A Fórmula 1 completou em 2019 sua sétima década de existência e nesses 70 anos, a categoria passou por muitas transformações, da velocidade dos carros à segurança. O esporte presenciou o surgimento de 'heróis', como Jim Clark e Ayrton Senna e períodos de grandes hegemonias, como da Alfa Romeo nos anos 50 e da Mercedes agora. Com o encerramento de mais um período, o Motorsport.com preparou um especial para relembrar e comparar cada 'era' da F1.
De cara, é importante lembrar que apesar de se tratar de uma comparação, é difícil cravar quem foi melhor ou pior porque, a cada década*, a F1 teve mais e mais corridas. Entre 1950 e 1959 foram disputadas 84 corridas, enquanto o número total aumentou ao longo do tempo, até chegar às 198 disputadas nos últimos dez anos. Além disso, a confiabilidade dos carros também evoluiu, tornando as hegemonias ainda mais emblemáticas.
Os campeões de cada década
Por falar em hegemonias, esse é o primeiro tópico que vamos abordar. A Fórmula 1 teve 33 campeões mundiais até 2019, porém, alguns deles não se limitaram a levantar o 'caneco' e acabaram dominando longos períodos do esporte, seja apenas por suas próprias habilidades ou por estarem na equipe certa na hora certa, alguns nomes entraram para a história a cada década.
A década de 2010 à 2019 foi marcada por dois períodos de domínio, primeiro da Red Bull e depois da Mercedes, o que para muitos tirou o brilho do esporte. Seja como for, períodos hegemônicos são comuns na categoria. Confira a galeria com os 'donos' da F1 em cara período:
Fangio conquistou cinco títulos por quatro equipes diferentes em oito anos, com isso a maior hegemonia da década pertence ao argentino. Além dele, Ascari foi bicampeão e Farina, Hawthorn e Brabham foram campeões.
Jim Clark não viveu para ver o fim daquela década, mas o escocês encantou o mundo com suas vitórias, poles e dois títulos mundiais, para muitos é o melhor da história. Além dele, Graham Hill e Jack Brabham foram bicampeões, enquanto Phil Hill, Denny Hulme, John Surtees e Jackie Stewart foram campeões.
Os três pilotos mais vitoriosos da década empataram em títulos, dois cada. Além deles, Rindt, Hunt, Andretti e Scheckter foram campeões. O período não teve nenhuma hegemonia, mas a Lotus espantou o mundo duas vezes com suas inovações.
Nelson Piquet foi o primeiro a alcançar três títulos na década que para muitos foi a mais encantadora de todos os tempos. Entre países, o Brasil foi o grande vencedor, com quatro títulos, já que Ayrton Senna ajudou o conterrâneo a faturar títulos e vitórias verde-amarelas no fim da década.
Mas a grande vencedora da década foi a McLaren, com cinco títulos mundiais. Com a equipe britânica, Alain Prost venceu três mundiais, Niki Lauda e Senna venceram mais um cada. Além deles e de Piquet, Alan Jones e Keke Rosberg foram campeões.
Senna começou a década arrasador, mas acabou superado pela força das Williams. Depois dele, Schumacher passou pelo mesmo e a década acabou com quatro títulos da equipe de Grove. Senna, Schumacher e Hakkinen foram bicampeões, enquanto Prost, Mansell, Hill e Villeneuve faturaram um título cada, todos pela Williams.
Em número de títulos, a McLaren acabou a década com os mesmos quatro títulos da Williams, mas a equipe de Grove conquistou 63 vitórias, contra 41 da rival de Woking. Além disso, a Benetton ameaçou uma hegemonia entre 1994 e 1995, mas também foi parada pela Williams.
O alemão e a equipe italiana se juntaram em 1996 e trabalharam juntos no desenvolvimento da parceria que dominou o mundo entre 2000 e 2004. Foram cinco títulos juntos. Além do penta de Schumacher, a década teve o bi de Alonso e os títulos de Raikkonen, Hamilton e Button.
Entre 2010 e 2013, Vettel e a Red Bull faturaram os quatro títulos de pilotos e construtores. Quando a F1 inovou com os motores híbridos para tentar mudar as coisas, uma novo e mais forte domínio surgiu, com a Mercedes faturanto tudo entre 2014 e 2019. Lewis Hamilton venceu cinco dos títulos das flechas de prata e Nico Rosberg faturou um.
Apesar de um aparente equilíbrio nesses dois domínios, a verdade é que Lewis Hamilton colocou o mundo da F1 aos seus pés. Foram 73 vitórias do inglês, contra 48 de Vettel em dez anos. Hamilton e Mercedes formaram a dupla que poderá ser a mais forte de todos os tempos, dependendo de como começará a próxima década.
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Os grandes vencedores
Mais do que títulos, as vitórias e a forma como são conquistadas é que define os 'heróis' das pistas aos olhos dos fãs. É por conta de suas vitórias memoráveis que para muitos, Ayrton Senna e o melhor de todos os tempos, argumento similar é usado pelos que defendem Jim Clark como o melhor da história.
Fato é que alguns dos pilotos que passaram pela F1 foram muito fortes ao longo de uma década ou entre duas delas, como é o caso e Senna e Michael Schumacher. Mas um fator que mudou ao longo dos tempos é a competitividade. Na última década, apenas 12 pilotos venceram corridas, menor número para um período de 10 anos na história da categoria.
Confira quem foram os pilotos que mais conquistaram vitórias em cada década da F1.
58% das corridas foram vencidas pelos três pilotos;
24 pilotos diferentes venceram na década de 1950.
61% das corridas foram vencidas pelos quatro pilotos;
21 pilotos diferentes venceram na década de 1960.
33% das corridas foram vencidas pelos três pilotos;
29 pilotos diferentes venceram na década de 1970.
60% das corridas foram vencidas pelos quatro pilotos;
21 pilotos diferentes venceram na década de 1970.
48% das corridas foram vencidas pelos três pilotos;
17 pilotos diferentes venceram na década de 1990.
55% das corridas foram vencidas pelos três pilotos;
17 pilotos diferentes venceram na década de 2000.
73% das corridas foram vencidas pelos três pilotos;
12 pilotos diferentes venceram na década de 2010.
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Os melhores em uma volta
Títulos e vitórias são os dois maiores indicadores da genialidade dos pilotos que passaram pela Fórmula 1, mas não se pode deixar de lado a capacidade de alguns pilotos 'voarem' em uma volta lançada. Fangio, Clark, Senna: esse bastão já passou de mão e mão ao longo das décadas e hoje Lewis Hamilton parece insuperável nesse quesito.
As 52 poles de Sebastian Vettel entre 2010 e 2019 já seriam o suficiente para que o alemão fosse lembrado como um dos maiores de todos os tempos. Mas Hamilton fez nada menos que 71 e fez sombra sobre o rival, que terminou a década questionado pelos fãs e pressionado dentro da Ferrari. Relembre quem foram os maiores poles de cada década:
Com 29 poles nas temporadas que disputou, Fangio acabou a década com 56% de aproveitamento.
Com 33 poles, Clark conseguiu um aproveitamento de nada menos que 45% nas classificações que participou.
As 24 poles de Lauda fizeram-no ter um aproveitamento e 21% nas classificações. Mas na década mais disputada de todos os tempos, Andretti, Stewart, Hunt, Peterson e Ickx somaram pelo menos 10 poles cada e garantiram uma grande rivalidade nos sábados.
Mesmo com seus números absolutos já tendo caído, Senna goza até hoje do status de 'rei das poles' aos olhos de muitos fãs. O brasileiro conquistou 42 poles entre 1984 e 1989, 44% do total que ele disputou.
O brasileiro conquistou suas últimas 23 poles entre 1990 e 1994, 34% do total que disputou. Não fosse sua morte em Ímola, provavelmente seria absoluto nesse quesito, já que havia feito todas as poles naquele ano.
Mas o jovem Schumacher tinha fome de conquistas e igualou as 23 poles poles de Senna, embora seu aproveitamento no período tenha sido de apenas 18%.
Entre 2000 e 2006 o alemão conseguiu mais 45 poles, superando os números absolutos de Senna por 68x65 na carreira. O alemão largou na frente em 36% das corridas que disputou.
Com 71 poles entre 2010 e 2019, Hamilton aproveitou 35% das oportunidades que teve para largar na frente. Ao longo da carreira, o britânico já conseguiu 88 poles, melhor marca de todos os tempos.
O país teve representantes em seis das sete décadas da Fórmula 1. A única ausência foi exatamente entre 1960 e 1969. Os primeiros anos foram os mais difíceis, com os primeiros representantes do país enfrentando dificuldades para brilhar na Europa. Já nos anos 70, Emerson Fittipaldi chegou mostrando ao mundo seu talento e abrindo as portas para outras lendas do Brasil.
De Emerson em diante, o país viveu um longo período de alegrias no esporte, passando pelos títulos de Nelson Piquet e Senna e pelas vitórias de brasileiros com a Ferrari. Mas na última década algo mudou, e o período foi o primeiro sem vitórias verde-amarelas desde 1969. Apesar disso, hoje há um bom número de jovens promissores nas categorias 'de base', que podem em breve trazer a alegria das manhãs de domingo de volta ao Brasil.
Enquanto isso não acontece, relembre a presença e desempenho dos brasileiros ao longo dos 70 anos da Fórmula 1.
Melhores resultados:
Chico Landi (4º),
Gino Bianco (18º),
Fritz d'Orey (10º)
Emerson Fittipaldi, Bicampeão (14 vitórias),
Carlos Pace (1 vitória)
Wilson Fittipaldi (5º)
Alex Ribeiro (8º)
Ingo Hoffmann (7º)
Nelson Piquet (4º)
Felipe Massa (2º)
Rubens Barrichello (4º),
Lucas di Grassi (14º),
Bruno Senna (6º),
Felipe Nasr (5º)
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Ouça nossa retrospectiva
O ano de 2019 chega ao fim e com ele uma temporada agitada no esporte a motor, sendo em duas ou quatro rodas. Os jornalistas do Motorsport.com Felipe Motta, Erick Gabriel e Carlos Costa passam o ano a limpo, destacando o que tivemos de bom e ruim ao longo do período. Confira:
*Vale lembrar que como a primeira temporada da Fórmula 1 foi disputada em 1950, as décadas da categoria se encerram nos anos terminados em nove (1959, 1969 e etc). Por isso, apesar da década se encerrar oficialmente ao fim de 2020, a modalidade teve seu período de dez anos encerrado em 2019.
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Vital Neto
Fórmula 1
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