara indicação de que precisamos mudar a filosofia de várias coisas no carro, em comparação ao ano passado. E, obviamente isso é uma preocupação, porque precisamos de algumas corridas para otimizarmos tudo".

Mas, crucialmente, o carro parece estar fazendo o que se espera dele, o que dá a Alonso algo para trabalhar.

"Acho que, até agora, o carro está respondendo bem às mudanças. Ele está fazendo o que esperávamos. A única coisa é que o ajuste base do ano passado é basicamente inútil, porque operamos em uma janela muito diferente com o carro desse ano".

"Então isso é um desafio para os engenheiros, mas eles foram corajosos e criativos com várias ideias nos últimos dias, e encontramos novas formas de ajustar o carro. Temos pessoas talentosas na equipe e eu confio neles, vamos nos tornar mais produtivos".

Fallows e Blandin trouxeram conhecimentos extras no lado do design, mas a base da equipe de corrida é formada por pessoas que estão ali desde os dias de Force India, que sempre foram capazes de extrair o máximo de potencial do pacote em mãos.

Agora, eles possuem o carro mais competitivo que tiveram em anos, e todo esse know how está pronto para fazer com que todas as peças se encaixem corretamente.

"Primeiro, somos uma boa equipe, de muita experiência", disse Krack. "Não é o nosso primeiro ano fazendo isso. As pessoas aprenderam muito com o ano passado. Como equipe, somos pessoas humildes, que não trazemos coisas grandes, nunca fizemos isso".

"Desse ponto de vista, a expectativa é de tentar melhorar, e aí vamos ver qual é o resultado, porque não tem como prever".

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