ANÁLISE F1: Esqueça o DRS, o verdadeiro trunfo da Red Bull está em outro lugar

Conversamos com diversos nomes do paddock da área de engenharia que apontam onde está a vantagem do RB19

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Foto de: Michael Potts / Motorsport Images

O domínio da Red Bull na temporada 2023 da Fórmula 1 trouxe muita intriga sobre de onde exatamente vem essa grande vantagem. Muito do foco ao redor do RB19 gira em torno da velocidade máxima, especialmente com o modo como o DRS aumenta a performance na reta, algo inalcançável pelos rivais.

Há inúmeras teorias voando por aí sobre porque o DRS parece ser tão efetivo, indo desde simplesmente ser uma consequência de uma impressionante eficiência aerodinâmica em um pacote com uma asa de baixo arrasto, até ser o resultado de uma parada complexa do difusor e dos elementos da asa traseira.

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Mas enquanto o DRS da Red Bull segue provocando intrigas, as equipes rivais estão longe de focarem apenas nesta área específica. Na verdade, há uma aceitação geral de que esse ganho é consequência do brilhantismo em outros aspectos do design do carro em ver de ser a causa por trás da performance.

Como dito pelo diretor técnico da Alpine, Matt Harman, quando questionado sobre a possibilidade de haver algo de destaque no DRS da Red Bull: "Há muita discussão sobre isso visualmente, mas acho que, se você olhar para os dados, não ficaria tão certo disso. Acho que eles são rápidos em reta no geral. Mas, pelo que vemos, não é algo que vamos tentar entender profundamente".

Max Verstappen, Red Bull Racing RB19

Max Verstappen, Red Bull Racing RB19

Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images

O foco dos rivais da Red Bull, na verdade, é entender como que o RB19 é capaz de manter sua plataforma aerodinâmica ao longo de uma volta, o que parece ajudar o carro, entregando um downforce consistente aos pilotos.

Seus recursos anti-rolamento, anti-agachamento e anti-mergulho são questões que os demais estão buscando adotar, desde que consigam entender exatamente como a Red Bull está fazendo isso.

"Temos algumas ideias", disse Harman. "Há algumas coisas que sequer temos ideias, do mesmo jeito que há algumas coisas que nós temos e eles não têm. Mas a habilidade deles com o carro é impressionante. Certamente é uma inspiração para nós. Então vamos girar em torno disso".

Juan Molina, chefe de aerodinâmica da Haas, diz que ter uma plataforma perfeitamente consistente, como a Red Bull aparenta ter, pode trazer o tipo de vantagem que as equipes tinham na era da suspensão ativa.

"Se você pensar na suspensão ativa, e não estou dizendo que ninguém aqui tem isso, mas se você tivesse, possivelmente venceria o campeonato, porque você pode colocar o carro e desenvolvê-lo em uma posição específica".

"É por isso que pensamos que, se você entender o que o carro está fazendo, ou onde queremos colocar o carro, podemos obter performance. Provavelmente vocês verão as equipes indo nessa direção, tentando entender como colocar o carro o mais rebaixado possível, como curar as quicadas, e aperfeiçoar a performance de alta para baixa velocidade, que é importante para o piloto".

A Mercedes é a primeira a montar uma manobra nesse sentido, melhorando sua plataforma no GP da Emilia Romagna, com uma importante atualização. O novo sidepod e assoalho devem trazer a principal mudança visual do W14, com as novas características anti-mergulho da nova suspensão dianteira, que devem ajudar Lewis Hamilton e George Russell.

Como Toto Wolff disse sobre os potenciais ganhos: "Não acredito em milhares, mas acho que a estabilidade do carro e a previsibilidade para os pilotos está abaixo do esperado. Se pudermos ajudar isso com o novo design da suspensão dianteira, certamente será um bom caminho. E isso pode ajudar nos tempos de volta com os ganhos aerodinâmicos, desbloqueando ritmo e dirigibilidade".

Se apenas o DRS fosse a chave do sucesso da Red Bull, a Haas acabaria surgindo como sua principal rival, já que sua performance chega a bater de frente com o RB19 nesta área. Mas, como Molina explica, o importante é entender que a performance de um carro de F1 é a soma de múltiplos elementos.

Claro, carenagem e design da asa traseira podem se destacar mais ao olho nu como sendo fundamentais na performance, mas a realidade é que o tempo de volta se deve ao pacote como um todo.

"Não é só a carenagem, é como isso trabalha com o assoalho e a asa traseira e como você tem as partes diferentes do carro. Com a evolução do regulamento, vamos convergir ao redor de uma plataforma de performance em baixa velocidade versus alta e mais. Quando você chega por ali, a questão é: onde você encontra performance".

"É onde a plataforma, a conexão entre a aerodinâmica e onde o carro está no chão, é importante. Então, se você olhar para a Red Bull, consegue ver onde o carro está e onde eles querem o carro o tempo todo. Isso é algo que vai ganhando cada vez mais importância conforme o regulamento evolui".

Questionado sobre o quão difícil seria atingir essa plataforma mecânica perfeita como a Red Bull, Molina disse: "É difícil. Ano passado, nosso departamento estava evoluindo, aprendendo a falar entrei si. Esse ano estamos melhores".

"Você vê que não é somente sobre aerodinâmica, mas como esses departamentos trabalham juntos: o que desenvolvemos no túnel, como isso se traduz na pista, como ajustamos o carro. Mas não é fácil, se não todos estariam no mesmo patamar da Red Bull".

O fato é que os rivais estão mais interessados na plataforma mecânica da Red Bull do que no DRS, e isso diz muito sobre como que a asa traseira do RB19 não é a chave para o seu sucesso. Isso explica também por que Verstappen não vê nada fora do normal quanto ao DRS.

"Para ser honesto, não fico muito surpreso", disse recentemente. "Acho que está bem similar ao ano passado. Acho que nosso carro é bem eficiente nas retas. Vejo as pessoas falando que estamos fazendo coisas mágicas, truques, mas não estamos".

Agora, a corrida está lançada para entender como que a Red Bull faz tudo isso.

Podcast Motorsport.com debate: F1 chata? Culpa é da Red Bull ou dos carros atuais?

 

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