ANÁLISE F1: Red Bull resolve 'tradição incômoda’ e cresce em meio a 'estagnação' da Mercedes

Diferente dos anos anteriores, equipe austríaca não começou a temporada atrás dos rivais, tendo que recuperar terreno ao longo do campeonato

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B, Lewis Hamilton, Mercedes W12

Se em 2019 e 2020 tivemos temporadas dominadas pela Mercedes na Fórmula 1, a situação é muito diferente em 2021. Apesar da equipe alemã ter sido desafiada pela Ferrari em 2017 e 2018, não chega aos pés do trabalho que enfrenta neste ano com a Red Bull. A equipe austríaca se credenciou pela primeira vez na era híbrida a lutar pelo título e vem incomodando a hegemonia de sete anos.

Apesar de acumular vitórias em sete das oito temporadas da era híbrida, com exceção de 2015, a Red Bull nunca esteve em condições de repetir o grande feito obtido com Sebastian Vettel no início dos anos 2010. Após 2013, esse título passou a ser da Mercedes que, com maior ou menor dificuldade, acumulou 14 títulos, sendo sete de pilotos e sete de construtores.

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Mesmo em seus anos dourados, a Red Bull sempre conviveu com uma tradição incômoda que atrapalhava sua performance. A equipe austríaca sempre começava atrás em relação aos rivais, e precisava aumentar os esforços ao longo da temporada para recuperar o tempo perdido e passar a lutar por poles, pódios e vitórias com maior frequência.

Mas a sorte sorriu para o lado da Red Bull neste ano. O impacto econômico da pandemia afetou também a F1, forçando a categoria a adiar em um ano a introdução do novo carro e regulamento técnico. E como forma de reduzir os gastos das equipes em um momento de grande incerteza, definiu que os carros de 2020 seriam essencialmente mantidos para este ano.

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16, 1st position, takes victory

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16, 1st position, takes victory

Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images

Isso abriu uma situação quase que inédita para a Red Bull. Apesar do início de temporada mais fraco em 2020, ela terminou muito bem o campeonato, com Max Verstappen dominando o GP de Abu Dhabi. E a manutenção do carro para este ano, apenas com pequenas modificações, fez com que a equipe austríaca não tivesse que se preocupar com a tradição incômoda de ter que evoluir o RB16B ao longo do ano.

Essa mudança de panorama para a Red Bull ficou clara desde a pré-temporada. Aliado a um novo e potente motor Honda, a equipe austríaca já se credenciava desde o início à luta pelo título, deixando claro que a Mercedes não teria vida fácil.

Além disso, Verstappen vive sua melhor fase na F1. O piloto jovem, arrojado, mas muitas vezes estabanado que víamos em seus primeiros anos na categoria ficou no passado. Hoje, o holandês é mais frio e calculista, cometendo menos erros e potencializando suas oportunidades de pontuação, o que é fundamental para alguém que quer se colocar na luta por títulos.

Agora, o objetivo da Red Bull para a segunda parte do campeonato está claro: dar tudo de si para buscar o primeiro título desde 2013, independente do que isso possa representar para os próximos anos da equipe.

Se a Red Bull aproveitou o momento incomum da F1 para crescer e se postular como candidata ao título, a Mercedes vive uma situação muito diferente. Após anos de hegemonia, a equipe alemã não parece mais aquela máquina de guerra que vimos na era híbrida.

Valtteri Bottas, Mercedes W12, Sergio Perez, Red Bull Racing RB16B

Valtteri Bottas, Mercedes W12, Sergio Perez, Red Bull Racing RB16B

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

A Mercedes aparenta estar mais fragilizada, suscetível a erros de estratégia que são apenas uma parte de seus problemas. Mas é importante destacar o lado da estratégia, porque isso não era comum em anos anteriores.

Nas lives do Motorsport.com, costumava brincar que a equipe alemã possuía uma cota de corridas ruins ao longo de um ano, que geralmente não passava de uma.

O que mudou neste ano é que, desta vez, a Mercedes tem de fato uma rival na luta pelo título e, em parte do ano até aqui, viu como é ser o caçador em vez da caça, tendo que arriscar para maximizar as oportunidades, e isso deixa a equipe de modo propício a sofrer com suas próprias escolhas.

Mas engana-se quem acha que este é o único problema da Mercedes neste ano. Desde a pré-temporada, era notável que o W12 não era o mesmo foguete que o W11, de 2020, apesar da manutenção do carro. A equipe alemã foi sim afetada pelas pequenas mudanças no regulamento referentes a assoalho e aerodinâmica, mas parece ter errado em mais alguma coisa no meio do caminho.

Para a sorte da Mercedes, eles ainda podem contar com Lewis Hamilton. Mesmo em pistas que não favoreciam o carro neste ano, o heptacampeão manteve um altíssimo nível de pilotagem, entregando resultados importantes para se manter vivo na luta pelo inédito octa.

Todos estes ingredientes juntos criam uma temporada formidável que temos a honra de acompanhar até aqui. Verstappen e Hamilton disputam o título com unhas e dentes a um alto nível, apesar de acontecimentos recentes que tenham influenciado diretamente a situação do campeonato.

Mas as situações distintas de Mercedes e Red Bull, com Hamilton em busca do octacampeonato e Verstappen correndo atrás do tão sonhado primeiro título, tornam ainda mais interessante o que deve vir pela frente, com 12 corridas restantes na temporada. Por isso, apenas uma dica: não pisque o olho para não perder nenhuma cena dos próximos capítulos.

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B, Lewis Hamilton Mercedes W12

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B, Lewis Hamilton Mercedes W12

Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images

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Guilherme Longo
Fórmula 1
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