ANÁLISE F1: O que está por trás da falta de ritmo da Mercedes no GP da Áustria

Equipe alemã passou meses tentando resolver problema de superaquecimento, mas corrida em Spielberg mostrou que ainda há muito a ser feito

George Russell, Mercedes

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Para a Mercedes, a alegria de vencer o GP do Canadá de Fórmula 1 evaporou com o calor da Áustria, onde George Russell foi quinto, mais de um minuto atrás das inalcançáveis McLarens, mesmo tendo mencionado uma ida ao pódio no dia anterior.  

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Em vez disso, sob o sol do Red Bull Ring, o W16 teve seu pior fim de semana do ano, vítima dos problemas de superaquecimento dos pneus que já o haviam atrasado em Jeddah e Ímola. Foi uma corrida para esquecer, também porque, além do minuto acumulado pelo MCL39, houve também os mais de trinta segundos acumulados pela Ferrari, aquela que deveria ter sido sua principal antagonista.

Tamanhas foram as dificuldades que, em Spielberg, Russell cruzou a linha de chegada com uma margem de apenas cinco segundos sobre equipes do pelotão intermediário, mais empenhado em olhar pelos retrovisores do que em perseguir e atacar as Ferraris, exceto por um breve duelo no início da corrida com Lewis Hamilton

George Russell, Mercedes, Pierre Gasly, Alpine, Alexander Albon, Williams

George Russell, Mercedes, Pierre Gasly, Alpine, Alexander Albon, Williams

Foto de: Zak Mauger / LAT Images via Getty Images

"Eu esperava uma corrida difícil, mas foi pior do que eu poderia imaginar. O problema é muito claro: vínhamos de uma vitória no Canadá, sem superaquecimento de pneus, éramos os mais rápidos. Mas assim que chegamos a uma pista onde há algum superaquecimento, caímos drasticamente", explicou o piloto da Mercedes. " A equipe tem trabalhado muito nos últimos seis meses para tentar resolver isso. Temos ideias, mas nada que seja imponente". 

Não se trata apenas de uma questão de temperatura

As palavras de Russell são claras e diretas, destacando como o superaquecimento dos pneus continua sendo o problema mais limitante do W16, mas não se trata apenas de uma questão de temperatura. Até mesmo no Canadá, de fato, o asfalto chegou a 50°C, com pneus um pouco mais macios do que os usados na Áustria.

Além disso, mesmo na Espanha, a temperatura estava próxima dos 50°C e, embora seja verdade que havia compostos mais duros, a diferença era de menos de 30 segundos e não muito distante da Ferrari. Isso mostra como as principais questões críticas não estão relacionadas apenas ao fator temperatura, mas a uma combinação de elementos, incluindo o layout da pista e a maneira como o carro interage com os pneus.

George Russell, Mercedes

George Russell, Mercedes

Foto de: Peter Fox / Getty Images

Épor isso que a vitória no Canadá não foi uma anomalia, apesar do calor: as curvas lentas e secas limitaram o estresse térmico, tanto que a McLaren não conseguiu explorar totalmente seus pontos fortes. Ao contrário, na Áustria, a pista é dividida em dois setores distintos: um composto por freadas fortes intercaladas com três retas em que o DRS pode ser usado, o outro caracterizado por curvas rápidas em sequência que transmitem muita energia aos pneus, aumentando o risco de superaquecimento.

'Tempestade perfeita'

Na classificação, o W16 conseguiu manter o ritmo nas retas e nas freadas bruscas, tanto que chegou perto do recorde estabelecido pela McLaren. Mas nas curvas surgiram problemas, especialmente na curva 9, onde o carro da Mercedes estava claramente com problemas em comparação com todas as outras equipes de ponta.

Um resultado incomum, porque, pelo menos na volta rápida, era de se esperar que a Mercedes estivesse mais próxima, como visto em outras pistas rápidas, como Ímola ou Jeddah, onde os problemas surgiram mais no ritmo da corrida, em condições que, de qualquer forma, eram relativamente frias (abaixo de 40°C). Em vez disso, foi precisamente o ritmo na longa distância que deu as melhores indicações, enganando a equipe.

Confronto telemetrico Russell e Norris che evidenzia i tratti in cui la Mercedes ha perso maggior terreno in qualifica

Comparação de telemetria de Russell e Norris destacando as seções em que a Mercedes perdeu mais terreno na classificação

Foto de: Gianluca D'Alessandro

"Sentimos que havia uma direção definida que queríamos seguir, perfeitamente lógica para o Canadá, mas um pouco contraintuitiva para a Áustria. E nossas corridas longas pareciam muito boas, mas depois, é claro, as temperaturas subiram, a aderência aumentou e, no final, chegamos à conclusão de que talvez tivesse sido melhor continuar com o que já sabíamos do ano passado aqui", comentou o chefe de equipe, Toto Wolff.

Não tendo alterado substancialmente as escolhas básicas de configuração da sexta-feira, quando a temperatura do asfalto subiu cerca de 10°C entre a classificação no sábado e a corrida de domingo, o time alemão 'derreteu' e entrou em crise, como aconteceu com a Red Bull, com as dificuldades já vistas na classificação ampliadas, especialmente em um asfalto bastante abrasivo.

Na verdade, elas não apenas se intensificaram, mas também pesaram em outras áreas da pista: com os pneus superaquecidos, a eficácia da tração também falhou. 

George Russell, Mercedes

George Russell, Mercedes

Foto de: Andy Hone/ LAT Images via Getty Images

"É a tempestade perfeita. O asfalto é um dos mais ásperos da temporada. É uma pista de alta velocidade, o maior número de voltas da temporada e a temperatura da pista é de 50°C", acrescentou Russell.

A consideração sobre o número de voltas não está errada: como é uma pista bastante curta, aumenta o número de passagens nas áreas de alta velocidade, reduzindo o tempo disponível para resfriar os pneus.

A questão dos experimentos

Wolff também explicou como, para este fim de semana, a Mercedes optou por realizar alguns testes experimentais, também pensando em 2026. Antes da etapa canadense, Simone Resta havia explicado como os problemas observados na rodada tripla também se originaram de uma janela de configuração incorreta, algo que, de acordo com Wolff, se repetiu na Áustria.

"O único ponto positivo que tiro deste fim de semana é que tentamos algo extremo: em Montreal funcionou, mas aqui não. Poderíamos ter usado a configuração do ano passado e talvez, não sei, teríamos terminado no pódio", explicou o chefe da equipe.

"Tentamos pegar algo de Barcelona e Montreal, em termos de configuração e equilíbrio aeromecânico, mas foi a escolha errada. Agora também marcamos essa opção. Teria sido dramático se estivéssemos buscando uma vitória ou um campeonato, mas não estamos", finalizou Wolff. 

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Gianluca D'Alessandro
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