ANÁLISE F1: Por que Aston Martin e Ferrari viveram realidades opostas em Ímola?
Correndo em casa, equipe de Maranello teve classificação desastrosa e corrida boa, enquanto time de Silverstone viveu o oposto

O GP da Emilia Romagna de Fórmula 1 provou ser uma verdadeira caixinha de surpresas. Antes vista como uma prova de difíceis e poucas ultrapassagens, o que se notou em Ímola foi exatamente o oposto: uma corrida dinâmica e com muitas movimentações, favorecidas também pelo uso do safety car.
Um dos pontos mais curiosos do fim de semana é o fato de duas equipes terem vividos dias completamente opostos entre o sábado e domingo.
A Ferrari viu um desastre se desenrolar na classificação, com Charles Leclerc e Lewis Hamilton sendo eliminados ainda no Q2. Por outro lado, a equipe da casa teve um domingo forte, com o heptacampeão subindo de 12º para 4º, enquanto o monegasco, mesmo desapontado com o resultado devido à estratégia de pneus, ainda terminou em sexto.
Por outro lado, a Aston Martin teve uma classificação de destaque. Tanto Fernando Alonso quanto Lance Stroll foram para o Q3, com o bicampeão sendo o “melhor do resto”, garantindo a quinta posição no grid de largada. E a equipe chamou a atenção ao conseguir este resultado utilizando pneus médios, em vez dos macios. Mas, no domingo, a Aston viu essa performance de destaque desaparecer, com Alonso e Stroll sem condições de brigar pela zona de pontos, terminando fora do top 10.
Mas o que levou as equipes a terem estes finais de semana tão opostos? O Motorsport.com analisa onde uma acertou e outra errou ao longo da etapa de Ímola.

Fernando Alonso, Aston Martin Racing
Foto de: Peter Fox / Getty Images
Aston Martin: atualizações funcionaram, estratégia não
Após um início de fim de temporada bem abaixo do esperado, a Aston Martin chegou para a fase europeia do campeonato com grande expectativa. Um pacote de atualizações foi apresentado para o fim de semana em Ímola, com impressionantes sete novidades declaradas à FIA.
O assoalho foi o foco do trabalho, mas haviam também novidades na carenagem, sidepod, na borda e no difusor, buscando extrair mais downforce do carro. Stroll pilotou com as novidades ao longo da sexta-feira e, com um feedback positivo, o pacote também foi instalado no AMR25 de Alonso a partir do sábado.
“Demos um grande passo à frente [com este pacote]. O problema com o qual lutamos no ano passado foi que estávamos trazendo atualizações que eram boas em circuitos rápidos, mas eram piores em circuitos lentos. O que fizemos agora é trazer uma atualização que é boa em circuitos lentos, médios e rápidos, então esse é um passo positivo”, disse o diretor técnico Andy Cowell, após a sexta-feira em Ímola.
“O trabalho que fizemos na sexta-feira, correndo um carro com a especificação antiga e outro com a nova, nos permitiu coletar dados com a mesma configuração, as mesmas condições de pista e vento, a mesma carga de combustível, e isso nos mostrou que em cada curva o pacote era melhor.”
Um dos grandes problemas da Aston Martin para a corrida aparece antes mesmo da largada. O erro da equipe foi gastar um jogo de pneus duros e utilizar dois de médios durante a classificação. Enquanto as outras nove tinham pneus novos para a corrida, o time de Silverstone não tinha nenhum jogo novo para Alonso ou Stroll, seja de compostos macios, médios ou duros.
Alonso e Stroll se viram obrigados a navegar por uma corrida mais disputada do que o imaginado com pneus já em decadência de performance, e a presença de um safety car virtual (causado pelo abandono de Esteban Ocon) e um SC físico (após o abandono de Andrea Kimi Antonelli) não ajudou, já que as outras equipes, melhores preparadas, puderam aproveitar os momentos de neutralização para realizar pit stops ‘gratuitos’ com compostos novos, criando uma diferença de performance difícil de ser superada.
Porém, mesmo saindo zerada de Ímola, a Aston vê este como um fim de semana positivo. A equipe diz que a realidade está mais na performance da classificação do que a da corrida, julgando que as atualizações funcionaram, deixando uma expectativa positiva para as próximas etapas.

Lewis Hamilton, Ferrari, Alexander Albon, Williams
Foto de: Lars Baron / Motorsport Images via Getty Images
Ferrari: Desastre no sábado vira ritmo forte no domingo
Correndo pela primeira vez em casa em 2025, e no primeiro GP de Hamilton como piloto da Scuderia, a Ferrari trabalhou duro para garantir um bom final de semana. Na segunda-feira, o chefe Frédéric Vasseur chegou a declarar que a equipe havia feito de tudo para otimizar o SF-25 para a pista, trabalhando em cada área do carro para isso.
Para o fim de semana, a Ferrari trouxe uma asa específica para Mônaco, visando mais downforce, além de uma pequena atualização revisando a geometria do freio traseiro e as aletas ao redor, buscando um melhor desempenho geral.
Mas foi na classificação que a equipe atingiu o fundo do poço, com Leclerc e Hamilton eliminados ainda no Q2. Segundo Vasseur, a equipe não conseguiu melhorar a performance na segunda saída, em um problema similar ao visto duas semanas antes, em Miami. O chefe ainda atribuiu o resultado decepcionante a uma mistura 50-50 entre execução e potencial, acreditando que o resultado correto no qual seria quarto e quinto.
Mesmo com um sábado desapontador, a equipe teve um bom domingo, com Hamilton sendo um dos pilotos que mais avançou no grid, saindo de 12º para terminar em quarto, enquanto Leclerc foi de 11º para sexto.
Esta tem sido uma das tônicas da Ferrari no campeonato até aqui. Enquanto o SF-25 deve muito no ritmo de classificação, o carro vai bem nas corridas e, em Ímola, isso foi auxiliado por uma execução impecável da estratégia de pneus, pelo menos para Hamilton: o heptacampeão largou de pneus duros (que provou ser a estratégia ideal para o domingo) e aproveitou as entradas do SC para fazer as trocas, mantendo uma boa performance sem ser penalizado pelo longo pitlane de Ímola. Já Leclerc se viu na outra ponta, sentindo-se prejudicado pelos SC após largar com o composto médio.
Hamilton saiu feliz do GP, afirmando que sente que está “quase lá” em seu processo de adaptação ao carro da equipe italiana, e que, pela primeira vez desde a China, se sentiu confortável pilotando o SF-25.
"Definitivamente, eu não esperava que terminássemos em quarto hoje", disse à Sky Sports Italia. "Eu não sabia onde poderíamos chegar, já que estávamos tão atrás. Mas o carro realmente estava ótimo. A equipe fez um trabalho fantástico com a estratégia. Sabe, eles foram impecáveis. E acho que estou conseguindo, estamos chegando lá aos poucos"
"E acho que eu e Riccardo fizemos um trabalho fantástico com sua comunicação comigo. Eu estava calmo, então acho que ele estava calmo e a equipe estava calma na execução da estratégia e os pit stops foram incríveis. Então, no geral, mega [bom]", concluiu.
Já Leclerc saiu irritado. O monegasco reclamou ainda durante o SC que a Ferrari havia errado com a estratégia de pneus, e que não teria condições de terminar a corrida na zona de pontos. Mesmo assim, conseguiu salvar um sexto lugar (após devolver a posição para Albon nas voltas finais). Após o fim da corrida, reclamou sobre o impacto das entradas do safety car para sua estratégia.
"Houve um safety car que nos custou muitas posições. Depois teve um segundo safety car que nos custou ainda mais posições, porque começamos a superaquecer e não podíamos trocar os pneus, pois não tínhamos nada disponível. Então foi uma grande pena", explicou o monegasco.
"Eu estava dizendo antes da corrida que essa era uma daquelas em que você precisa correr com o coração e tem que 'colocar os cotovelos pra fora' um pouco. Sei que, quando é assim, você anda muito no limite — às vezes até um pouco além. Mas quando você larga em P11, como piloto, eu simplesmente não consigo aceitar a situação em que estamos".
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